escola dominical
A unidade da raça humana
Em Jesus Cristo, o segundo Adão, todos podemos ser salvos
Continuando nossos estudos sobre antropologia bíblica (isto é, a perspectiva bíblica acerca da humanidade), na Lição de hoje estudaremos sobre os fortes vínculos que há entre os homens em todo mundo, de modo a constituir-nos uma única raça humana.
A Lição de hoje demonstra como somos solidários na criação, na queda e na redenção.
A unidade racial do ser humano
A origem divina do ser humano
Vem sendo afirmado desde a primeira Lição deste trimestre que o homem é criação de Deus, não produto de uma evolução cega. Ainda que os “sábios e entendidos” de nosso tempo zombem e desprezem esta verdade, não deixa de ser verdade.
Se tomamos a Bíblia como a inerrante Palavra de Deus e a Jesus Cristo como Deus encarnado, logo não temos como dar crédito à teoria evolucionista de Charles Darwin, ainda que esta seja a teoria propagada nos livros didáticos e nos compêndios científicos.
Dizem que Darwin era um homem religioso (e não ateu, como se costuma pensar), mas certamente sua religiosidade não estava inteiramente afinada com a revelação bíblica nem com a interpretação correta das Escrituras, pois doutro modo jamais teria proposto essa antibíblica teoria, que lança desprezo sobre a literalidade do relato do Gênesis, sobre os ensinos de Cristo e sobre a doutrina dos apóstolos.
Nunca fomos parentes dos macacos, nem jamais fomos uma ameba habitando oceanos primitivos; desde o primeiro dia de nossa existência na terra, fomos seres humanos, dotados de intelecto, liberdade e vontade. Somos feitura das mãos de Deus! (Sl 119.73; Ef 2.10). E não importa quantos cientistas, filósofos e até teólogos evolucionistas do nosso tempo afirmem o contrário, pois “seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso” (Rm 3.4).
A unidade racial do ser humano
Existem hoje mais de 7 bilhões de pessoas no mundo, habitando em aproximadamente 200 países, oriundas de distintas etnias, vivendo em diferentes culturas e sob condições sociais diversificadas; todos, porém, descendem de um único casal humano: Adão e Eva. Não à toa, Eva é chamada de “a mãe de todos os viventes” (Gn 3.20), e de Adão é de dito que todos os seres humanos foram formados a partir dele (At 17.26), pois, de fato, até mesmo Eva veio de Adão, quando Deus lhe retirou parte do lado como material genético para dar origem à primeira mulher (assunto este já estudado na Lição 2).
Ainda que nos diferenciemos na cor da pele, no idioma que falamos, na cultura regional, nos gostos culinários, na religião que praticamos e na forma de governo sob que nos organizamos politicamente, constituímos uma única espécie, a espécie humana. Com os animais não temos qualquer parentesco; já de qualquer ser humano no mundo, podemos dizer: “este é o meu próximo” (Mt 22.39).
Ainda que possuindo traços levemente distintos devido vários fatores climáticos, ambientais e culturais, o corpo do homem asiático tem a mesma anatomia do corpo do homem norte-americano, e o corpo da mulher indígena no norte do Brasil tem a mesma estrutura biológica do corpo de uma mulher francesa. O coração do branco não é diferente do coração do negro; nem o chinês tem menos ossos que o japonês. A espécie humana é uma só!
Em certo sentido se pode falar de diferentes raças, visto que, segundo nossos dicionaristas, o termo “raça” é popularmente usado para se referir a grupos étnicos distintos, como brancos, negros, asiáticos, indígenas, etc. Algumas versões bíblicas inclusive falam da humanidade dividida em raças (conf. Sl 117.1, Viva; Dn 3.4, NVT). Entretanto, tem se preferido cada vez mais referir-se à humanidade como uma única raça: “de um só fez toda a raça humana para habitar sobre toda a face da terra…” (At 17.26, ARA). Num sentido natural (não espiritual), temos todos um mesmo Pai e fomos criados pelo mesmo Deus (Ml 2.10).
Esse entendimento da unidade da raça humana ajuda a superar a discriminação social, a vencer o racismo que ainda marca e mancha a humanidade e também a evitar o ódio contra outros povos e etnias (xenofobia) que, não raro, desemboca em ações violentas e desumanas como as praticadas por Hitler, ditador alemão que pretendia constituir a supremacia da raça ariana, e para tanto não poupou crueldade contra judeus, ciganos e outros grupos étnicos.
