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Pastor lembra que igrejas contemporâneas devem pregar a verdade

Tiago Mattes lidera a Igreja Red em Indaiatuba.

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Pastor Tiago Mattes durante ministração (Foto: Reprodução/Arquivos Pessoais)

Natural do Rio Grande do Sul, o pastor Tiago Mattes vem levando o Evangelho para pessoas que nunca pensaram em fazer parte de uma igreja, através da Red, cujo nome lembra a redenção através do sangue de Jesus Cristo.

Aos 38 anos, exercendo o ministério evangelístico há 21 anos, o pastor lidera a igreja em Indaiatuba, município brasileiro no interior do estado de São Paulo.

Tiago Mattes é casado há 7 anos com Nathali Smirnof Carreira Mattes, com quem tem a pequena Melina. É formado em teologia pelo Seminário Biblico Palavra da Vida (SBPV) e pela Faculdade Teológica Sul Americana (FTSA).

Pastor Thiago Mattes, a esposa, a filha e o pet

Pastor Thiago Mattes, a esposa, a filha e o pet (Foto: Reprodução/Arquivos Pessoais)

Nos últimos anos a Igreja Red ganhou notoriedade pela forma como atua, compartilhando o Evangelho de maneira contemporânea. Nascido em lar cristão, o pastor via a necessidade de fazer igreja de uma forma que os amigos pudessem entender.

“Nasci num lar mergulhado na Palavra de Deus e fui discipulado por pais que amavam a Deus de todo coração. Eles transmitiram de maneira muito especial esse amor para nós filhos”, conta.

O pastor lembra que aos 14 anos teve uma experiência sobrenatural com Deus, que o chamou de volta para perto em um momento em que não estava tão compromissado com sua fé.

“Nunca vou esquecer desse momento e daquela voz dizendo: ‘Tiago, eu te amo e tenho um plano pra sua vida'”, lembra o pastor.

Em entrevista exclusiva ao Gospel Prime, o pastor fala sobre ministério, vida pessoal e liderança. Leia na íntegra:

Quando aconteceu o seu encontro com Jesus Cristo?

Nasci em um lar cristão e tomei uma decisão por Jesus com cerca de 4 anos de idade. Recebi dos meus pais e da minha igreja uma base bíblica muito forte durante minha infância e adolescência. Isso fez toda diferença na minha vida e no meu ministério pastoral.

Gosto de contar uma história interessante sobre minha família. Nós tínhamos versículos bíblicos espalhados por toda a casa: no quarto, no corredor, no banheiro, na sala e na cozinha de casa. Todas as manhãs quando eu acordava, aqueles versículos estavam diante de mim sendo inculcados no meu coração. Havia um versículo gigante na cozinha: “Vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas” (Marcos 16.15). Costumo dizer que aquelas palavras saltaram da parede e foram parar no meu coração. Precisamos resgatar a importância da Palavra de Deus em nossas vidas, ela é realmente viva e poderosa (Hebreus 4.12).

Foi assim que tudo começou na minha vida. Nasci num lar mergulhado na Palavra de Deus e fui discipulado por pais que amavam a Deus de todo coração. Eles transmitiram de maneira muito especial esse amor para nós filhos.

Como foi o seu chamado para o ministério pastoral?

Aos 13 anos de idade me tornei surfista. Eu sou apaixonado pelo mar! Bem nessa fase vivi um momento complicado. Como muitos que nasceram dentro da igreja, comecei a me interessar pelas “coisas do mundo”. Meu compromisso com Deus se esfriou.

Mas eu tinha uma mãe de oração, ela orava todas as noites. Sempre digo que os filhos podem rejeitar as palavras do pais, mas eles não tem poder contra as suas orações!

Foi aos 14 anos, numa noite em que eu estava sozinho em casa, enquanto tocava piano eu experimentei algo que nunca havia experimentado: senti a presença de Deus na sala da minha casa e ouvi a sua voz me chamando para entregar a minha vida pra Ele. Nunca vou esquecer desse momento e daquela voz dizendo: “Tiago, eu te amo e tenho um plano pra sua vida”.

Eu caí de joelhos, fui inundado pela presença de Deus e entreguei minha vida para servir a Deus de tempo integral (sem saber exatamente como e onde seria). A partir dali tudo mudou, da noite pro dia. Com o apoio dos meus pais, da igreja e da minha liderança, comecei a compreender os poucos que Deus me estava chamando ao ministério pastoral. Comecei a estudar teologia aos 15 anos.

Algo interessante aconteceu nessa fase. Eu queria falar de Jesus para os meus amigos não cristãos e decidi leva-los para a igreja. Porém, encontrei muita resistência da parte deles. Comecei a bolar planos e estratégias para leva-los a igreja de maneira mais sutil e pregar o evangelho aos poucos, numa linguagem que eles pudessem entender.

