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“Não teremos um governo mundial tão rapidamente”, acredita teólogo
Angelo Bazzo fala sobre igreja, geopolítica e apocalipse em entrevista exclusiva ao Gospel Prime.
Propostas e sugestões sobre um governo único mundial têm sido aventadas para o combate à pandemia de coronavírus e são entendidas por muitos estudiosos como preparação do governo do Anticristo.
Mas para Angelo Bazzo, “não teremos um governo mundial tão rapidamente”. Pastor sênior da Igreja Cristã Convergência, em Monte Mor (SP), ele entende que há um fator preponderante na geopolítica mundial que não deve ser ignorado: o islamismo.
“Os governantes das nações que seguem esse pensamento [islã] não se encaixam nos nossos espectros binomiais de esquerda e direita. É uma forma de pensar diferente. O fato é que nós temos uma geopolítica muito focada no Ocidente”, explica.
Para o teólogo e colunista do Gospel Prime, um futuro governo mundial seria “fruto de um acordo relativista oriundo de uma perspectiva pós-moderna de nossa sociedade ocidental”.
Citando o islamismo como uma religião que ensina “essencialmente a submissão”, ele explica que o governo único pode ser fruto de imposição através de guerras ou pressões políticas, colocando governos contrários “no cabresto”.
Levando em conta a polarização política, Bazzo cita pelo menos três grupos diferentes oriundos desse movimento: nações progressistas, conservadoras e islâmicas. Assim, as guerras terão características diferentes.
“Guerras civis onde grupos ideológicos e de diversas matizes proclamarão guerra às soberanias nacionais e guerras econômicas, onde governos vão reagir às pressões externas se fechando para nações com ideologias contrárias”, pontua.
Nesse contexto, ele vê “a coisa ficando feia” quando tais nações fizerem alianças internacionais. Alerta para o Irã – que tem aumentado seu poder bélico e nuclear – e a Turquia, duas repúblicas islâmicas.
“Devemos observar até quando eles [Irã e Turquia] vão suportar as pressões no oriente e suas relações com China e Rússia. Acredito que desse contexto surgirá algo novo – uma síntese ainda não vista de governo que une religião/política e economia”, enfatiza.
Como a igreja deve se portar?
“Sempre teremos extremos a serem evitados no processo de cumprirmos a grande comissão”, adverte. Enfatiza que “não devemos perder o foco na pregação do evangelho do Reino”.
“Ao mesmo tempo que cumprimos a grande comissão – devemos continuamente buscarmos por reformas internas na igreja. E, de todas as reformas necessárias, a mais importante em minha opinião é responder à pergunta: o que é o evangelho do Reino?”, afirma.
Para ele, é preciso “evitar a todo custo o escapismo”. Cita que uma “ênfase errada na escatologia” levou a igreja a olhar para o mundo “como uma embarcação que afundava”. Logo, “de que adiantaria limpar o convés de um navio que afunda?”.
Tal teologia, segundo ele, levou muitos cristãos a olhar apenas para igreja, questionando assim, o sentido de entrar “na arena pública, se tudo vai ‘queimar'”.
O pensamento escapista, por outro lado, acabou criando uma mentalidade triunfalista “que acredita num mundo que vai melhorar cada vez mais e que tal melhora viria por meio de avivamentos”.
“Ao que me parece, Jesus não teria muito o que fazer em seu retorno nesse mundo”, ironiza.
Em sua perspectiva, a igreja deve lutar pelas liberdades individuais e de expressão, mas é importante entender que “a liberdade que buscamos não é a mesma que o mundo busca”.
“Nosso engajamento cultural deve existir com uma mentalidade da bacia e da toalha (João 13)”, explica. “Estamos aqui por amor a um mundo caído que Deus ama. Somos chamados a expressar o amor, tanto na evangelização dos povos, como na política”, completa.
Salienta, contudo, que “sobriedade é necessária, pois no fim das contas – a expressão do amor está na cruz – e se amarmos como Jesus amou e não como o mundo ama – teremos uma caridade que diz não a idolatria do indivíduo e do Estado – e dessa forma – os idólatras tanto da direita quanto da esquerda vão nos perseguir e matar”.
Conclui lembrando os cristãos que “martírio é nosso destino, não o escapismo ou o triunfalismo”.
“Maranata!”.
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