entrevistas
“Tudo vai acontecer de acordo com a soberana vontade do Senhor”, lembra pastor
Alex Esteves afirma que é momento de a igreja exercitar sua “voz profética”.
A pandemia do novo coronavírus tem gerado um cenário de exceção em todo o mundo. No Brasil, decisões tomadas atabalhoadamente, repressão da população e guerra política entre os poderes da República tem suscitado muitos questionamentos.
Para entender alguns deles, o Gospel Prime conversou com Alex Esteves da Rocha Sousa, pastor na Assembleia de Deus em Salvador (BA), teólogo e analista de Direito do Ministério Público Federal (MPF).
Para o pastor, “é preciso reconhecer que se trata de uma pandemia de proporções mundiais, a primeira com essas características na era pós-moderna, e que, por isso, não há um protocolo definido nem soluções prontas oferecidas por governos, organizações internacionais ou cientistas”.
Ele defende que, pelas informações dispostas, é necessário adotar medidas que ajudem no achatamento da curva, mas lembra as dificuldades que tais ações trazem, prejudicando a economia e a normalidade do cotidiano. Salienta, contudo, que o mais importante nesse momento é a preservação da vida.
“Por mais que governadores e prefeitos cometam erros – e percebemos que há exageros e insegurança jurídica –, é preciso admitir que o presidente da República, que poderia assumir o comando, minimizou o problema desde o início e demonstrou grande fraqueza num momento crítico”, critica.
Esteves não acredita que o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha “amordaçado o governo federal”, como muitos dizem, apenas “reconheceu que governadores e prefeitos também têm responsabilidade de atuar quanto à saúde pública, o que não é um absurdo à luz da Constituição”.
Problema mundial
Questionado sobre a subserviência do país às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o pastor afirma que “problemas mundiais, resolvem-se mundialmente”.
“A covid-19 tem deixado claro que não adianta um país como a Nova Zelândia agir com eficácia se o Brasil anda atabalhoadamente”, afirma.
“O Brasil deve observar as recomendações da OMS porque ele mesmo se obrigou pelo direito internacional, mas, por outro lado, penso que, como se trata de uma situação excepcionalíssima, os países precisam usar de sua soberania para atender às suas peculiaridades”, salienta.
Totalitarismo?
Para o pastor, “ainda que haja lamentáveis exageros”, as decisões governamentais erradas devem ser encaradas levando em conta “momentos de extrema excepcionalidade”.
“Quem sabe quais as medidas estritamente necessárias, adequadas, razoáveis e proporcionais para o enfrentamento de um quadro como esse? Alguém tem a solução? Se, com a quarentena, estamos com mais 20 mil mortos em nosso país, o que não seria se dispensássemos as medidas de distanciamento social?”, questiona.
Igreja e a liberdade
“Em tempos de pandemia, guerra ou qualquer calamidade, é certo que as liberdades individuais sofrem restrições, e não há liberdades absolutas”, afirma.
O analista propõe que “as situações devem ser analisadas em suas peculiaridades”. “Não são apenas as igrejas que sofrem restrições, mas o comércio, as escolas, os profissionais liberais, enfim, a sociedade”, cita.
O teólogo afirma que “as igrejas devem observar as normas baixadas pelas autoridades constituídas, haja vista o que aprendemos a partir de textos como Rm 13.1-7”.
“Satanás evidentemente aproveita-se das fragilidades e da conturbação social, mas não se pode pensar de forma ensimesmada”, ensina. “É momento de as igrejas exercitarem a ‘voz profética’ que alguns tanto propalam”, completa.
“Se cremos que Deus controla todas as coisas, e Ele controla mesmo, tudo vai acontecer de acordo com a soberana vontade do Senhor, queiramos ou não”, conclui.
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