A unidade psicológica do ser humano
Homens e mulheres de todos os lugares do mundo possuem as mesmas características psicológicas, o que somente reforça a doutrina bíblica quanto à unidade da raça humana. O teólogo assembleiano Raimundo de Oliveira escreveu sobre este ponto:
“(…) a psicologia revela claramente o fato de que as almas dos homens, sem distinção de tribo e nação a que pertencem, são essencialmente as mesmas. Possuem em comum os mesmos apetites, instintos e paixões; as mesmas tendências e, sobretudo, as mesmas qualidades, as mesmas características que só existem no ser humano”.[1]
Todos os seres humanos (e somente os seres humanos!) possuem intelecto, liberdade e vontade. Somente o ser humano fala, pensa, reflete, age por decisão de sua vontade, ama, odeia, ri, chora, etc.
A unidade linguística original da humanidade
A língua original da humanidade
Ninguém pode afirmar, mesmo baseado na Bíblia, qual foi o primeiro idioma falado no mundo pelos nossos pais Adão e Eva. Teria sido a mesma língua em que Deus se comunicava com os anjos no céu? Não o sabemos, mas estamos convictos de que Deus ao criar o homem, já o formara um ser inteligente, autoconsciente, maduro em seu corpo, em sua mente e em sua linguagem.
Adão não falava “Uga! Uga!” no Éden, pois como vemos em suas primeiras palavras dirigidas a Eva, ele já fora criado com grande capacidade de articular palavras carregadas de profunda emoção e poesia: “Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada” (Gn 2.23).
Sobre a possível incompatibilidade entre o registro bíblico e o estudos da filologia (que estuda o desenvolvimento das línguas), Chafer escreve:
“O filólogo, ao começar com a suposição de que o homem originou a sua própria linguagem, afirma que enormes eras são exigidas para a realização desse fim e acrescenta a isso até mais eras para o desenvolvimento da linguagem até as suas formas variadas presentes. Essa teoria nega a narrativa bíblica. Há melhor razão para se crer que o homem foi criado com a capacidade de falar e de entender o que se fala. Adão foi criado maduro de mente da mesma forma que era maduro em seu corpo. Que ele empregou linguagem desde o começo de sua consciência está indicado na narrativa de Gênesis”[2].
A confusão linguística em Babel
O capítulo 11 de Gênesis, que registra a confusão das línguas provocada pelo próprio Deus no intuito de espalhar os homens pela terra, começa com uma afirmação que é de valor histórico e científico para nós: “em toda a terra havia apenas uma linguagem e uma só maneira de falar” (Gn 11.1, ARA). Comentando essa declaração bíblica, Charles Ryre faz o seguinte apontamento:
“O abismo intransponível que separa os sons produzidos pelos animais e a linguagem humana, bem como a declaração encontrada neste versículo de que, originalmente, todos os homens falavam a mesma língua, são fatos que não podem ser explicados pela teoria da evolução”.[3]
A diversidade de línguas no mundo originou-se de um julgamento divino sobre os homens soberbos – o que leva-nos a crer que esta não era a vontade original de Deus, que existissem essas barreiras linguísticas distanciando o homem do seu semelhante. “As variedades de língua, cultura, valores e clãs começaram neste ponto [em Sinar, onde foi construída a torre de Babel, que quer dizer confusão]. Se não fosse pela arrogância dos homens, essa divisão não seria necessária”.[4]
A confusão das línguas em Sinar deu origem a vários idiomas que, por sua vez, originaram outros idiomas (o Português, por exemplo, não surgiu ali, mas veio a desenvolver-se milhares de anos depois, derivando-se do Latim, que é considerada uma língua morta, por já não haver mais um povo que a utilize naturalmente).
Indícios da linguagem primitiva
Mesmo o mais leigo falante do português e do espanhol percebe a semelhança que há entre essas distintas línguas. A semelhança entre esses idiomas aponta para um tronco linguístico comum.
A filologia trabalha com hipóteses sobre a existência de vários troncos linguísticos, como a pressuposta (não comprovada) língua protoindo-europeia, que é a ancestral comum hipotética das línguas indo-europeias, tal como era falado há cerca de 5000 anos, pelos indo-europeus, provavelmente nas proximidades do mar Negro.[5]
Somente uma deliberada rejeição à revelação de Deus na Bíblia sagrada pode levar o homem a negar que estas evidências, aceitas inclusive pelos estudiosos da linguagem, leva-nos na direção de uma língua primordial da humanidade, falada durante muitos séculos desde Adão até a geração posterior à Noé e anterior à Abraão.
