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estudos bíblicos

Uma vida de aliança

A nossa vida só faz sentido se for uma vida de aliança com Deus.

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Mãos sobre a Bíblia (Luis Quintero/Pexels)

O nosso Deus é um Deus de aliança. Iavé não era como os deuses dos povos pagãos que não estabeleciam contratos com as pessoas, apenas exigiam. Mas o Deus dos hebreus desceu até nós para se tornar parte dum contrato, pacto ou aliança.

Não vamos mencionar todas as alianças estabelecidas com os homens, apenas algumas, como exemplo da aliança do cristão com Deus:

Deus começou por estabelecer uma aliança com um homem

Em Génesis 17 vemos as bases em que Iavé propõe uma aliança com Abraão, no âmbito da qual lhe promete uma descendência incontável, o que significava grande relevância, memória e um nome na história.

Deus mostra que ao abandonar a Caldeia (talvez a cultura mais avançada da época) Abraão perdia muita coisa, mas ganharia ainda muito mais em virtude da aliança com Ele.

Deus prometeu também uma terra excelente (que “mana leite e mel”) o que significa provisão, prosperidade e segurança. E como a posse de terra era tão fundamental em culturas agro-pecuárias.

O símbolo dessa aliança seria o altar, ou melhor, o sacrifício de sangue.

Depois Deus estabeleceu uma aliança com um povo

Iavé quis fazer dos hebreus o seu povo peculiar, uma etnia distinta, um grupo humano especial com identidade própria no meio das nações da terra, um povo monoteísta entre povos politeístas.

Deu-lhe um modelo de adoração, que conhecemos como Tabernáculo, o templo portátil do deserto, que era montado sempre que a peregrinação no Sinai parava e desmontado sempre que partiam para nova jornada.

Deu-lhe também um corpo legislativo, que além da lei cerimonial incluía a lei moral, civil e penal, além da organização social, política e religiosa.

O símbolo dessa aliança seria a Arca da Aliança, que continha um pedaço do maná com que o povo se alimentara nos dias do deserto, para memória futura.

Por último Deus estabeleceu uma aliança com todos os homens e mulheres de fé, mas também com um povo espiritual, feito de todos os povos, que é a Igreja

Nesta aliança com a Igreja vemos simbolicamente a aliança com Abraão:

  1. Tal como Abraão teria uma descendência incontável, assim é o povo do Senhor em toda a terra (“tantos como a areia do mar”).
  2. Tal como Abraão teria uma terra excelente, assim é o território espiritual que Deus nos tem dado – o reino de Deus, que não se caracteriza por comida ou bebida, mas por “justiça, paz e alegria no Espírito Santo”:

O símbolo da aliança com Abraão, o sangue no altar, está presente simbolicamente no cálice da Ceia do Senhor: “este é o meu sangue que é vertido por vós.”

Nesta aliança com a Igreja vemos simbolicamente a aliança com o Antigo Israel:

  1. Tal com Israel teria uma identidade específica enquanto povo de Deus no meio das nações, assim é a Igreja como agente de Deus na terra, com a sua função profética de sal e luz.
  2. Tal como Israel teria um modelo de adoração, também a Igreja tem o modelo do culto racional e da misericórdia: “misericórdia quero e não sacrifício.”
  3. Tal como Israel teria uma legislação e organização social, a Igreja tem a Bíblia, a ética cristã e a eclesiologia que dela deriva.

O símbolo da aliança com os hebreus era a Arca da Aliança, que continha um pedaço do maná, o pão do céu com que o povo se alimentara nos dias do deserto e está presente simbolicamente no pão da Ceia do Senhor: “este é o meu corpo que é partido por vós.”

A nossa vida só faz sentido se for uma vida de aliança com Deus. Abraão (em aliança) foi justificado pela fé, os israelitas (em aliança) seriam justificados pela Lei de Moisés, mas não o conseguiram devido à sua recorrente desobediência.

Mas nós (em aliança) somos justificados pela fé na Pessoa e Obra de Cristo (“todo o que crer”) e pela lei do amor, em nome duma aliança eterna (“até à consumação dos séculos”).

Nasceu em Lisboa (1954), é casado, tem dois filhos e um neto. Doutorado em Psicologia, Especialista em Ética e em Ciência das Religiões, é director do Mestrado em Ciência das Religiões na Universidade Lusófona, em Lisboa, coordenador do Instituto de Cristianismo Contemporâneo e investigador.

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