Durante a semana, íamos para a igreja jogar futebol, ping pong, eu criava um ambiente legal pra receber eles, e aos poucos, através de um relacionamento, fui conquistando a confiança deles e falando sobre Jesus. Um dia um deles virou pra mim e disse: “Tiago, o dia que você for pastor e criar uma igreja, nós vamos frequentar a sua igreja”. Foi ali que começou a surgir no meu coração o sonho de uma igreja bíblia mas que fosse também contemporânea e pudesse alcançar meus amigos não cristãos.

Qual o maior desafio de ser uma igreja contemporânea?

O maior desafio de uma igreja contemporânea é não se conformar com a cultura. Muitas igrejas perderam a sua essência e identidade por negociarem a fé e a Palavra de Deus. Vivemos um tempo que qualquer posição bíblica que venhamos a defender é considerada um discurso de ódio. Então em nome do politicamente correto e no anseio de ganhar pessoas, muitas igrejas negociaram a verdade e começaram a pregar um evangelho soft, onde não há mais esforço, santificação ou transformação. Segundo eles, o amor aceita qualquer coisa e justifica esse discurso, porém, é um amor desprovido de verdade.

Como Paulo disse em Efésios 4.15: “Em vez disso, falaremos a verdade em amor, tornando-nos, em todos os aspectos, cada vez mais parecidos com Cristo, que é a cabeça”.

O desafio para as igrejas contemporâneas é esse, pregar a verdade em amor!

Tiago Mattes em culto na Red

Tiago Mattes em culto na Red (Foto: Reprodução/Arquivos Pessoais)

Por que a Red se tornou tão atrativa como igreja?

Uma das razões é porque nós compreendemos algo muito importante: a diferença entre essência e forma. A essência é a igreja como organismo, como corpo de Cristo. A essência tem a ver com a nossa fé, a Palavra de Deus e os seus princípios eternos. Isso é inegociável e nunca mudará! Porém, a forma se refere a igreja como organização, sua estrutura, detalhes que não são essenciais nem foram transmitidas ordem bíblicas a respeito, como o formato do prédio, o tipo da cadeira, a roupa do pastor, a tecnologia, o tipo de música, enfim. Nós decidimos como igreja ser fiéis a essência mas extremamente criativos na forma.

Além disso, nós compreendemos que precisamos ser excelentes em tudo que fazemos. Em Colossenses 3.23, o apóstolo Paulo nos desafia a fazer tudo com bom ânimo e dedicação. Nós decidimos servir a Deus com excelência nos detalhes. Como disse Ludwig Mies: “Deus está nos detalhes”. Construímos e planejamos uma igreja que aponta em cada detalhe para Jesus. Isso é encantador! Nossa estrutura não é um fim em si mesma, mas uma estratégia para levar pessoas a Jesus, organizamos nossa igreja em torno da grande comissão.

Nós vivemos uma crise de liderança no Brasil. Como podemos superar essa crise?

Precisamos de pessoas que amem mais a Deus do que seu ministério ou posição. Infelizmente, muitos líderes estão usando o nome de Jesus para promoverem a si mesmos, para enriquecerem ou tornarem-se populares. Como Pedro disse: “Não façam isso por ganância, mas com o desejo de servir” (1Pedro 5.2).

O caminho para superar essa crise é a compreensão do verdadeiro Evangelho e do chamado que ele nos traz para servir a Deus no mundo através da igreja. Os líderes de hoje precisam entender que a vida não gira em torno deles, que a história não é sobre eles, é sobre Jesus! Precisamos resgatar a consciência da nossa fragilidade, da nossa dependência total da graça de Deus. Isso nos coloca no nosso devido lugar. Carrego sempre no meu coração as palavras de Jesus em João 3.30: “É necessário que ele cresça e que eu diminua”.

O que os cristãos deveriam estar fazendo para impactar o mundo?

Deveriam compreender sua verdadeira identidade e missão no mundo como peregrinos e não como turistas. Nos tornamos omissos pois optamos pelo conforto e pela nossa “realização pessoal”. Nós trocamos o Deus verdadeiro por um “deus” chamado felicidade. Essa é nossa maior idolatria, é a essência do pecado. Continuamos vivendo do jeito que nós queremos e não de acordo com a Palavra de Deus. Nós nos conformamos o mundo, com suas ideologias e narrativas, e esquecemos a verdadeira história por trás de tudo e nosso chamado para servir a Deus onde estivermos.

Deveríamos acordar e dedicar nossas vidas, planos e sonhos a Deus. Precisamos resgatar a consciência de que todo cristão é um missionário, um enviado de Deus, um representante de Jesus em casa, na escola, na faculdade ou no trabalho. Precisamos fazer aquela oração que aprendi logo cedo na minha vida: “Deus não me deixe de fora do que o Senhor está fazendo no mundo”.

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