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estudos bíblicos

As mulheres devem permanecer caladas na igreja?

Vamos entender o que o apóstolo Paulo quis dizer ao sugerir o “silêncio feminino”.

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Jovem com as mãos a frente da boca (Freepik)

“Como em todas as congregações dos santos, permaneçam as mulheres em silêncio nas igrejas, pois não lhes é permitido falar; antes permaneçam em submissão, como diz a lei.” (1 Coríntios 14:33-34)

E agora mulherada?

Como sabemos, é praticamente impossível pedir para que as mulheres se calem, ainda mais nos dias de hoje (risos). Então, vamos entender esse contexto.

Primeiro, vale lembrar que a igreja em Corinto não era muito madura, então o apóstolo Paulo escreveu uma carta com vários alertas, entre eles sobre as mulheres permanecerem caladas.

Conforme o professor Luiz Sayão, em seu estudo Rota 66, esse texto bíblico não deve ser entendido como uma referência “ampla e genérica”. É importante perceber no contexto de Corinto, que muitas mulheres estavam ultrapassando os limites estabelecidos.

Além disso, no mundo em que eles viviam, uma mulher se sobrepor era algo escandaloso para os judeus. Porém, elas poderiam falar em público, sim, e inclusive profetizar, como mostra um texto anterior. Veja:

“…toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua cabeça; pois é como se a tivesse rapada.” (1 Coríntios 11.5)

Aqui a instrução é sobre o véu, mas deixa claro que as mulheres não eram proibidas de falar em público. O texto mostra que elas oravam e até profetizavam. Então, é mais provável que o texto que estamos estudando aponta para uma situação específica, porque o contexto enfatiza a importância de haver ordem e decência durante os cultos.

Se lermos o capítulo 14 inteiro, veremos que Paulo estava falando sobre a “edificação da igreja” e alertando sobre a possível bagunça e barulho que eles estavam fazendo durante aqueles encontros.

Em atos 21:8 também tem uma citação que diz que o evangelista Filipe tinha quatro filhas que profetizavam. Lembrando aqui que “profetizar” tem mais de um significado na Bíblia, e um deles é o anúncio da Palavra, ou seja, uma espécie de pregação. O pastor Augustus Nicodemus observa também que, no contexto imediato, Paulo estava falando a respeito dos profetas.

Era comum, naquela época, que os profetas fossem “julgados”, ou seja, logo após um discurso, o orador era avaliado ou questionado pelos seus ouvintes. De que forma? O que ele dizia era comparado ao que os apóstolos diziam, ao que Cristo deixou escrito e também ao Antigo Testamento.

Segundo Nicodemus, era uma espécie de teste para saber se o profeta era ortodoxo e se a sua palavra estava ou não de acordo com a revelação de Deus. Então, segundo o pastor, ao que tudo indica, Paulo estava proibindo que as mulheres participassem desse confronto com os profetas, para não deixar a impressão de que elas estivessem exercendo autoridade sobre eles.

O arqueólogo Rodrigo Silva esclarece também que, nos dias de Paulo, Corinto tinha uma população aproximada de 400 mil pessoas, entre elas, gregos, romanos, sírios, egípcios e judeus, o que resultava numa cultura mesclada. Havia também um grande fluxo de viajantes, o que era um desafio para os cristãos. Ele destaca que, ser “corintianizado” era sinônimo de vida devassa e imoral. E essa realidade ameaçava o bem estar espiritual da igreja naquele local.

Era necessário então estabelecer certas ordens, de acordo com as questões culturais, principalmente dos gregos. Para eles, uma mulher falar em público era quase um ato obsceno. Sendo assim, a ordem de Paulo tinha muito mais intenção de não escandalizar nenhum membro da igreja do que reprimir as mulheres que ali estavam. Lembre-se do quanto Paulo se preocupava com isso.

“Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus.” (1 Coríntios 10.32)

“…embora seja livre de todos, fiz-me escravo de todos, para ganhar o maior número possível de pessoas. Tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus. Para os que estão debaixo da lei, tornei-me como se estivesse sujeito à lei […] Para os que estão sem lei, tornei-me como sem lei […] Para com os fracos tornei-me fraco […] Tornei-me tudo para com todos, para de alguma forma salvar alguns. Faço tudo isso por causa do evangelho, para ser co-participante dele.” (1 Coríntios 9.19-23)

Então, não é difícil de imaginar que Paulo poderia seguir a lei dos gregos, para ganhar os gregos.

E para finalizar, de acordo com a opinião de Hernandes Dias Lopes, sobre a questão da mulher permanecer calada, ele explica que, antes, elas participavam uma religião politeísta, onde adoravam a deusa Afrodite e participavam da prostituição cultual, onde falavam descontroladamente, sem equilíbrio emocional algum.

Depois de convertidas, elas queriam manter seus comportamentos antigos dentro na igreja de Deus, interrompendo dessa forma o pregador e a ordem litúrgica do culto. Segundo o pastor, é dentro desse contexto que Paulo diz que elas devem permanecer caladas e consultar a seus maridos em casa.

Resumindo, para compreender um texto é sempre necessário conhecer o contexto. E mesmo com tanta informação em nosso tempo, ainda tem aqueles que julgam essas palavras de Paulo dizendo que ele foi machista. Mas, pelo contrário, Paulo sempre escreveu inspirado pelo Espírito Santo. E os pensamentos de Paulo são iguais aos pensamentos de Jesus, não só em relação às mulheres, mas também aos homens.

Veja o que ele escreveu:

“No Senhor, todavia, a mulher não é independente do homem, nem o homem independente da mulher. Pois, assim como a mulher proveio do homem, também o homem nasce da mulher. Mas tudo provém de Deus.” (1 Coríntios 11.11-12)

Cada um tem o seu papel, a sua missão e o seu compromisso com o Criador. E a Palavra é a nossa referência para entender tudo isso.

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Jornalista e pesquisadora apaixonada pela Bíblia. Desenvolveu um trabalho de "Jornalismo Investigativo Bíblico", é autora dos livros Derrubando Mitos e Apocalipse Investigado. Seus temas envolvem missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análises de textos bíblicos.

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