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vida cristã

O dia da Bíblia

Eis que vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor. Amós 8.11

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Bíblia. (Photo by Aaron Burden on Unsplash)

A palavra Bíblia, segundo o dicionário, quer dizer: um conjunto de livros. Contudo, para nós que cremos, quer dizer muito mais. A Bíblia é a Palavra de Deus!

Outra pergunta a se fazer é: quando se começou a comemorar o dia da Bíblia, e por quê?

O dia da Bíblia surgiu em 1549, na Grã-Bretanha, quando o Bispo Cranmer incluiu no livro de orações do Rei Eduardo VI um dia especial para que a população intercedesse em favor da leitura do Livro Sagrado. A data escolhida foi o segundo domingo do Advento, celebrado nos quatro domingos que antecedem o Natal. Foi assim que o segundo domingo de dezembro tornou-se o Dia da Bíblia.

Já no Brasil, o Dia da Bíblia passou a ser celebrado em 1850, com a chegada dos primeiros missionários evangélicos da Europa e da América do Norte, que aqui vieram semear a Palavra de Deus. Pode-se dizer que, durante o período do Império, a liberdade religiosa aos cultos protestantes era muito restrita, o que impedia que estes se manifestassem publicamente. Por volta de 1880, todavia, esta situação passou a se modificar e o movimento evangélico, juntamente com o Dia da Bíblia, passou a se popularizar. Pouco a pouco, as diversas denominações evangélicas estabeleceram a tradição do Dia da Bíblia, e, atualmente, as comemorações do segundo domingo de dezembro mobilizam, todos os anos, milhões de evangélicos em todo o país.

Porém, a oficialização do dia da Bíblia no Brasil se deu apenas em dezembro de 2001, no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, em face da Lei Federal número 10.335, que instituiu a celebração do Dia da Bíblia em todo o território nacional.

É importante dizer que a Bíblia foi escrita, originalmente, em três idiomas: o Antigo Testamento em hebraico e aramaico (algumas porções) e o Novo Testamento em grego. Também cabe ressaltar que os livros que formam a Bíblia foram escritos dentro de um intervalo de aproximadamente 1500 anos (de Moisés a João), por aproximadamente 40 homens, de origens e formações diversas – temos, por exemplo: estadistas (Daniel), pescadores (Pedro e João), funcionários públicos (Mateus), poetas e reis (Davi e Salomão), camponeses, eruditos, boiadeiros, padeiros, etc.

Quanto à divisão interna dos livros, tem-se que Stephen Langdon, professor da Universidade de Paris, e mais tarde arcebispo da Cantuária, dividiu os livros da Bíblia em capítulos no ano de 1227 e que Robert Stephanus, impressor parisiense, acrescentou a divisão em versículos em 1551. Felizmente, estudiosos judeus também adotaram essa divisão de capítulos e versículos para o TANACH – Antigo Testamento (GEISLER e NIX, 1997, p. 9).

Inspiração

A palavra inspiração aparece apenas em dois textos da Bíblia: “Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo-Poderoso o faz entendido” (Jó 32:8) e “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm.3:16). Estas passagens indicam, em outras palavras, que o texto sagrado do Antigo Testamento foi “soprado pelo próprio Deus”.

Gostaria de dar uma definição em termos práticos, não necessariamente teológicos, de inspiração: devemos entender por inspiração que “homens, movidos pelo Espírito,  escreveram palavras sopradas por Deus, as quais são a fonte de autoridade para a fé e para a prática cristã”. Isto é, os escritores das Sagradas Escrituras foram de tal modo capacitados e orientados pelo Espírito Santo, que estas receberam autoridade divina e infalível, conforme verifica-se em 2 Pedro 1:20-21: “Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.

O Cânon das Escrituras

O termo cânon foi usado pela primeira vez por volta do ano 350 d.C., na época de Atanásio. A palavra cânon é derivada do vocábulo grego “kanon”, que veio emprestado do hebraico “kaneh” (junco ou vara de medir) – tomando dessa raiz o sentido de norma ou regra. O termo posteriormente passou a significar catálogo ou lista.

