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cosmovisão

“Karola” com K

A miséria que nos alcançou é a mesma que destronou Israel, nos acostumamos com a Glória de Deus.

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Homem se fingindo de anjo
Homem se fingindo de anjo (Foto: Direitos Reservados/Deposiphotos)

Em Atos 11.22-26 se diz:

“E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia. O qual, quando chegou, e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortou a todos a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração; Porque era homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor. E partiu Barnabé para Tarso, a buscar Saulo; e, achando-o, o conduziu para Antioquia. E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos.”

Que gratificante é observar a igreja do primeiro século em pleno desenvolvimento, cumprindo todas as determinações deixadas por Jesus aos apóstolos.

É notório como a presença do Espírito Santo autêntica esta Igreja através das manifestações sobrenaturais.

Homens comprometidos com as Santas Escrituras que atraiam pessoas   por sua piedade, temor, autoridade, poder e total envolvimento na Obra de Deus.

O texto nos brinda com uma maravilhosa informação quando relata que este testemunho, por parte dos discípulos, foi tão contundente na cidade de Antioquia que foram confundidos com o próprio Cristo, a ponto de serem, pela primeira vez, chamados de “Réplicas de Cristo”, ou seja, “Cristãos”.

Em nossos dias diríamos que eram Cristãos com “C” maiúsculo. Ou seja, sua imersão na causa do Pai era tal que eram vistos como uma multiplicação de “Cristos”, ou carinhosamente denominados “Cristinhos”.

Outra classificação de nossa língua para alguém que tem sua vida devotada às causas da sua fé é “Carola”.

O termo Carola é oriundo do latim “Corolla” (Indivíduo que tem tonsura na cabeça; corte arredondado dos cabelos no topo da cabeça, usado por clérigos). O significado foi, então, aplicado ao indivíduo frequentador habitual de igrejas (Beato), que ou quem é muito apaixonado por uma ideia, sistema ou religião (Fanático) ou que ou quem mostra dedicação a algo de forma apaixonada ou desinteressada e, finalmente, aquele que em seu cabelo tem a calva à mostra. (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa).

Percebe-se que quando se quer enfatizar um comportamento ou ainda afirmar uma condição procura-se dar ênfase nas iniciais daquilo que se quer defender. Pois bem.

Recentemente em um programa de “Reality Show” onde vários jovens ficaram confinados por um longo tempo percebeu-se como esta questão da afirmação é tão doentia que pode ultrapassar as raias do racional. Resultado, uma participante bateu os records históricos de rejeição e foi eliminada do programa. Agora terá que enfrentar seus demônios e colher os frutos de suas ações.

Aprendemos com este experimento antropológico que quando procuramos dar ênfase exacerbada em alguma área de nossas vidas, estamos na realidade usando uma cortina de fumaça para esconder nosso “Tendão de Aquiles” (nossas fraquezas).

Isto se replica em nossas vidas espirituais quando procuramos demonstrar uma espiritualidade que na realidade não temos. Ao percebermos a queda de um irmão em meio a jornada somos os primeiros a querer lançar nossas pedras de juízo e condenação. Reivindicamos amor para nossas falhas, mas o negamos aos nossos semelhantes.

Condenamos o adultério, fornicação e a prostituição que avassala nosso arraial, mas não conseguimos olhar para uma irmã em nossas igrejas sem que a dispamos mentalmente em nossas alcovas de devassidão. É difícil de lidar com isso não é mesmo? Somos hipócritas, carnais e abomináveis em nossos luxuriantes devaneios e não pensamos duas vezes antes de tocar nos elementos da Ceia com mãos imundas.

Nos tornamos descendência dos filhos de Eli que em um momento estão se prostituindo às portas do Tabernáculo e em um outro momento estamos servindo no altar. “- Raça de víboras”, diria João a cada um de nós, e não teríamos sequer uma palavra de desculpa.

Será que hoje é diferente? Não, absolutamente!

A coisa mais “normal” do mundo nas nossas igrejas hoje é termos jovens e adultos que vivem mergulhados em uma vida de devassidão, fornicação e pornografia durante a semana inteira e nos cultos de domingo dramatizarem (ou incorporarem) um “Ministro de Louvor”.

Não, vocês não estão enganando ao Senhor não, como dizia minha querida avó: “A vossa batata está assando”, quer dizer: Deus não se deixa escarnecer, aquilo que vocês estão plantando vocês colherão.

A miséria que nos alcançou é a mesma que destronou Israel, nos acostumamos com a Glória de Deus.

Se fossemos nos comparar com os amados irmãos sofridos e piedosos da igreja primitiva do primeiro século, que eram verdadeiros Cristãos com “C” maiúsculo, hoje nos enquadramos mais com uma Igreja irrelevante que, com poucas exceções, se transformou em uma incubadora de frequentadores de culto, mais conhecidos como Karolas com “K” maiúsculo.

Que o Senhor nos ajude.

Graduado em Teologia. Pós-graduado em Teologia Bíblica. Mestre em Sociologia da Religião. Doutorando em Teologia.

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