Em Cristo, todos somos um
O pecado universal de Adão
A Bíblia dá indubitável prova da unidade da raça humana quando trata da extensão do pecado e da corrupção espiritual do ser humano. Talvez nenhum autor bíblico foi tão claro quanto a solidariedade da raça humana no pecado de Adão quanto o apóstolo Paulo, que escreveu:
“Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5.12).
Paulo reconhece que nem todos pecaram à semelhança da transgressão de Adão (ou seja, não cometemos pecado na mesma circunstância que o primeiro homem – Rm 5.14), mas afirma que “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Rm 3.23).
O apóstolo João afirma que aquele que diz que não tem pecado está se fazendo mentiroso e também fazendo Deus mentiroso (1Jo 1.8,10), isto porque no fundo a nossa consciência nos diz que todos estamos em falta para com Deus e porque a Bíblia o afirma claramente que todos estão nivelados sob a desobediência (Rm 11.32).
As consequências universais do pecado de Adão
Há várias consequências sofridas pela humanidade devido a entrada do pecado no mundo, porém, destaca-se para fins de comprovação da unidade da raça humana a experiência de morte.
Todos os seres humanos estão sujeitos à morte e, de fato, morrem (há a exceção dos que foram transladados por Deus e dos que serão arrebatados para não provarem a morte, à semelhança de Enoque – Hb 11.5). Até mesmo Jesus, embora não tivesse pecado, sofreu horrenda crucificação pela qual veio a morrer, dando assim prova de seu grande amor por nós, mas também de sua plena humanidade. A morte de Jesus não foi uma farsa, uma simulação, um estado de quase-morte. Os próprios experientes executores romanos o comprovaram: ele havia morrido (Jo 19.32,33).
E Jesus morreu por todos (Hb 2.9), porque todos haviam pecado (Rm 3.23). Se há alguém que julga não ser pecador, em Jesus também não pode encontrar um salvador, pois, como bem dizia o teólogo holandês Jacó Armínio, Jesus é Salvador de pecadores. Ele próprio o afirmou: “eu não vim chamar os justos, mas, sim, os pecadores ao arrependimento” (Mc 2.17).
Em Jesus Cristo, o segundo Adão, todos podemos ser salvos
Se o estudo da antropologia (acerca do homem), da filologia (acerca das línguas) e da hamartiologia (acerca do pecado) demonstram que há uma unidade na raça humana, e que, portanto, não devemos olhar para nosso semelhante com desprezo como se fosse inferior a nós devido sua etnia, cor de pele, cultura, condição social, etc., muito mais essa unidade está provada na cristologia (acerca de Cristo) e na soteriologia (acerca da salvação), visto que Jesus se fez homem para ser nosso semelhante e, mediante seu sacrifício vicário, morrer em lugar não só de nós os que já cremos, mas “pelo mundo inteiro” (1Jo 2.1,2).
Não existe povo, etnia ou raça superior. Esse racismo que insiste em predominar na cabeça de muita gente não passa de uma distorção diabólica para colocar os homens uns contra os outros, despertando-lhes orgulho, soberba, contenda, ódio e destruição. Racismo é obra de satanás produzida no coração de homens carnais!
Em Cristo, mediante o seu sangue, são derrubadas as barreiras de segregação racial e por seu amor somos feitos um só povo. Como está escrito: “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
O próprio Jesus, na famosa “oração sacerdotal”, rogava ao Pai pela nossa unidade, não só a perfeita união entre nós, humanos, mas a perfeita união entre nós e Deus, por quem e para quem fomos criados: “Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (Jo 17.21).
A unidade da raça humana é natural; Deus nos criou assim – uma só espécie. Mas a unidade experimentada pela fé em Cristo é sobrenatural, e dela somente participam os que de toda tribo, língua e nação creem em Cristo como seu único e suficiente Salvador pessoal.
Conclusão
Que a compreensão quanto à unidade da raça humana sirva para promover em nós a virtude da filantropia, isto é, o amor pela humanidade. Afinal de contas, independente de nossas diferenças sociais e culturais, somos todos seres humanos, criados por Deus e necessitados da salvação.
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Referências
[1] Raimundo de Oliveira. As grandes doutrinas da Bíblia, CPAD, p. 170
[2] Lewis S. Chafer. Teologia Sistemática, tomo 1, vol. 2, Hagnos, p. 551,2
[3] Charles Ryre. Bíblia de Estudo Anotada Expandida, Mundo Cristão, nota de rodapé.
[4] Earl Radmacher e outros. O Novo Comentário Bíblico – Antigo Testamento, Central Gospel, p. 35
[5] Fonte: Wikipédia
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