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Só o evangelho muda a cultura humana

O crente não é uma pessoa alienada, que vive uma cultura totalmente separada da secular.

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Pessoas andando na rua. (Foto: Ryoji Iwata / Unsplash)

O tema de hoje é palpitante: o que é a cultura, como ela foi pervertida pelo pecado e de que modo ela pode ser redimida?

Para nosso enriquecimento cultural e espiritual, procedamos este estudo, tendo como base a verdade inequívoca da Palavra de Deus!

O que é a cultura

Definição de cultura

“Que pessoa sem cultura!” – você certamente já ouviu alguém resmungar essa frase. Trata-se de um preconceito, além de uso equivocado da palavra cultura, já que não há ser humano sem cultura. Ter cultura e ser culto ou bem instruído não é a mesma coisa. Como explica Justo González,

(…) a cultura não é propriedade exclusiva das pessoas que chamamos de cultas. Para se ter cultura não é preciso saber apreciar música clássica, nem poder recitar poemas de cor, nem conhecer história e geografia. Para tê-la, basta ser humano, pois não se pode ser humano sem cultura. Assim entendida, a cultura é a herança comum de todo grupo social. É ela que nos ensina como semear o milho, fiar o algodão, cozinhar a carne, enfim, como viver no ambiente em que vivemos e com os recursos deste ambiente.[1]

Este teólogo ainda conceitua cultura como “o modo pelo qual um grupo humano qualquer se relaciona entre si e com o ambiente circundante”. Ou seja, a forma como a humanidade se relaciona entre si (língua, pintura, escultura, música, dança, cinema, etc.) e com o meio em que vive (agricultura, pecuária, arquitetura, urbanização, tecnologia, etc.) são, num efeito cumulativo, o que chamamos de cultura. Dito de outra forma, é a soma de todas as realizações humanas para seu deleite e bem-estar, quer sejam realizações materiais ou intelectuais.

A cultura dos gentios

A cultura pagã está infectada pelo pecado, visto que as mentes pagãs estão alienadas de Deus e não temem buscar muitas astúcias (Ec 7.29), pervertendo as habilidades e a capacidade de que Deus as dotou. Entre os descrentes, a língua é blasfema, a música é irreverente, a dança é vulgar, as artes são idólatras, o cinema é promíscuo, a arquitetura é soberba, a filosofia é ateísta, a tecnologia por vezes é usada para o mal, os costumes são liberais, a vida é banalizada, a família é desajustada, a violência é exaltada… É o terrível quadro de uma sociedade alienada de Deus.

Evidentemente, isso não quer dizer que o descrente não possa produzir coisas boas, pois, como o próprio Cristo afirmou, “vós, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos seus filhos” (Mt 7.11). A depravação do homem é total em extensão (espírito, alma e corpo estão contaminados pelo pecado), mas não é total em sua intensidade; pois se assim fosse, a humanidade se autodestruiria em segundos!

Por sua misericórdia, graça e soberania, Deus tem permitido que “o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt 5.45), de modo que ambos possam plantar e colher, se alimentar, transformar os recursos naturais e usufruir de dádivas comuns liberadas gentilmente pelo grande Provedor do universo. Ressalte-se que o pecado maculou, mas não anulou a inteligência do homem – se assim fosse, o pecador sequer poderia entender a existência de Deus, compreender o evangelho e fazer consciente confissão de pecados. Porém, a capacidade e as habilidades do descrente precisam serem, pela conversão do coração, redimidas e consagradas a Deus para sua glória e benefício do próximo. Esta é a vontade de Deus!

A cultura do povo de Deus

O crente não é uma pessoa alienada, que vive uma cultura totalmente separada da secular. Não é porque somos santos pelo sangue de Cristo que nos santificou, que devemos agora separar-nos de tudo aquilo que foi produzido por pessoas descrentes. Se assim fosse, como disse Paulo, “vos seria necessário sair do mundo” (1Co 5.10). Isso exigiria de nós sermos transladados imediatamente para outro mundo, onde só existisse crentes criando novas culturas.

Quando a Bíblia diz que “quem está em Cristo nova criatura é, as coisas velhas se passaram e eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17), os termos “nova criatura” e “tudo novo” precisam ser bem entendidos. Não é uma existência distinta da anterior, começando do zero, com coisas totalmente diferentes. Pois, mesmo estando em Cristo, nós ainda temos o mesmo corpo que precisa comer, se banhar, se vestir; continuamos lendo livros, revistas, jornais, ouvindo músicas, assistindo filmes, visitando parques e shoppings, usando a internet, trabalhando e buscando formação e salário melhores, casando e criando filhos, apreciando as cores, tirando fotos e fazendo filmagens, comprando torta, salgados e fazendo festas de aniversário… Resumindo: continuamos humanos, dentro de um contexto inevitavelmente cultural.

Ser uma nova criatura e viver tudo novo diz respeito a uma nova e superior qualidade de vida que nós recebemos em Cristo (“vida com abundância” – Jo 10.10). Não é uma vida sem cultura – o que é impensável –, mas uma vida cujo modo de fazer ou viver cultura expressa acima de tudo nosso temor e obediência a Deus, que “é o dever de todo homem” (Ec 12.13), e nosso novo estilo de vida, conforme a nova natureza que recebemos em Jesus.

Assim sendo, nessa nova vida que recebemos em Cristo, já não devem mais tomar nosso tempo nem nos dar prazer o ritmo frenético e a letra vulgar das músicas seculares, não deve receber nossa audiência os apelativos programas humorísticos da TV, não deve mais atrair nosso olhar a sensualidade dos filmes e das novelas, a violência saturada em muitos telejornais sensacionalistas ou em séries da Tv paga; os jogos nos quais passávamos horas a  fio, não raro até apostando dinheiro também já não mais nos causam interesse; a moda que é ditada pelos artistas renomados do futebol, da música ou do cinema também já não nos escraviza mais… Antes, como disse o apóstolo Paulo, para estas coisas “já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3.3).

A cultura pela qual o povo de Deus deve ter predileção, leva em conta esta orientação bíblica: “tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude [gr. areté, que quer dizer “excelência moral”], e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8). A filosofia de vida do cristão e tudo quanto ele almeja e produz deve estar baseado nestes critérios listados pelo apóstolo Paulo.

O povo de Deus não pode ter uma cultura de vícios, antes deve promover a cultura da moderação e do domínio próprio (Gl 5.22), e em muitos casos até mesmo da abstinência (como é a cultura dos pentecostais recusarem o consumo, mesmo que moderadamente, de bebidas alcoólicas e do fumo. E não faz mal por isso!). Em vez da cultura de escravidão, promover a cultura dos direitos e das liberdades individuais (1Co 7.21).

Ao invés da cultura da violência doméstica e urbana, promover a cultura do amor ao próximo (que é mais que respeito e tolerância, inclusive; o descrente diz, no máximo, “respeite o seu próximo”, mas Jesus diz “ame o seu próximo, inclusive seus inimigos”. Conf. Mt 5.44-48). Ao invés da cultura da sensualidade e da relativização dos costumes, promover a cultura do pudor, da decência e da modéstia (1Tm 2.9-10). Ao invés da cultura de ostentação egoísta, promover a cultura da generosidade (1Tm 6.17-19).

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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