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opinião

Sobre a crítica de Caio Fábio contra a primeira-dama por vigília

Onde já se viu um evangélico criticar porque outro evangélico está orando?

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Primeira-dama Michelle Bolsonaro
Primeira-dama Michelle Bolsonaro (Foto: Clauber Cleber Caetano/PR)

A imprensa divulgou vídeo, com duração de 34 segundos, que mostra a primeira-dama Michelle Bolsonaro realizando uma vigília nas dependências do Palácio do Planalto. De acordo com o UOL, o vídeo foi publicado no perfil de Michelle no dia 31 de julho deste ano.

O texto do UOL disse que “as imagens foram divulgadas pelo perfil oficial da mulher do presidente no Instagram, mas deletadas posteriormente. Na legenda de uma das publicações, Michelle diz que a vigília foi até às cinco horas da manhã”.

No Instagram, Caio Fábio publicou postagem com título “mandinga de crente pelo poder político. É o deus ideologizado”. Em depoimento, ele criticou Michelle. “O que se está fazendo não é novo. Os crentes sempre fizeram isso. Sempre chamaram Deus para o lado ideológico das suas preferências. No passado eles iriam, quando não tinham o poder político, cercar os lugares do poder político para estender as mãos e pedir a Deus que derrubasse, que destruísse, que tirasse do poder. Agora, como eles têm alguém lá que é um despachante dos caprichos deles, se unem para ir para dentro do Planalto para dizer daqui a gente não sai, daqui ninguém nos tira”, disse Caio.

É necessário refletir sobre as palavras de Caio. Pergunta-se: alguém criticou quando presidentes e primeiras-damas anteriores fizeram missas, despachos e serviços religiosos? Por que não houve críticas aos ex-presidentes? Já esqueceram de Fernando Collor de Melo que fazia rituais de magia negra, na casa da Dinda, de acordo com declaração de sua ex-esposa Rosane? Os rituais de Collor eram com matança de animais e em cemitérios, de acordo com relatos da líder espiritual que praticava o serviço. Alguém criticou quando Lula recebeu, em 2021, no Ceará, imagem de Zé Pilintra e foi benzido por mãe de santo da Umbanda? Em outro vídeo que circula nas redes sociais Lula recebeu banho de pipoca usado nas oferendas para os orixás Obaluayê, da Umbanda. Alguém criticou esse ato? Qual o problema de a primeira-dama fazer uma vigília na residência onde mora atualmente? É errado abençoar o Brasil? Por que Michelle não pode praticar a religião dela sem ser criticada? Por que a imprensa critica a fé da primeira-dama? Em artigo na revista Veja, Matheus Leitão, criticou o discurso e a participação de Michelle na Igreja Batista da Lagoinha. Michelle Bolsonaro não estaria sofrendo perseguição religiosa? Será que Michelle estava buscando Deus para abençoar o Brasil ou chamando-O para o seu lado ideológico? Por que os cristãos são tão desunidos e criticam quem está orando pelo país? Por que os líderes evangélicos, em especial pastores, criticam evangélicos publicamente? Por que não se vê líderes de outras religiões usando as mídias para criticar seus pares? A Bíblia tem exemplos de pessoas que oraram a Deus pela sua nação? É bíblico orar pela nação, pelas autoridades e pelo povo?

A história bíblica de Ester é um exemplo de mulher que fez oração a Deus pelo seu povo que era israelita. Em Ester 4:16 diz que ela orou e jejuou. E também pediu para que o povo orasse e jejuasse. Assim ela foi ter com o seu marido, o rei persa Assuero. Resumindo a história, ela foi responsável por seu povo não morrer por decreto do ministro Hamã, considerado um inimigo. A narrativa conta que o ministro decretou que os israelitas deveriam morrer porque tinham costumes diferentes e desobedeciam as leis reais (Ester 3.8). Ester usou a influência que tinha como rainha para que os israelitas vivessem. Ela pediu ao rei que anulasse o decreto do ministro. Até os dias atuais a festa de Purim é celebrada nos lares de Israel e entre os judeus espalhados pelo mundo. É a celebração da vitória da rainha sobre o inimigo dos judeus.

A crítica de Caio Fábio é descabida. Os evangélicos deveriam se unir a Michelle em oração ao invés de criticar as orações dela. A obrigação de todo cristão é orar e clamar a Deus para que abençoe a nação, independente se concorda ou não com quem ocupa o governo. A oração não deve ter ideologia. É preocupante esse discurso discordante dos evangélicos nas redes sociais. Onde já se viu um crente criticar porque outro crente está orando? Os evangélicos deveriam orar e parar de fazer guerra. Enquanto brigam e discordam, milhares de pessoas sofrem no Brasil, outros milhares estão carentes de uma palavra de esperança. A igreja cristã tem que unir forças. Que mais michelles apareçam intercedendo pelo Brasil.

No dia 8 de agosto, a primeira-dama participou de culto na Igreja Batista da Lagoinha, em Belo Horizonte, onde afirmou que continuará orando. “Essa nação tão amada, tão querida, é do Senhor Jesus. Podem me chamar de fanática e de louca. Vou continuar louvando o nosso Deus. Vou continuar orando. Por muitos anos aquele lugar foi consagrado a demônios. Cozinha consagrada, Planalto consagrado a demônios. Hoje é consagrado ao Senhor Jesus.  Quando entro na sala dele (de Bolsonaro), eu digo que a cadeira é do presidente maior. É o Rei (Jesus Cristo) que governa essa nação. Irmãos, continue em oração por nós e pelo nosso Brasil amado. As promessas do Senhor se cumprirão. O avivamento se cumprirá e nós seremos celeiro de bênção para outras nações”, disse Michelle Bolsonaro.

Confira o vídeo da vigília no Palácio do Planalto:

 

Jornalista, teóloga e professora. É doutoranda em Teologia pela Escola Superior de Teologia, no Rio Grande do Sul. Tem mestrado em Teologia pela Escola Superior de Teologia. Pós-graduação em MBA Gestão da Comunicação nas Organizações pela Universidade Católica de Brasília. Bacharelado em Comunicação Social, Jornalismo, pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília. Licenciatura plena em História pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília. Bacharelado em Teologia pela Faculdade Evangélica de Brasília

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