Siga-nos!

estudos bíblicos

A salvação e o advento do Salvador

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 3 do trimestre sobre “A obra da salvação”

em

Profecia sobre concepção virginal e nascimento de Cristo

1. Concepção virginal

O profeta Isaías, inspirado pelo Espírito de Deus, prenuncia a dádiva do Filho encarnado, concebido por uma virgem: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14). Há questões contextuais neste versículo que não vem ao caso abordar, basta saber que Mateus situa essa promessa na concepção de Jesus, quando cita o sonho em que José, noivo de Maria, foi avisado pelo anjo do Senhor: “Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chamá-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco” (Mt 1.23). O teólogo Derek Kidner, comenta: “O termo virgem é apoiado pela LXX [Septuaginta, tradução grega do Antigo Testamento] como citado em Mateus 1.23. O equivalente mais próximo em português seria ‘moça’. O termo hebraico descreve uma noiva em potencial, em Gênesis 24.43, e a jovem Miriam, em Êxodo 2.8; pressupõe a virgindade, mas não a afirma, e é um termo que não é usado para se referir a ela depois do casamento” (4).

Os cristãos de modo geral, católicos e evangélicos, defendem a virgindade de Maria por ocasião da concepção e nascimento de Jesus; mas estão divididos quanto à continuação da virgindade de Maria após o nascimento de Jesus. Católicos de modo geral defendem como sendo parte essencial da fé a doutrina da virgindade perpétua de Maria, mas os protestantes desde a Reforma, tem se dividido na interpretação dos “irmãos de Jesus” (Mt 12.47; 13.55). Pode causar espanto ao leitor, mas o reformador alemão Martinho Lutero também defendia a virgindade perpétua de Maria; bem como Ulrico Zuinglio, reformador suíço também a defendia. A Confissão de Fé Helvética, adotada pelas Igrejas Reformadas da Suíça, França, Escócia, Hungria, Polônia e outras, também defendia a “sempre virgem Maria” (5). Até mesmo o grande avivalista inglês do século 18, John Wesley, não se desprendeu totalmente desta herança católica, conforme sua própria declaração:

“Creio que Ele se fez homem ligando a natureza humana com a divina numa pessoa; que foi concebido pela operação singular do Espírito Santo e que nasceu da bendita virgem Maria que, tanto antes como depois de o dar à luz, continuou virgem pura e imaculada” (Cartas a um católico romano, 18 de julho de 1749).

Apesar da visão quase romântica que temos dos reformadores e pós-reformadores, precisamos reconhecer seus erros e corrigi-los quando necessário. De maneira geral, as igrejas protestantes atualmente recusam, acertadamente, esta crença na virgindade perpétua de Maria, por três razões muito simples: Deus não exigiu a sua perpetuidade e nenhuma profecia tornava necessária a virgindade perpétua da esposa de José (sem falar que este teria sido um encargo muito pesado para aquele homem, em não poder relacionar-se com sua esposa, quando o sexo é uma benção legítima para ser desfrutada no matrimônio); Maria não se tornaria impura, nem menos santa, por relacionar-se legitimamente com seu marido – Mt 1.20, pois como diz Hebreus: “venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula” (13.4); por último, o fato de a Bíblia citar irmãos e irmãs de Jesus, como nos textos de Mateus 12.47 e 13.55. Claro, os que defendem a virgindade perpétua de Maria, precisaram defender que o termo grego aqui (adelphos) não deve significar “irmão nascido dos mesmos pais”, mas “irmão nascido do mesmo pai” apenas (para dizer que José era viúvo e pai de outros filhos antes de casar com Maria) ou que significa apenas “parente próximo”, para dizer que estes “irmãos” eram, na verdade, primos de Jesus.

2. Nascimento e humanidade

Sobre o nascimento de Cristo, Isaías profetiza: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Is 9.6). Agora preste atenção nalguns detalhes deste versículo:

2.1. um menino nos nasceu – prenuncia que o Salvador virá em carne, nascerá, e será um menino. Ele experimentará a ingenuidade da infância e a submissão aos homens, neste caso, seus pais (isso é parte do esvaziamento voluntário de Cristo, a kenosis(6)). Lucas nos informa: “…e foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava no seu coração todas estas coisas. E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.51,52).

2.2. um filho se nos deu – declara a pré-existência do Filho, que foi dado e não criado. Em seguida, dois dos títulos que lhe são atribuídos reforçam essa ideia: Deus forte e Pai da eternidade. O Filho que nos foi dado, não criado, já era Deus forte e já era Pai da eternidade. Ou seja, ele não teve começo, mas o começo começou nele! “No princípio era o Verbo…”, é a primeira declaração joanina (Jo 1.1). O herege Ario de Alexandria, no Egito (séc. III e IV), apregoava que Cristo foi a primeira criação do Pai, foi adotado como filho (ou seja, ele não é Deus em si mesmo, nem é filho eternamente gerado, mas filho criado e adotado), e em seguida o universo foi criado pelo Filho, e que Cristo deveria ser adorado apenas devido sua proeminência na criação. O Credo de Niceia (séc. IV) refuta e condena esta heresia ariana (7). O famoso, embora leigo, “apóstolo” brasileiro Valdemiro Santiago, já chegou a afirmar no ano de 2012 que Jesus fora “a primeira obra” criada pelo Pai, e que somente o Pai é sempiterno, mas não o filho. O arianismo parece não ter morrido totalmente!

Ainda encontramos profecias no Antigo Testamento, como a de Miquéias que falava da cidade de nascimento do Salvador: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2); e a profecia de Oséias (de dupla aplicação) que falava da estadia do menino Jesus com sua família nas terras do Egito: “Do Egito chamei o meu filho” (Os 11.1; Mt 2.15). Mateus ainda conecta a declaração do profeta Jeremias (31.15) ao infanticídio praticado por Herodes, que buscava matar o menino Jesus (Mt 2.16-18). Não é maravilhoso saber que o Filho de Deus foi criança um dia? Que bendita mensagem para nossas crianças nesta semana tão especial de outubro, em que felicitamos nossos pequeninos pelo Dia das Crianças. Crianças tão assediadas pela perversa cultura de adultização precoce, erotização infantil e ideologia de gênero; crianças que Jesus ama (Lc 18.16,17) e às quais devemos ensinar a cultura do céu e os valores do Reino de Deus, para mantê-las a salvo desta cultura ímpia e imoral!

O primeiro Adão, que é da terra, já entra em cena homem adulto; o segundo Adão, que é do céu, entra em cena um embrião no ventre de Maria, uma criança no colo de sua mãe, um garotinho peregrinando até Jerusalém para aprender no meio dos doutores até alcançar a idade adulta com que cumpriu cabalmente sua missão. Será que Maria nalgum momento teve plena consciência de quem era aquela criança em seus braços? O Grande Eu Sou…

Páginas: 1 2 3

Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

Trending