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opinião

Mulher pode ser pastora?

Paulo motiva as mulheres a exercerem publicamente quaisquer ministério ou dons do Espírito Santo.

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Saddleback consagra pastoras
Saddleback consagra pastoras (Foto: Reprodução/Saddleback)

Talvez não exista assunto mais polemizado entre o povo de Deus do que este. Ainda mais nos últimos anos, com a ascensão do feminismo e do femismo como uma enchente.

E como é o apóstolo Paulo que expõe este assunto na Bíblia, muitos o acusam de machista. Não é o caso. Porque existem mulheres que concordam que mulheres não devem ser pastoras, e homens que consentem que mulheres possam exercer o ofício pastoral sem problema. Assim, não se trata de uma questão de machismo, mas sim, de interpretação bíblica.

Uma coisa deve ficar clara logo de cara, que a Bíblia diz: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas” (At 10:34). Então, veja que Deus ama e valoriza a mulher tanto quanto ele valoriza o homem e a mulher de forma equânime… apesar de dizerem as más línguas que só o gaúcho sabe valorizar a mulher; já que a mulher veio da costela de Adão, e a costela, é a melhor parte (risos).

Bom o texto de I Tm 2:11-12 diz: “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição;
não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio”. Este texto, no entanto, é melhor entendido à luz de 1 Co 14:34-35, a partir do qual é possível inferir que Deus, como regra geral, entregou papéis diferentes para homens e mulheres. Isso é resultado da forma como a humanidade foi criada (I I Tm 2:13).

Existem algumas vertentes de interpretação teológica que discutem se a mulher pode ou não ser pastora. Eis as 4 vertentes interpretativas mais comuns e seus respectivos argumentos:

1 – Alguns teólogos tentam inferir que apenas no primeiro século a mulher não podia ser pastora. Isso porque, no primeiro século, as mulheres não possuíam uma educação formal. Mas em nenhum momento Paulo menciona posição acadêmica. Portanto, esta interpretação não encontra nenhum respaldo bíblico.

2 – A segunda possível interpretação dada por alguns teólogos é que Paulo possa ter proibido somente as mulheres de Éfeso de ensinar. Quando Paulo escreveu a carta a Timóteo, Timóteo era pastor da igreja de Éfeso, e a cidade de Éfeso era onde ficava o templo da deusa Ártemis. E as mulheres eram autoridades da deusa. Mas, novamente, em nenhum lugar do texto Paulo faz referência à deusa Ártemis. Portanto, esta teoria também é falaciosa. Não se sustenta biblicamente.

3 – Uma terceira possível interpretação é que Paulo estivesse se referindo apenas a esposas, não a mulheres no geral. Mas não tem nada no contexto da carta a Timóteo que possa sustentar essa teoria. Então, aqui vai mais uma teoria sem sustentação bíblica.

4 – A quarta possível interpretação é a de que a mulher pode exercer um cargo de liderança eclesiástica ou de autoridade e influência sobre o povo de Deus, se dentro do grupo em que ela está inserida há falta de outros homens aptos para exercer o cargo. Para chegar à esta conclusão, é preciso enxergar o texto de I Tm 2:11-12 à luz de outros textos do Antigo e Novo Testamentos de contexto análogo. A Bíblia dá exemplo de mulheres que ocuparam cargos de liderança onde parecia haver escassez de homens tão aptos à tarefa: Débora (quarta juíza de Israel – única mulher entre 13 juízes homens), Hulda (única profetiza mulher entre dúzias de profetas homens mencionados no Antigo Testamento. Lembrando que esses nomes citados são referentes a mulheres líderes numa era anterior à igreja. Já na era da igreja, vemos alguns exemplos de liderança feminina como excessão à regra: Priscila (esposa de Áquila). Em At 18:26 é dito que Priscilla, junto com Áquila, discipulou/ensinou Apolo. Ou seja, para todos os efeitos, Priscila exerceu um cargo de mestre sobre Apolo – que era homem (mas como exceção à regra, uma vez que a Bíblia não menciona outras mestras). E ainda assim, ela estava submissa à liderança do marido. Uma pergunta que vale a reflexão é: dentre as mulheres que exercem o cargo pastoral hoje, quantas são excessão? Como saber? Basta responder 2 perguntas: primeiro, ela está sob a liderança de um homem? Segundo, ela é comprovadamente apta a liderar e a ensinar acima da média dos homens da congregação?

Por outro lado, Paulo motiva as mulheres a exercerem publicamente quaisquer ministério ou dons do Espírito Santo em que elas são excelentes. Por exemplo: hospitalidade, misericórdia, profetizar etc (I Co 11:5), e evangelizar (Mt 28:18-20).

Em suma, o pastorado feminino, ou o chamado de episcopisa (feminino de bispo) ou pastora (pois apóstola não existe), é um chamado de exceção, não de regra. Desse modo, podemos dizer que o chamado pastoral feminino, se visto a partir de uma ótica interpretativa bíblica sóbria, é tanto “complementarista” (um cargo exercido geralmente por homens), quanto “igualitário” (um cargo exercido também por mulheres pontualmente), talvez melhor configurado como dentro da linguagem teológica mais específica como “complementarismo estreito”. Do mesmo modo que existe a exceção para o batismo nos modelos de aspersão e efusão, no lugar do modelo bíblico ideal, que é o de imersão (o modelo de batismo de Jesus).

O problema se dá, ao me ver, quando alguns movimentos denominacionais de linhas mais liberais, tentam apresentar o chamado pastoral feminino como regra. Isso é uma distorção do padrão bíblico, à luz da interpretação bíblica mais coerente.

Deus te abençoe muitíssimo.

Bacharel em teologia pela Faculdade Teológica e Apologética Dr. Walter Martin e mestrando em teologia ministerial pela Carolina University - Winston-Salem/NC/EUA. Pastor sênior da Igreja Batista Candelária em Candeias, PE, desde 2016. Escritor - autor do livro: Endireita-te com Deus - 7 Passos para uma Vida Emocional e Espiritual Plena. Casado com Shirley Costa, e pai do João Gabriel.

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