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opinião

Round 6 e a Natureza humana

Round 6 é, sem sombra de dúvidas, uma das séries de maior sucesso dos últimos anos da Netflix.

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Round 6
Round 6 (Foto: Reprodução/Netflix)

Ao assistir a série coreana percebe-se logo de início a proposta materialista de contar o drama de pessoas comuns de classe média que tem em comum dívidas impagáveis que recebem um convite para participar de um jogo macabro.

Neste jogo vidas humanas são literalmente descartadas a cada partida em nome do dinheiro. Me pergunto se nós seríamos capazes de tudo, tudo mesmo, até consentir com a morte de alguém por dinheiro. A palavra de Deus diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1Tm 6:10).

No desenrolar dos episódios, cada vez mais a violência, a barbárie, o desprezo pela dignidade humana, ficavam evidentes em muitas cenas ao ponto eu ficar muito incomodado devido a banalidade do mal. 

Diante de tudo isso eu fiquei me perguntando porquê uma série assim faz tanto sucesso? Será que habita em nós um desejo, uma vontade de potência que precisa ser externada de alguma forma ainda que seja simulando, assistindo uma série e talvez se colocando dentro do “jogo”?  

A tradição cristã ensina que natureza humana é tendenciosa ao pecado e que o ser humano sem Cristo é um ser morto em seus pecados, morto em seus delitos, em sua maldade. A tal banalidade do mal que Hannah Arendt constatou, diz de uma disposição humana para a maldade bem presente em todos nós de forma muito viva porém latente. Esta disposição para a crueldade parece escancarada na série pois a sensação é de que chegamos ao ponto de, lá pelos penúltimos episódios, nem mais nos constrangemos com as mortes tão banais.

Meu objetivo não é apenas criticar por criticar ou falar mal da série pela série. Minha intenção é tentar uma análise do porquê faz tanto sucesso esse tipo de série especialmente no Brasil. Será que o fato da pandemia ter imposto a muitos de nós o isolamento social, causou algum tipo de efeito colateral que nos fez desejar coisas fora da rotina do cotidiano ainda que perigosas ou cruéis?

Tudo isso na verdade parece dizer uma coisa: a nossa carência carece da Graça e da misericórdia de Deus. Nós, humanos, podemos tratar o mal com banalidade assim como a filósofa constatou. Qualquer pessoa é sim capaz de cometer a maior crueldade contra outra alguém. Seja num campo de concentração nazista ou em casa quando alguém, tomado por uma fúria é capaz de dar cabo da vida de o seu próprio marido, filho ou esposa.

Alguns antigos rabinos, em referência a queda no Éden, diziam que a maldade corre em nossas veias como um veneno de serpente. Hoje sabemos que graças a Deus, temos um antídoto, um remédio para esse veneno: o sangue de Jesus Cristo que verteu na Cruz.

Hoje, a Redenção para a nossa maldade, para esse estado de natureza é sim a conversão! Se render a Cristo e viver para Ele! Que nós tenhamos sabedoria. Que nós consigamos entender os tempos interpretá-los à luz das Escrituras. 

Breno Silveira. Teólogo, pós-graduado em História e Geografia. Coordenador do Curso de Teologia da Faculdade Batista de Minas Gerais e do Colégio Batista Mineiro em Belo Horizonte.

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