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estudos bíblicos

A mordomia do cuidado da terra

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 12 do trimestre sobre “Tempo, Bens e Talentos”.

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Natureza. (Foto: Lukasz Szmigiel / Unsplash)

II. Deus concedeu a terra aos homens

1. A terra é do Senhor

“Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude”, disse o apóstolo Paulo (1Co 10.26). Certamente ele estava citando a famosa passagem do Salmo 24.1. Isso por si só deve levar-nos a refletir sobre tão grande responsabilidade que pesa sobre nós quanto ao cuidado que devemos ter com aquilo que pertence ao Senhor. Não é comum termos cuidado quando tomamos algo emprestado de alguém? Não buscamos devolver da mesa forma como recebemos? Muito mais senso de responsabilidade devemos ter para com aquilo que é de Deus!

E mais: visto que a criação revela a glória de Deus (Sl 19.1-6) e que as coisas criadas manifestam “os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina” (Rm 1.20), não temos nós a obrigação de preservar a integridade da criação para que essa mensagem não-verbal (mas cheia de variados sons, cores e espécies) quanto ao poder e sabedoria de Deus continue sendo anunciada às próximas gerações? Como mordomos da terra, o que temos preservado de belo na criação para que a glória de Deus continue sendo manifesta através dela?

Devastar a natureza não é apenas destruir a propriedade de Deus, mas é também atentar contra a própria glória de Deus e contra o testemunho de seu poder que a criação proclama a nós, sem palavras.

2. A natureza – uma dádiva da graça de Deus

No cuidado com a terra, há dois erros a se evitar: tratar a natureza como se ela fosse Deus (isso seria cair na heresia panteísta), ou, ao contrário, trata-la como se nós fôssemos Deus acima dela (isso seria demasiadamente arrogante de nossa parte). A natureza não é nossa senhora, nem também somos o senhor dela. Ela é um presente de Deus para nosso desfruto legítimo, mas com zelo, pois a posse dela continua pertencendo ao Criador.

Não devemos venerar a tal “mãe natureza”, até porque ela não é mãe de nada e ninguém, já que tudo o que nela há é feitura do Deus todo poderoso (não cremos em “geração espontânea da vida”, nem em “evolução das espécies”, mas em criação e providência divina!). Por outro lado, não podemos também reivindicar direito absoluto sobre a criação, para usá-la como bem entendermos e exaurirmos seus recursos. Como disse John Stott, o domínio que Deus nos deu sobre a natureza deve ser visto como uma mordomia responsável, não como um domínio destrutivo.

3. A missão de governar a terra

Deus é o dono e nós somos os mordomos. John Stott, em sua obra O discípulo radical, explica que “As afirmações de que ‘ao Senhor pertence a terra’ [Sl 24.1] e ‘a terra deu-a aos filhos dos homens’ [Sl 115.16] se complementam, não se contradizem. Pois a terra pertence a Deus por causa da criação e a nós por causa da delegação. Não significa que, ao delega-la a nós, ele abdicou de seus direitos sobre ela. Deus nos deu a responsabilidade de preservar e desenvolver a terra em seu favor” [2].

A Declaração Evangélica sobre o Cuidado com a Criação chama-nos a recordar as palavras de Jesus de que as nossas vidas não consistem na abundância das nossas possessões (Lc 12.15), e encoraja os cristãos a resistirem as ciladas do desperdício e do consumismo desenfreado, optando por escolhas que expressem humildade, paciência e autocontrole.

Paremos para refletir: quanto lixo geramos com nosso desperdício de comida e com excesso de papel e plástico que trazemos para casa nas compras que fazemos? E o entulho de nossas construções, o depositamos em lugar apropriado ou descartamos em qualquer terreno baldio? Quantos minutos passamos no banho, com o chuveiro ligado, ou à pia, escovando os dentes? Não precisamos ser ambientalistas nem indígenas para perceber como certos hábitos contribuem para degradar o meio ambiente e para exaurir os recursos naturais. Estaríamos livres de muitas doenças se fôssemos mais zelosos com a nossa grande casa!

A mordomia da terra começa dentro de nossas casas, educando a família com hábitos saudáveis de consumo, de reuso de bens naturais ou reciclagem de materiais. Por que, por exemplo, não começar a separar papelão, plástico e metais para o pessoal que faz coleta de reciclagem à porta de nossa casa ao invés de jogarmos tudo no lixo? Por que não doar móveis velhos e aparelhos eletrônicos para alguém que possa precisar e até reformá-los ou consertá-los, ao invés de simplesmente descartar tudo em terrenos baldios ou até mesmo em rios, contribuindo para procriação de baratas, ratos e insetos? Por que participar de protestos de cunho político nos quais se queimam pneus nas estradas, poluindo o ar e prejudicando a saúde das pessoas, ao invés de promover, quando necessário, protestos civilizados e com respeito ao meio ambiente e às pessoas? Por que deixar o escapamento do carro liberar fumaça tóxica no ar ao invés de levá-lo a uma oficina e fazer os devidos reparos, por amor a você mesmo, ao seu próximo e ao meio ambiente?

Que tipo de mordomo da terra sou eu? Que tipo de mordomo da terra é você? O que você acha que o dono da casa lhe diria, a você que a alugou, quando ele voltasse para receber a casa e a encontrasse suja, caindo aos pedaços e com mau cheiro terrível? “Deus há de trazer a juízo toda a obra, e até tudo o que está encoberto, quer seja bom, quer seja mau” (Ec 12.14).

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