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devocional

Chamada à fé

Todos somos chamados a andar em fé. Maria de Betânia era uma mulher de fé, mas uma fé em construção, tal como todos nós.

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Marta, Maria e Lázaro com Jesus. (Foto: churchofjesuschrist.org)

O texto do Evangelho de João (11:28-35) fala-nos do que aconteceu quando o Mestre chegou finalmente a Betânia, mas já não a tempo de curar Lázaro, evitando assim a sua morte. Jesus era amigo íntimo daquela família.

Já Salomão dizia que há amigos que são mais chegados do que os irmãos de sangue: “O homem de muitos amigos deve mostrar-se amigável, mas há um amigo mais chegado do que um irmão” (Provérbios 18:24).

Mas apesar da amizade, o facto é que Lázaro acabara por falecer e só agora Jesus chegara a Betânia.

Meditemos então nalguns aspectos associados à questão da fé:

A fé não pode enfraquecer mesmo quando parece que Jesus está longe ou ausente

Para Marta e Maria a esperança morreu com o seu irmão Lázaro no momento em que constataram que Jesus de Nazaré não viria mesmo a Betânia em tempo útil.

Por vezes parece que Deus está longe e não ouve a oração dos que nele confiam. Quando assim é, revela-se muitas vezes a tendência para o disparate, na busca dum sentido para o que não se consegue entender ou explicar.

Está a acontecer agora com a narrativa de que este vírus Covid-19 é castigo de Deus… Como se Deus fosse mesquinho, vingativo e precisasse de epidemias para fazer ouvir a sua voz.

Esta interpretação ignora totalmente a revelação de Deus em Cristo Jesus, reduzindo-o ao Deus étnico do Antigo Israel, que operava segundo um tipo de justiça retributiva, esquecendo que vivemos agora no tempo da Graça, numa nova aliança.

A fé implica prontidão na resposta daquele que crê

“E, dito isto, partiu, e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está cá, e chama-te. Ela, ouvindo isto, levantou-se logo, e foi ter com ele. (Pois, Jesus ainda não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara)” (v 28-29).

É notável que Maria tenha respondido prontamente à chamada de Jesus, apesar de se sentir decepcionada por ele não ter conseguido chegar a Betânia em tempo útil. Independentemente das circunstâncias do momento esta deve ser a nossa resposta. Entremos prontamente na presença de Jesus sempre que ele nos chama.

A fé não vive de “ses”, de “talvez” nem de probabilidades

“Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava, e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (v 32).

Maria ainda não conhecia o poder de Deus. A fé não vive de probabilidades, de calculismo, de “ses” ou de “talvez”.

Provavelmente Maria tinha consciência de que Jesus poderia ter curado o seu irmão à distância ou encontrado uma oportunidade de vir a Betânia antes do desenlace fatal, mas por alguma razão não o tinha feito. Sabia que ele era capaz de curar um enfermo mas não de ressuscitar um morto.

Deus sofre connosco o momento

“Jesus pois, quando a viu chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito, e perturbou-se. E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem, e vê. Jesus chorou” (v 33-35).

Se Deus é Pai, Ele sofre com a nossa dor. Jesus não chorou por Lázaro estar morto (Ele sabia que o ia ressuscitar de seguida!) mas pela dor e tristeza de Maria e Marta que muito estimava.

A Bíblia diz: “Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram” (Romanos 12:15). Sendo perfeitamente Deus, Jesus era também perfeitamente homem, apenas sem pecado. Por isso tinha sentimentos e emoções. Por isso chorou.

Nada é mais forte do que o amor de Deus

Mas porque o amor de Deus é mais forte do que qualquer poder no Universo, Jesus ressuscitou Lázaro. “Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor” (Romanos 8:39).

Todos somos chamados a andar em fé. Maria de Betânia era uma mulher de fé, mas uma fé em construção, tal como todos nós, que estamos no caminho.

Continuamos neste tempo de Quaresma que antecede a Páscoa. Aproveitemos este período para reflexão, construindo a nossa fé concentrados no Cristo Salvador.

Nasceu em Lisboa (1954), é casado, tem dois filhos e um neto. Doutorado em Psicologia, Especialista em Ética e em Ciência das Religiões, é director do Mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, em Lisboa, coordenador do Instituto de Cristianismo Contemporâneo e investigador.

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