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opinião

O preconceito contra a fé evangélica

Para alguns, religiosos cultuarem e abraçarem árvores, tudo bem. Algumas celebridades cultuarem as drogas e defenderem até seu uso espiritual, ótimo. Porém, abraçar e seguir a Bíblia é careta e retrógrado.

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Mãos em oração. (Photo by Nathan Dumlao on Unsplash)

Com quase 50 anos de idade, chego à conclusão que sempre houve preconceito contra a fé evangélica. O que mudou nestas duas últimas décadas foram os argumentos.

Na década de 70 e 80, quando vivia no interior do estado do Rio, certa vez, ouvi que “crente é feio, pobre, sem instrução e mora longe” e hoje “alienado, moralista, brega e adepto a teologia da prosperidade”.

Sou um cristão evangélico, sou um pastor batista e sinto claramente que, devido aos valores e princípios que prega a fé evangélica bíblica, de um jeito ou de outro, sempre vai incomodar uma parcela da sociedade.

A despeito dos motivos, existe sim preconceito contra os evangélicos, sempre houve e acredito que sempre haverá. Contudo, não sou um produto em uma garrafa para aceitar rótulos.

Também, não sou vítima e nem vou ter vergonha da minha fé devido a discriminação e preconceito das pessoas. Sou apenas parte de mais um grupo, dos que são alvos do pecado e do preconceito dos homens, assim como o que existe contra negros, pobres, mulheres, refugiados, etc.

Como disse Paulo: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou, e sua graça para comigo não foi em vão; antes, trabalhei mais do que todos eles; contudo, não eu, mas a graça de Deus comigo.” (1 Coríntios 15:10) e por isto, “Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.” (Romanos 1:16)

Percebo hoje que, cada vez mais, a incredulidade religiosa é saudada como racional e esclarecida, ao passo que, a fé é rotulada como retrógrada e obscurantista, em especial a fé cristã. Para alguns, não existe nenhum problema em desenvolvermos uma fé panteísta e acreditar em qualquer coisa; o problema é seguir Jesus Cristo como Senhor e Salvador e declarar fé em Deus através da Bíblia.

Eu realmente gostaria de saber por que a fé em Deus, incomoda um crescente número de pessoas, em particular a fé monoteísta, professada pelos cristãos? Porque o simples fato de uma pessoa ter sua cosmovisão influenciada pela existência de Deus incomoda algumas pessoas, suscitando até mesmo ódio? Só posso entender isto numa perspectiva espiritual.

Disse Paulo em sua primeira carta aos Coríntios: “Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente.” (1 Coríntios: 2:14).

A atitude anti-religiosa não é nova na história da humanidade – na do Ocidente, em particular. Ela vicejou em algumas correntes filosóficas da Grécia Antiga, tais como: os céticos (Pirro, Tímon, Arcesilau e Carnéades), descritos como os primeiros relativistas da filosofia, e os epicureus (Epicuro, Lucrécio), tidos como os primeiros humanistas liberais.

Geralmente, emprega-se duas teses mais básicas de convencimento: primeiro, que a fé deixa as pessoas alienadas e ignorantes. Segundo, que ela é agente de guerras e conflitos. Em particular, para os que crêem em Deus e professam a fé cristã, o óbvio mostra claramente que essas são inverdades, basta uma breve olhada na história. Por exemplo, o legado do Iluminismo.

Grandes nomes do Iluminismo eram religiosos, como Isaac Newton (foi devotamente religioso e via os números como envolvidos no entendimento do plano de Deus, na Bíblia, para a história. Ele produziu uma grande quantia de trabalho sobre numerologia bíblica) e René Descartes. Grandes universidades da Europa, dos EUA e muitas do Brasil são cristãs, sendo que os países que mais registraram patentes em todo mundo nos últimos 2 séculos são cristãos em sua maioria populacional (a única exceção é o Japão).

A fé cristã nunca se opôs a ciência. Jesus nunca pegou em armas para defender Deus. Jesus sempre foi um pacificador, e nos ensinou a baixar as armas. Julgar generalizadamente mais de 2 bilhões de cristãos em toda cristandade de ignorantes e promotores de guerra, é no mínimo tendencioso e unilateralista. Alguns julgam todos os cristãos por erros cometidos por líderes ou por movimentos históricos, como as Cruzadas, o Holocausto ou os conflitos entre Católicos e Protestantes na Grã-Bretanha.

