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estudos bíblicos

A mordomia das obras de misericórdia

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 11 do trimestre sobre “Tempo, Bens e Talentos”.

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Mãos em forma de prece
Mãos em forma de prece. (Foto: Amaury Gutierrez)

Em nossa família, vizinhança, igreja, trabalho e mundo afora muitos são os que padecem dores e sofrimentos diversos: perturbação mental, doenças no corpo, calamidade social, escravidão espiritual, etc.

Como mordomos dos bens materiais e espirituais que Deus nos tem concedido, é imprescindível que atentemos “não apenas para o que é nosso, mas para o que é do outro” (Fp 2.4), isto é, que demonstremos empatia e misericórdia para socorrer os que se encontram em aflição.

A Lição de hoje versa sobre este importante assunto, que é a administração de nossos bens, tempo e talentos para amenizar a dor do nosso semelhante. Para reflexão enquanto estudamos este assunto, uma pergunta: somos mordomos egoístas e individualistas ou somos mordomos filantropos? Filantropia significa amor pelo ser humano (grego: filos [amor, amizade] + antrophos [homem, humanidade])

I. O significado de misericórdia

1. Definição

Em sua Pequena enciclopédia bíblica, o escritor pentecostal Orlando Boyer traz uma sucinta definição de misericórdia: sentimento doloroso causado pela miséria de outrem [1].

Era por misericórdia que as pessoas que se encontravam em miséria (espiritual, física ou social) clamavam ao Senhor. Davi, percebendo a miséria de seu pecado, clamou por misericórdia (Sl 51.1); igualmente, vendo-se na miséria do pecado, o publicano da parábola de Jesus clama por misericórdia (Lc 18.13); o cego Bartimeu, dada sua miséria física e social (os cegos, a não ser se membros de famílias ricas, eram relegados à pobreza e mendicância), clamou com insistência por misericórdia (Mc 10.46-48); dez leprosos clamaram a Jesus por misericórdia (Lc 17.12,13); a mulher cananéia, apesar de estrangeira, humilhou-se diante de Cristo, pedindo-lhe com rogos misericórdia em face da possessão demoníaca a que sua filha estava submetida (Mt 15.22). Jesus, sempre cheio de terna compaixão (Mc 8.2; Lc 7.13), respondeu positivamente a todos que lhe pediram misericórdia.

O teólogo reformado Martyn Lloyd-Jones, comentando a bem-aventurança dos misericordiosos, conforme sermão do monte de Jesus, faz uma importante distinção entre graça e misericórdia, ambos atributos divinos que emanam do Deus de amor. Vejamos:

“‘A graça é especialmente vinculada aos homens, em seus pecados; mas a misericórdia é especialmente associada aos homens em sua miséria’. Em outras palavras, enquanto a graça condescende diante da questão do pecado como um todo, a misericórdia contempla especialmente as miseráveis consequências do pecado. Isso posto, a misericórdia realmente aponta para um senso de compaixão, de parceria com o desejo de aliviar os sofrimentos” [2]

Porque pecamos, necessitamos da graça que é salvadora (Tt 2.11); porque sofremos as consequências do pecado (ainda que não seja um pecado pessoal, mas o pecado original de Adão, o qual arrastou a humanidade à miséria), necessitamos da misericórdia de Deus para nos livrar da dor, agonia e sofrimento.

2. Misericordioso

“Bem-aventurados os misericordiosos porque eles alcançarão misericórdia”, ensina-nos o Senhor Jesus (Mt 5.8). Além de nos assemelharmos ao Senhor, quando demonstramos misericórdia para com os que estão em sofrimento, ainda temos a promessa de recebermos misericórdia de volta (a lei do retorno não falha!). “O que o homem semear”, disse Paulo, “isso também ceifará”. E mais adiante o apóstolo recomenda: “E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido” (Gl 6.9). A misericórdia não é um preço a se pagar, mas um investimento a se fazer, pelo qual Deus dará recompensa com lucros e altos dividendos!

Mas o que é ser misericordioso? Novamente é apropriada a definição do pastor Lloyd-Jones: misericordioso é alguém cuja preocupação com a miséria sofrida por homens e mulheres produz nele o intenso desejo de aliviá-la. Atente bem para essa definição, pois não estamos falando de um mero sentimento de pena, mas de uma compaixão que começa no coração e termina nas mãos! Isto é, materializa-se em socorro ao que sofre, “para que a situação aflitiva seja aliviada”, como dizia Lloyd-Jones [3]. Assim, não basta sentir misericórdia por alguém, é preciso ter misericórdia de alguém. E esse ter misericórdia sempre se concretizará em atitudes, mesmo que seja uma simples, mas sincera, oração de intercessão em favor daquele que sofre.

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