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Vingadores: Ultimato e a narrativa do amor que se sacrifica

Fomos feitos e viemos a este mundo com uma memória da eternidade

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Homem de Ferro em Vingadores: Ultimato. (Foto: Reprodução / Marvel)

Foi no lançamento de Homem-Aranha em 2002, a última vez que enfrentei uma fila de cinema para assistir uma pré-estreia de madrugada. Na última quarta-feira estava eu, tipo “tiozão”, no meio da rapaziada milenial para ver os heróis da Marvel, no Pier 21, em Brasília. Foi uma experiência incrível para mim, com meus quase 51 anos.

Segundo ouvi de alguém do nosso staff, o último filme da série Avengers “foi feito para os fãs”. Ao que parece, este é o filme com o maior impacto de bilheteria na recente história do cinema. 80% das salas de cinema no Brasil estão dedicadas à película.

E a pergunta que fica é: o que faz um filme ter tanta audiência? Qual a narrativa que pega, captura, chama nossa atenção? É claro que todos esperavam a sequência do “interminável” Vingadores: Guerra Infinita. Mas, em Avengers: Endgame, a Marvel, inteligentemente, explorou o drama da história humana que é bem descrita no Mito do Herói de Joseph Campbell.

Veja os roteiros e descubra o que atinge de cheio nossos corações. Desde Luke Skywalker, a Neo de Matrix, temos um padrão de uma história introjetada no imaginário popular: o herói que sofre e se sacrifica por todos. É como algo entranhado no inconsciente coletivo de todos os povos.

Nós nascemos com essa lembrança primal. Fomos feitos e viemos a este mundo com uma memória da eternidade. De modo que as tramas mais eficientes para nos emocionar e causar verdadeiro impacto em nós tem sempre alguém que se doa, se entrega e se deixa crucificar. É isso que acontece em Vingadores — Ultimato.

Para vencer o mal encarnado em Thanos, nossos heróis se esquecem de si mesmos por uma causa maior que suas próprias vidas — entenda-se por herói alguém que sai da sua zona de conforto para se sacrificar por outrem — é a história do Cordeiro morto antes da fundação do mundo (AP 13.8) que está gravada individualmente em nossos corações e coletivamente em nossas culturas. É isso que C. S. Lewis descreveu em Narnia e J. R. R. Tolkien em O Senhor dos Anéis. O bem e o mal se enfrentam e na história alguém se dá, se entrega e se sacrifica para que o bem vença End Game.

A história do Cordeiro morto na eternidade reverbera no tempo e no espaço nos levando do êxtase às lagrimas. A narrativa do amor que se sacrifica tem a empatia e atenção de todos. Em Vingadores — Ultimato, os heróis se entregam pelo bem de todos e das futuras gerações.

Esta é a história de todo pai e mãe decentes neste mundo. Eles se doam por seus filhos. Esta é a história de todo homem de bem da sociedade e também a história de todos nós que nos definimos como cristãos à semelhança de nosso Senhor. Eu, aqui, vou fazendo a minha parte.

Não gosto de assistir filmes duas vezes. É um sacrifício para mim. Mas, como tive que assistir de madrugada durante a semana a pré-estreia, o que impossibilitou minha filha de assistir comigo por causa da escola, no dia seguinte cedo, agora vou ter que me sacrificar e assistir de novo — afinal de contas— para que servem os heróis?

Teólogo, professor universitário, compositor filiado a Abramus, jornalista e escritor de 12 livros.

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