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estudos bíblicos

Fidelidade sem zelo doutrinário: A triste realidade da igreja de Pérgamo

Uma análise sobre a passagem bíblica.

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Bíblia com mapa sobre a mesa
Bíblia com mapa sobre a mesa. (Foto: Raw Pixel/Freepik)

Assim como as outras grandes cidades da Ásia menor, Pérgamo também era uma importante e imponente cidade muito bem localizada sendo uma província Romana na região.

A palavra Pérgamo vem de purgos, que significa torre, castelo, fortificação.  Pérgamo era também o centro de culto a muitos deuses. Na cidade em questão havia uma acrópole de aproximadamente 300 metros de altura com muitos templos dedicados à divindades veneradas na região. No topo monte havia um templo em homenagem à Zeus, tendo ao lado um templo da deusa Atenas.

Pérgamo também era o centro do culto a Asclépio, o deus-serpente das curas, seu colegiado de médicos-sacerdotes era extremamente famoso na região. Eles desempenhavam um papel de “esoterismo-médico”, neste templo-hospital as pessoas eram internadas para serem tratadas de todas as formas, a resposta à aflição e dor humana vinha através de sonhos onde o próprios deuses “falavam” com os enfermos. Portanto não é exagero afirmar que a cidade de Pérgamo era uma fortaleza das religiões e cultos pagãos, um ambiente extremamente difícil e hostil para uma igreja cristã.

Uma análise da carta de Jesus à Igreja, versículo à versículo

12 Ao anjo da igreja em Pérgamo escreva: Estas são as palavras daquele que tem a espada afiada de dois gumes.

Jesus manda João escrever ao anjo da igreja, o que isso significa? Possivelmente a expressão “anjo” significa alguém responsável pela igreja, uma figura humana que pode ser um mensageiro, um presbítero, bispo, ou ancião.

Cristo é representado por aquele que tem a espada afiada de dois gumes, uma alusão a visão de Apocalipse 1.16, “neste caso a espada é a palavra de julgamento pronunciada sobre uma igreja que começou a relaxar suas atitudes das práticas pagãs” afirma George Ladd.

13 Sei onde você vive, onde está o trono de Satanás. Contudo, você permanece fiel ao meu nome e não renunciou à sua fé em mim, nem mesmo quando Antipas, minha fiel testemunha, foi morto nessa cidade, onde Satanás habita.

Há muitas explicações e muitas hipóteses para a frase onde está o trono de Satanás, veja algumas delas abaixo:

a) Cidade como um centro religioso/pagão
b) Culto a Asclépio, onde seu símbolo lembra Satanás para os cristãos.
c) O Altar de Zeus na Acrópole
d) Pérgamo era o centro do culto ao imperador.

Jesus disse que sabe, que é difícil viver naquele lugar, dar o testemunho e viver onde Satanás habita.

Contudo, você permanece fiel ao meu nome e não renunciou à sua fé em mim,

Apesar da Igreja estar cercada de tantos deuses pagãos e estar vivenciando uma tensão política-religiosa, os crentes de Pérgamo são elogiados por não se desviarem do seu Senhor. Devemos lembrar que os crentes desta cidade vieram majoritariamente do paganismo e certamente estavam sofrendo pressões sociais e religiosas para apostatarem da fé, deixarem Cristo e voltarem para prática pagã.

Assim também em nossos dias, pois o mundo (não o mundo quanto criação mas o mundo sistema regido por Satanás), nos oprimi, com propostas, com manjares, com apelos midiáticos, querendo nos fazer sucumbir, mas precisamos ser fiéis até o fim, não negociar ou renunciar a nossa fé, os nossos princípios e valores, pois o mundo sempre será mundo, este sistema corrompido que é, mas cabe aos fiéis a perseverança nestes últimos dias.

nem mesmo quando Antipas, minha fiel testemunha, foi morto nessa cidade, onde Satanás habita.

Os historiadores encontraram um certo Antípas na região de Pérgamo que foi Mártir, e a história do seu martírio é terrível, segundo os estudiosos Antípas foi cozido vivo dentro de um boi de bronze, mesmo diante de tanto sofrimento ele não negou a fé.

Problemas internos

No entanto, tenho contra você algumas coisas: você tem aí pessoas que se apegam aos ensinos de Balaão, que ensinou Balaque a armar ciladas contra os israelitas, induzindo-os a comer alimentos sacrificados a ídolos e a praticar imoralidade sexual.
15. De igual modo você tem também os que se apegam aos ensinos dos nicolaítas.

Pérgamo persistiu em seguir a Jesus, resistiu a perseguição, porém eles deixaram adentrar à imoralidade dos pagãos e os maus costumes, valores estes diametralmente opostos aos valores do evangelho e do reino de Deus.

