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estudos bíblicos

A mordomia das obras de misericórdia

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 11 do trimestre sobre “Tempo, Bens e Talentos”.

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Mãos em forma de prece
Mãos em forma de prece. (Foto: Amaury Gutierrez)

III. Cuidado na prática das boas obras

1. As boas obras devem glorificar a Deus

Enquanto fazemos o bem para amenizar o sofrimento do nosso semelhante, jamais devemos alimentar um espírito soberbo e de autoglorificação. Os que tocam trombetas por fazerem o bem ao seu próximo, não receberão aplausos de Deus – em outras palavras, é o que Jesus está dizendo em Mateus 6.1-2. As boas obras são nossas, os contemplados são nossos semelhantes, mas a glória é exclusivamente de Deus! “Para que glorifiquem a vosso Pai que está nos céus”, disse Jesus (Mt 5.16).

Isso, claro, não significa que seja proibido a divulgação de trabalhos sociais ou espirituais, como se a propaganda em si mesma fosse reprovada. Às vezes a propaganda é até necessária para que o mundo conheça o trabalho da igreja, e esta receba maior envolvimento dos membros e apoio financeiro para seus projetos sociais. O que Jesus reprova é o sentimento soberbo do coração daqueles que só fazem o bem visando respeitabilidade humana, e não a dignidade de seu próximo. Não há problema em fotografar, filmar e publicar na Tv ou na internet trabalhos sociais e evangelísticos realizados pela igreja, desde que ninguém “faça questão de aparecer” para “ser visto pelos homens” (Mt 5.5). Soli Deo Gloria (Somente a Deus glória)!

2. As obras de misericórdia são obras de amor

“Façam tudo com amor”, é a máxima paulina (1Co 16.14). A misericórdia procede do amor. Um coração que não ama não conhece a misericórdia, isto é, não se compadece do sofrimento alheio e não move uma palha para mitiga-lo.

Entretanto, há os que fazem boas obras, mas sem boas intenções, sem disposição sincera e alegria no coração. Fazem por alguma cobrança, “com pesar ou por obrigação” (2Co 9.7). Quem recebe o benefício até pode desfrutar dele, mas que o doa nada acrescenta a si mesmo! Como está escrito: “Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá” (1Co 13.3).

3. Obras de quem é salvo

O ódio, a discórdia e o egoísmo são obras típicas daqueles que ainda vivem entregues ao pecado (Gl 5.20); todavia, regenerados pelo Espírito de Deus, estas obras da carne são substituídas pelo fruto espiritual caracterizado pelo “amor… amabilidade, bondade…” (v. 22, NVI).

Se o homem descrente, sendo mau por natureza, sabe dar boas dádivas a seus filhos (Mt 7.11), muito mais deve o crente, vivificado pelo Espírito e ligado a Deus, praticar a verdadeira religião, que é “Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27).

O salvo que não tem prazer em praticar o bem, mas está sempre encarnando a figura do levita ou sacerdote que passaram de largo do homem caído na estrada, está com defeito de fabricação! Amor, misericórdia e bondade são “coisas que acompanham a salvação”, para usar uma expressão do autor da Carta aos Hebreus (Hb 6.9).

E aproveito a oportunidade para corrigir um grave equívoco de interpretação que frequentemente se vê entre os pregadores menos instruídos: o de dizer que nossos atos de justiça não passam de trapos imundos diante de Deus. Essa interpretação do texto de Isaías 64.6 é deficiente por uma razão: nesse texto o profeta Isaías não está falando da justiça praticada pelo homem justo ou pelo povo fiel do Senhor, antes está tratando do povo de Israel que se desviara do Senhor, entregando-se à idolatria, imoralidade, injustiça e rebeldia, mas que julgava-se a si mesmo em segurança devido os “atos de justiça” que praticavam mecanicamente.

Ao dizer que “todos somos como o imundo” ou que “todas as nossas justiças são como trapo de imundícia” (panos sujos e velhos), Isaías tem em mente uma geração desobediente que vive ostentando uma falsa religião sem compromisso sincero com o Deus cujo nome professa. Ou seja, são os religiosos hipócritas e irretratáveis que têm suas obras equiparadas a trapos imundos, não os justos e piedosos filhos de Deus que andam em santidade.

As justiças dos santos são comparadas na Bíblia ao “linho fino” e não aos trapos de imundícia! Senão confira Apocalipse 19.8. Aliás, ressaltamos que as obras de justiça dos salvos em Cristo são fruto da ação do Espírito Santo em nós, partilhando conosco o santo atributo comunicável de Deus que é a justiça (Ef 5.9; Fp 1.11; 1Jo 2.29). Logo, como poderiam as nossas obras de justiça serem chamadas de “trapos imundos”? Isso seria até mesmo ofensivo ao Espírito Santo que habita em nós e nos move a fazer o bem.

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