No caso das Sagradas Escrituras, os livros que integram o cânon são os reconhecidamente inspirados. Os 66 livros que temos na Bíblia são canônicos porque: em primeiro lugar, é notória a sua origem divina (são reconhecidamente inspirados); em segundo lugar, há o reconhecimento de que seu ensino é divino; em terceiro lugar, porque possuem autoridade divina desde sua primeira promulgação (primeira apresentação pública e oficial do livro); e, em quarto lugar, por causa de sua aceitação pelos estudiosos e pelo povo como proveniente de Deus. Isso tanto no AT quanto no NT.

A Veracidade da Bíblia

A veracidade da Bíblia Sagrada é comprovada por, ao menos, oito pontos.

Primeiramente, pela 1) verdadeira ciência: as afirmações bíblicas se harmonizam com todos os fatos conhecidos a respeito da constituição física do universo, do homem, da terra, dos vegetais e animais.

Também através das 2) descobertas arqueológicas: através das quais a existência dos povos, lugares e eventos mencionados nas escrituras é comprovada, e justamente da forma como as Escrituras os descreve.

Por meio da 3) história secular: o registro bíblico dos homens e títulos dos reis está em harmonia perfeita com os registros seculares.

É comprovada também em face de sua 4) unidade: a unidade da Bíblia é sem paralelo, mesmo unindo tantos tratados diferentes, como tratados históricos, biográficos, éticos, proféticos e poéticos; conservando, inclusive, unidade doutrinaria.

Ademais, pela 5) revelação da palavra de Deus, que: é a) progressiva – começando em Gênesis, passando por todos os livros, e finalizando no Apocalipse -; b) cumulativa – somando a segunda informação à primeira, sem anulá-la -; c) seletiva, pois seleciona pessoas, eventos, lugares, etc.; e d) limitada: quanto ao tempo (a revelação é para um tempo determinado, imediato ou posterior) quanto ao destinatário (a revelação é feita para um(uns) destinatário(s) definindo(s)).

Sua veracidade é comprovada também através das 6) profecias e de seu cumprimento.

E porque esta 7) revela Deus: infinito, soberano, triuno, santo, justo e cheio de amor. E 8) revela o homem: condenável pelo seu caráter corrompido e seu procedimento pecaminoso.

Preservação: Como a Bíblia chegou até nós?

Hoje em dia, há traduções das Escrituras Sagradas em vários idiomas. No entanto, as batalhas travadas por causa da Bíblia muitas vezes têm sido uma questão de vida ou morte.

Trinta anos depois da invenção da impressão, a Inquisição estava funcionando a todo vapor na Espanha. Das 342.000 pessoas punidas por ela naquele país, 32.000 foram queimadas vivas. Foi a Bíblia que as levou às chamas do martírio. Igualmente terrível foi esta máquina de destruição na Itália, tanto no norte como no sul. Os arcebispos, ajudados pela inquisição, eram fogos consumidores, tanto para a Bíblia quanto para seus leitores.

Nero, por sua vez, também queimou cristãos, prendendo-os em sacos fechados com costura, cobrindo-os de piche e usando-os como tochas para iluminar o cenário das suas orgias.

Todavia, ao passo que as ruas de cidades europeias luziam com as fogueiras feitas com Bíblias, a Palavra de Deus não é como os leitores dela, que podem ser empobrecidos, despojados, torturados, mutilados e proscritos.

Bíblias foram preservadas por serem levadas pelos exilados, ou por serem escondidas, como se fossem pedras e metais preciosos, em época de aflição e perigo. No decorrer dos séculos, multidões de apaixonados pela Bíblia, e um bom número de tradutores corajosos, arriscaram muito e sofreram grandemente pela causa da Palavra de Deus.

No entanto, apenas os esforços humanos nunca poderiam ter assegurado a sua preservação.

Por esta preservação agradecemos ao autor da Bíblia, Deus, conforme lemos em  Isaias 40:8: “Seca-se a erva, e cai a flor, porém a palavra de nosso Deus subsiste eternamente”.

Pastor Batista, Diretor dos Amigos de Sião, Mestre em Letras - Estudos Judaicos (USP).

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