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educação financeira

Como fugir da ilusão do crédito fácil

Nem tudo o que reluz é ouro!

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Notas de dólar. (Foto: Pepi Stojanovski / Unsplash)

Na Bíblia vemos constantemente casos de pessoas que são iludidas para o pecado. No consumo as ilusões também são muito frequentes. Por isso que sempre reforço que pesquisar, pensar e pedir descontos são atitudes que fazem parte do negócio de compra e venda, demonstrando, entre outras coisas, o valor que você dá ao próprio dinheiro.

Quando você reflete antes de fazer suas escolhas, comparando preços, estudando a melhor estratégia para adquirir um bem, está respeitando o dinheiro, e a consequência disso é ter menos dívidas.

Se você não tem dinheiro para comprar um bem à vista, como um computador, por exemplo, pode pelo menos poupar uma parte do custo, fazer uma longa pesquisa em várias lojas, e também na Internet, e então parcelar apenas 50% do valor, digamos, em duas ou três vezes (sem juros), com a segurança de que aquela compra não vai virar uma prestação difícil de pagar no futuro.

Não seja ingênuo. Nenhuma loja financia o bem que você deseja no carnê porque é boazinha. O negócio da loja é vender o produto, mas algumas delas transformaram em negócio paralelo vender a prazo e cobrar juros embutidos nas prestações.

Elas vendem a possibilidade de você satisfazer desejos imediatos, mas com isso comprometem a realização de seus sonhos futuros.

A fórmula é simples: quem tem prestações tem dívidas, quem tem dívidas paga juros, quem paga juros tem menos dinheiro e quem tem menos dinheiro realiza menos sonhos. Desconfie sempre dos créditos fáceis, dos parcelamentos do tipo “fazemos qualquer negócio”.

Todos esses financiamentos têm juros embutidos, mesmo quando as propagandas sustentam que se trata de parcelamento sem juros. É necessário que você tenha consciência disso e busque alternativas de pagamento para conseguir um preço à vista mais justo, de preferência com um desconto generoso.

Qualquer que seja o item que você deseja adquirir, a “frase mágica” é “Quanto custa este produto à vista?”. Sempre que perguntarmos dessa forma, o vendedor já saberá que estamos buscando o menor preço e estará mais aberto para negociar. Não entre em prestações de longo prazo sem ter certeza de que elas não comprometerão seus orçamentos atual e futuro.

Do contrário, aquele crediário poderá se tornar uma dívida inadimplente, gerando mais juros e mais multas do que já está embutido no preço do produto, fazendo com que o valor final daquele bem se multiplique absurdamente, muito além do seu real valor. Isso significa que você não pode nunca, jamais, comprar uma mercadoria qualquer no carnê? Não necessariamente.

Imagine que o refrigerador da sua casa pifou e você não tenha uma reserva para essa emergência. Ficará sem o refrigerador ou comprará a prazo? O mais razoável, em um caso como esse, é comprar a prazo mesmo, mas fazendo um parcelamento consciente e inteligente. E os juros precisam ser muito bem compreendidos.

Lembre as lojas não agem com generosidade! Elas não doam. Elas vendem, e vender a prazo supõe que elas ganharão mais, nos juros. Muitas vezes, sequer percebemos qual é o negócio das lojas nas quais fazemos compras.

Você já parou para pensar qual é o verdadeiro negócio de uma grande loja de móveis e eletrodomésticos? A primeira resposta que nos ocorre é pensar que o negócio deles é vender móveis e eletrodomésticos, mas nem sempre é assim.

É comum que o verdadeiro negócio dessas grandes lojas seja simplesmente vender crédito direto ao consumidor, ou seja, emprestar dinheiro para você adquirir a mercadoria de que precisa.

Nem tudo o que reluz é ouro! Procure ampliar sua percepção na hora de comprar o que quer que seja. Sempre que lhe ocorrer a vontade ou a necessidade de fazer uma compra parcelada pense se tem condições de arcar com esses custos no futuro e busque educação financeira para não se comprometer no ciclo do endividamento.

Reinaldo Domingos está à frente do canal Dinheiro à Vista. É Doutor em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin –www.abefin.org.br) e da DSOP Educação Financeira (www.dsop.com.br). Autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira.

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