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estudos bíblicos

A mordomia do cuidado da terra

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 12 do trimestre sobre “Tempo, Bens e Talentos”.

em

Natureza. (Foto: Lukasz Szmigiel / Unsplash)

III. O homem e sua relação com a terra

1. A terra antes do pecado

Antes da introdução do pecado no mundo e da consequente maldição a que a criação foi submetida (Gn 3.17) e pela qual agora ela se encontra em gemidos (Rm 8.22), a natureza se encontrava em equilíbrio e certamente manifestava uma beleza incomparável! Como o homem ainda não foi (e cremos que não o será) capaz de devastar toda a criação, é possível encontrarmos muitas belezas naturais pelo mundo a fora. Uma grande diversidade de vida, cores e sons na fauna e na flora, além de montanhas, lagos e cachoeiras, e uma diversidade de animais marinhos nos grandes oceanos.

Entretanto, aquele Éden primitivo onde Deus pôs o primeiro casal humano era um grande e belo “jardim”. Ali tudo era “muito bom” (Gn 1.31).

2. A terra após o pecado

O pecado trouxe danos espirituais e também físicos ao homem. Mas não somente a ele, pois a terra também sofreu imediatamente os efeitos do pecado, sendo colocada sob maldição; além do mais, o homem, agora escravizado pelo pecado, tenderia a fazer mau uso da terra, subjugando a criação desordenada e impiedosamente. A ganância, o ímpeto violento, a imoderação dos costumes e, acima de tudo, a alienação de Deus, tem levado o homem a ser o grande agressor da criação!

Descarto a teoria defendida por alguns cristãos segundo a qual Deus lançou o diabo na terra junto com seus anjos e que tal precipitação trouxe devastação de proporções gigantescas ao nosso planeta (como se causado pela queda de um cometa). Não creio nesta teoria por não ver respaldo bíblico para ela e também por descrer que Deus faria mal à sua criação. Todavia, é fato bíblico que, não raro, Deus usa julgamentos na e através da natureza para condenar aqueles homens e povos que persistem na prática do pecado (enchentes, terremotos, tufões, etc. – veja, por exemplo, os julgamentos cósmicos das trombetas no Apocalipse), e que, em outros muitos casos, Ele permita que a terra expresse sua agonia em “tragédias naturais” para mostrar ao homem como é prejudicial romper os limites por Deus estabelecidos para o uso da terra.

3. Nossa responsabilidade com a terra

Na obra supracitada, Stott lista quatro desafios para a mordomia da terra:

  1. O crescimento populacional acelerado do mundo (em 1804 éramos 1 bilhão de habitantes; agora, pouco mais de duzentos anos depois, já somos quase que 8 bilhões. Como garantir moradia digna, saneamento básico, urbanização adequada das cidades e alimento suficiente para tantas pessoas, sem degradar o meio ambiente?);
  2. O uso e esgotamento dos recursos da terra (por exemplo, o combustível fóssil e a própria água potável, essencial à vida);
  3. O descarte do lixo (não temos reaproveitado/reciclado o quanto poderíamos, e as cidades sofrem graves problemas sanitários com a questão dos lixões);
  4. A mudança climática (efeito estufa, camada de ozônio, aquecimento global, estes são temas corriqueiramente tratados na mídia e em congressos internacionais, inclusive envolvendo cientistas, empresários e governantes, além de membros de organizações de proteção ao meio ambiente, mas parece estarmos longe de uma verdadeira sinergia para amenização dos problemas causados, especialmente pela industrialização da vida humana).

Todavia, para que não pareça que a mordomia da natureza é um assunto muito distante da nossa realidade individual e que este tema deve ser tratado apenas pelas autoridades governamentais, citamos as palavras de Chris Wright, segundo quem os cristãos podem colaborar significativamente para o desenvolvimento de uma consciência de responsabilidade ambiental. Para Wright, os cristãos

“escolhem [ou devem escolher] formas sustentáveis de energia quando é viável. Desligam aparelhos em desuso. Sempre que possível, compram alimentos, mercadores e serviços de empresas que tenham diretrizes ambientais eticamente saudáveis. Eles se aliam a grupos de conservação. Evitam o consumo demasiado e o desperdício desnecessário e reciclam o máximo possível” [3]

Não é curioso pensar que o pecado da glutonaria seja tão reprovado por Deus não apenas pelo mal que o glutão faz a si mesmo enquanto come mais do que precisa, mas também pelo fato de que o glutão costuma sempre desperdiçar alimentos, que, em efeito agravante, não é repartido com o necessitado e ainda é jogado fora, contribuindo ainda mais com a poluição da natureza? O glutão é péssimo mordomo do corpo, dos bens que possui e do ambiente em sua volta!

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