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opinião

Simba e o espírito de orfandade

O segredo da libertação e superação do jovem leão, pode ser o seu também.

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Você já assistiu ao novo “O Rei Leão”? Recomendo que vá assistir com seus filhos e depois converse com eles! Estreou nesta semana, e já está fazendo sucesso no mundo todo, inclusive no Brasil.

O remake do grande sucesso da Disney Pictures de 1994 promete um novo sucesso de público e bilheteria. Já arrecadou mais de US$ 600 milhões na primeira semana.

Fãs da animação original e suas sequências aprovaram o design realista do novo filme. A narrativa evoluiu de várias formas e a saga animada ganha sua quarta versão: O Rei Leão (1994), O Rei Leão 2: O Reino de Simba (1998), O Rei Leão 3: Hakuna Matata (2004). A nova edição, unindo a animação com o realismo da natureza e animais, está levando milhares ao cinema novamente.

Em alguns aspectos, a nova versão de O Rei Leão superou o original. Em outros, o filme de 1994 continua vitorioso, segundo alguns críticos e fãs, apesar de que é difícil agradar a todos quando se trata de um clássico. O original foi o 32º longa de animação da Disney, custou US$ 45 milhões, faturou nada menos que quase US$ 1 bilhão e ganhou dois Oscars. É difícil para um animal realista passar emoção para o público, por isso, grande parte das cenas do filme parece apática.

Na animação, era possível saber exatamente o que cada momento significava pelas expressões dos animais. O enredo é simples: “Traído por seu tio, Scar e exilado de seu reino, o leãozinho Simba precisa descobrir como crescer e retomar seu destino como herdeiro real nas planícies da savana africana.”

O Rei Leão. (Foto: Divulgação / Disney)

Nesta semana fui assistir com parte da minha família ao novo filme, o que mais me chamou atenção foram os diálogos gerados no encontro nas terras do exílio entre Simba com a leoa Nala, e em sequência o encontro com o macaco Rafiki, uma espécie de “profeta” da savana.

Neste encontro, Simba foge e quer continuar vivendo no seu novo mundo, ignorando e fugindo da sua realidade e de sua verdadeira identidade. Nala o confronta pedindo para ele voltar para a savana e assim, derrubar Scar que usurpara o seu trono e assumir o reino que lhe pertencia.

Mas, Simba não tem forças, até que aparece Rafiki e afirma que ele é filho de Mufasa, e que seu pai vive dentro dele. E assim, Simba consegue acordar do hipnotismo da filosofia “Hakuna Matata” de esquecer e fugir dos problemas! Agora Simba sabe que ele reflete nele o Rei, o seu pai, então todos os problemas ele pode encarar e resolver!

Não estou aqui fazendo nenhum endosso ou apologia à doutrina da reencarnação que a fé espiritualista seguida por muitos e que se afirma ser cristã. Não creio assim. Apenas observo o peso da palavra de liberdade e superação dada pelo personagem sobre o fato de que Simba era a continuação do legado e do reino de seu pai. Fortalecido por esta verdade, o jovem leão encontra forças para refazer o seu caminho e lutar por seu destino.

Rafiki. (Foto: Divulgação / Disney)

O diálogo trouxe uma palavra muito forte, algo libertador e empoderador na vida do espectador, a questão da filiação e da paternidade bem resolvidas. Muitos estão dando cabeçadas na vida porque estão se deixando levar pelo espírito de orfandade que ainda está preso em sua alma. Após o diálogo, Simba entende de fato de quem é filho, e assim, encontra forças para voltar a savana com Nala e lutar por seu trono e pelo governo de seu povo.

De fato, todos precisam desta questão bem resolvida em suas vidas e mentes, para serem pessoas fortes e encontrarem o destino dado por Deus. Também acredito que todo ser humano precisa ter uma questão de paternidade bem resolvida em sua vida – mesmo para uma pessoa como eu, que ficou órfão de pai aos 8 meses de idade devido a um trágico acidente de ônibus que ceifou a vida de meu pai aos 40 anos de idade.

Eu não convivi com meu pai biológico, mas meus irmãos mais velhos e pastores que tive em minha vida me ajudaram a superar esta realidade que foi vencida, sobretudo, pela adoção de Deus como meu Pai.

Aceitei a oferta de Jesus, quando Ele nos ofereceu o seu Pai para ser o nosso. Foi o que Ele nos ensinou em sua oração mais famosa, “Pai nosso…”. O Pai era Dele, mas Ele decidiu compartilhá-Lo com todos nós, nos convidou à família e nos incluiu. Deus não é apenas Senhor, ele é Pai de todos os que o veem assim. Porém, muitas pessoas, inclusive cristãos, não conseguem ver Deus como Pai, talvez porque tiveram uma referência ruim de pais biológicos, alguns ausentes, irresponsáveis, abusadores, violentos, entre outros.

Com isso, geram um bloqueio com a figura paterna e só conseguem ver em Deus uma espécie de “Zeus” grego, que vive distante no Olimpo e que não tem um relacionamento paternal e pessoal com Seus filhos.

Deus é um bom Pai, um Pai fiel e amoroso com os Seus filhos. Você precisa acreditar nessa verdade e aceitar o convite de Deus: Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (João 1:12).

O segredo da libertação e superação de Simba, pode ser o seu também, defina sua identidade de filho, e não permita que vozes de “fantasmas” do seu passado guie e determine sua história de vida no seu presente, você é o que a Bíblia diz que você é, e você é um filho amado de Deus. A escassez da orfandade só vai enfraquecê-lo, levando aos gritos e atos de rebeldia.

Escolha ser filho de Deus e desfrute da paternidade do bom Pai do Céu que lhe ama e tem uma herança real para sua vida. Lembro-me de Moisés, que até os 40 anos de idade, vivia no palácio de faraó como um egípcio, mas ele não era um deles: “Pela fé Moisés, já adulto, recusou ser chamado filho da filha do faraó, preferindo ser maltratado com o povo de Deus a desfrutar os prazeres do pecado durante algum tempo” (Hebreus 11:24-25).

Certo dia, Moisés entendeu que ele não pertencia aquele lugar. Ele preferiu pagar o preço do deserto do que viver uma vida de mentira no palácio; ele entendeu a verdade e decidiu pagar o preço da vida livre e verdadeira. Ele era um filho de Israel e não poderia viver uma vida de luxo no paganismo no Egito.

Sobre este assunto recomendo a obra de Fabiano Ribeiro, Paternidade Bem Resolvida da Editora Inspire, prefaciado por mim, uma bela obra sobre como resolver o dilema da falta de paternidade espiritual sobre sua vida.

Encontre Deus como seu Pai, e seja o que Ele o chamou para ser, um poderoso, bem resolvido e amado filho Dele.

Carlito Paes, pastor Batista, Palestrante e Escritor. Bacharel e Mestre em Teologia, Pastor Líder da Igreja da Cidade em S. J. dos Campos-SP. Fundador da Rede de Igrejas da Cidade e da Rede Inspire de Igrejas, autor de 26 livros públicados pelas Editoras Vida e Inspire e fundador de diversas organizações ministeriais como Colégio Inspire! Escreve semanalmente para o Jornal O Vale e para o Gospel Prime, casado com Leila Paes, pastora e psicóloga, vivem em SJC desde de 1997 com 4 filhos!

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