A bola da vez é o criacionismo. Nos últimos anos, cientistas e divulgadores da ciência têm se empenhado em combater as teses de que o mundo, a vida e a humanidade são simplesmente obras divinas, defendendo então o evolucionismo descrito por Charles Darwin.

No entanto, parece que essa batalha chega a um ponto culminante: só no mês de maio deste ano, diferentes artigos, notícias e entrevistas tratando do assunto emergiram em alguns dos principais veículos de imprensa brasileiros, possibilitando aos leitores ter uma ideia da celeuma que tem movimentado o universo da ciência.

Na mesma linha, alguns cientistas denominados ateus, tem recebido muita visibilidade da mídia. O biólogo e professor Clinton Richard Dawkins, queniano de nascimento e britânico de nacionalidade, o jornalista britânico de nascimento e norte-americano de residência Christopher Hitchens (este tem uma contradição que começa com o seu nome, Christopher grego “portador de Cristo”) e também o matemático norte-americano John Allen Paulos (este último um pouco mais moderado que os anteriores), todos descobriram um filão nas livrarias:  escreveram livros para combater a fé em Deus. Fico pensando, se Deus não existe, o melhor não seria ignorá-lo?

Combater a fé virou moda e, mais que isso, é “cult” e vende muitos livros! A Folha de São Paulo, no dia 17 de Agosto de 2010, publicou uma matéria especial no caderno +Mais, resultado de matérias de repórteres enviados a 7 diferentes cidades norte-americanas, que produziram 6 páginas de matérias, somente observando os pontos negativos ao chamado “Mercado de Religiões”. Será que só existe pontos negativos? Penso que virar as costas para os valores do homem e da família, de princípios de fraternidade, igualdade, liberdade, justiça e democracia, sustentados pela fé cristã durante mais de 20 séculos, pode custar muito caro a nossa civilização ocidental.  Creio que podemos até viver sem Deus; vamos viver mal, mas vamos viver. Agora, morrer sem Ele é que será o maior problema.

O problema das religiões está no ser humano e não em Deus. Onde o homem está, aí existem problemas e soluções. A religião não é coisa de Deus, é uma filosofia humana na tentativa de chegar até Deus, por isto, são tão pobres e falhas.

No entanto,  Deus está muito acima de tudo isto! Ele sim, é divino e sem defeitos. Tire seu foco das religiões e dos homens e coloque seu foco e sua fé na pessoa de Deus, através do Seu filho redentor Jesus Cristo. Este sim, veio enviado do divino ao homem mortal! Para ajudar nesta jornada, tenha menos preconceito com aqueles que já fazem esta caminhada de vida.

Para alguns, religiosos cultuarem e abraçarem árvores, tudo bem. Algumas celebridades cultuarem as drogas e defenderem até seu uso espiritual, ótimo. Porém, abraçar e seguir a Bíblia é careta e retrógrado.

Temos que aceitar que esta é a realidade. Que respeitemos a fé alheia e cada um colha o que escolhe e planta em sua vida física e espiritual.

Pessoalmente, eu escolhi não apenas o que é bom e correto, eu escolhi o que é de Deus, da sua Palavra e do Evangelho de Cristo para minha vida. Como está Escrito: “Mas o meu justo viverá pela fé. E, se retroceder, não me agradarei dele”(Hebreus 10:38).

Carlito Paes, pastor Batista, Palestrante e Escritor. Bacharel e Mestre em Teologia, Pastor Líder da Igreja da Cidade em S. J. dos Campos-SP. Fundador da Rede de Igrejas da Cidade e da Rede Inspire de Igrejas, autor de 26 livros públicados pelas Editoras Vida e Inspire e fundador de diversas organizações ministeriais como Colégio Inspire! Escreve semanalmente para o Jornal O Vale e para o Gospel Prime, casado com Leila Paes, pastora e psicóloga, vivem em SJC desde de 1997 com 4 filhos!

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