Para exemplificar esse descenso da comunidade de Pérgamo, ele se utiliza de uma figura caricata e contraditória do Antigo Testamento, o profeta Balaão. Em Números 25.1-3 e 31.16, Balaão aconselha o Rei Balaque a atrair os israelitas à idolatria, incitando-os com mulheres moabitas a compartilharem das festas sacrificiais pagãs. Jesus admoesta essa igreja por tolerar em seu meio aqueles que recapitulavam a tolice de Balaão – os nicolaítas (ver também 2 Pedro 2.15). O nome de Balaão significa “ele destrói o povo”; Nicolau significa “ele conquista o povo”. É um paralelo muito contundente.

Visivelmente, alguns cristãos confusos em Pérgamo pensavam que podiam participar das festas cultuais pagãs, as quais eram uma parte importante da vida social e econômica naqueles dias. A imoralidade sexual que também era tolerada em Pérgamo, se não defendida, pode ter sido metafórica, como quando o povo de Deus se lançava à idolatria (por exemplo, Jeremias 3.7-9). Mas, conhecendo o homem, provavelmente era também literal.

Portanto, arrependa-se! Se não, virei em breve até você e lutarei contra eles com a espada da minha boca.

O arrependimento aqui é acerca da atitude liberal diante dos nicolaítas, eles eram coniventes ou omissos aquilo que estava adentrando na igreja, a igreja de Éfeso citada no capítulo 2 de Apocalipse era intolerante, buscava ser ortodoxa, “não tolerava” os Nicolaítas, já a igreja de Pérgamo os tolerava, os aceitava em seu meio, sem repreensão e aparentemente sem disciplina alguma.

A igreja de Éfeso tem doutrina mas não tem amor, a igreja de Pérgamo tem amor mas não tem doutrina, por isso a importância dessas duas realidades em nossa vida espiritual, a confluência entre amor e a doutrina, a igreja de Cristo precisa buscar este ideal.

A igreja contemporânea precisa estar atenta por que vivemos dias em que práticas pagãs são aceitas em nosso meio evangélico por que ganharam uma roupagem cristã, exemplo: rosa ungida, sal grosso, fronha ungida, músicas com distorções teológicas, pelo simples fato de serem do mundo gospel são aceita nas comunidades, muitas igrejas toleram estas práticas por que elas ganharam uma conotação cristã, com apelo de algum “homens de Deus”. É fundamental à igreja estar alicerçada na palavra para não ser coagida ou influenciada por estas manipulações circenses que vemos por aí. Voltemos os nossos olhos e corações para as Escrituras!

Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor darei do maná escondido. Também lhe darei uma pedra branca com um novo nome nela inscrito, conhecido apenas por aquele que o recebe.

Ao vencedor, aos que se opõe aos ensinos de nicolaítas e permanecem fiéis a Cristo, é prometido uma recompensa. “O maná escondido” Segundo Georg Ladd, “Os pensamentos de João foram levados a o maná talvez por causa da alusão a balaão, por que no tempo dele Israel era alimentado com maná. De acordo com a tradição hebraica um vaso com maná foi preservado na arca e quando o templo foi destruído, Jeremias salvou a arca com o maná, e eles foram preservados milagrosamente até os tempos messiânicos, quando o maná seria o novo alimento do povo de Deus”.

Uma pedrinha branca: No mundo antigo as pedras brancas tinham muitas utilidades. Uma pedra branca simbolizava absolvição por um júri, uma pedra preta condenação. Usava-se pedra brancas como bilhetes de entrada em festivais públicos. A pedra branca é o símbolo da admissão na festa messiânica.

Conclusão

E o que aprendemos com Pérgamo? Que nós também estamos cercados e tensionados pelo mundo e valores que não são compatíveis com o Evangelho, nós como Igreja devemos resistir fielmente as tentações, os manjares, e tudo que nos é oferecido, aprendemos também que devemos estar abalizados na sã doutrina, pois ensinos estranhos e distorcidos tem permeado nossos púlpitos, a Igreja de Jesus Cristo ela marcha proclamando o Reino de Deus, vivendo  de maneira sinérgica o amor e a doutrina, o fervor e a teologia, sem ser conivente com práticas pagãs que foram rotuladas de cristianismo, assim seguimos até aquele grande dia, amém!

Cleber Santos 31 anos, casado com Elisa Cidral, Bacharel em Teologia pela Faculdade Refidim, Pós Graduando em Novo Testamento pela Faculdade Batista do Paraná. Professor de Teologia, Pregador do Evangelho e nas horas vagas Podcaster no PerspCast. Congrega na CENA- Comunidade Evangélica Novo Amanhecer. Autor do livro: “Vá e faça o mesmo: A Parábola do bom samaritano um convite a praticidade do Evangelho”.

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