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Morre presidente do Irã em acidente de helicóptero

Ebrahim Raisi era um radical que aprofundou perseguição aos cristãos.

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Ebrahim Raisi (Foto:Jason DeCrow/AP)

O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, faleceu aos 63 anos na manhã deste domingo, 19, após um acidente de helicóptero em uma região montanhosa próxima à fronteira com o Azerbaijão. Segundo a imprensa oficial, as más condições climáticas, incluindo chuva, ventos fortes e neblina espessa, foram responsáveis pela tragédia.

A bordo do helicóptero estavam Malek Rahmati, governador da província do Azerbaijão Oriental, Hojjatoleslam Al Hashem, líder religioso, e outros cinco ocupantes, totalizando oito pessoas. Todos morreram no acidente. A queda ocorreu por volta das 13h (horário local, 6h em Brasília), mas a aeronave só foi encontrada cerca de 12 horas depois, na madrugada desta segunda-feira. As operações de resgate foram dificultadas pelo mau tempo e pela localização remota, mas o helicóptero foi finalmente avistado graças a um drone enviado pela Turquia com sensores de calor.

Sayyid Ebrahim Raisol-Sadati, conhecido como Ebrahim Raisi, nasceu em 14 de dezembro de 1960, em Meshed, perto da fronteira com o Turcomenistão. Considerado um clérigo linha-dura próximo do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, Raisi iniciou sua carreira como promotor no início dos anos 1980. Em 1994, tornou-se procurador-geral de Teerã e, em 2019, foi nomeado chefe do Judiciário iraniano. Ele foi eleito presidente do Irã em 2021, em uma eleição controversa marcada por baixa participação e a exclusão de adversários pelo Conselho de Guardiães da Constituição.

A trajetória de Raisi é marcada por polêmicas e ações repressivas. Na década de 1980, ele participou das “comissões da morte,” responsáveis pela execução de cerca de 5 mil militantes opositores. Em 2019, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou Raisi, citando seu papel nas execuções e em abusos judiciais contra crianças. Sob seu governo, o Irã reagiu com violência a protestos, incluindo a repressão aos manifestantes após a morte de Mahsa Amini, resultando em mais de 500 mortes, segundo a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos (Hrana).

No cenário internacional, o governo de Raisi viu uma escalada de tensões com Israel. Em abril, após um ataque israelense à embaixada iraniana na Síria, que matou sete membros da Guarda Revolucionária, o Irã retaliou, resultando em uma troca de ataques. Analistas sugerem que, diante das limitações militares, o Irã pode considerar a opção nuclear como um último recurso de dissuasão.

O Irã é conhecido pela perseguição às minorias religiosas, incluindo os cristãos. A ONU e o Departamento de Estado dos EUA condenaram repetidamente essas ações. Relatórios indicam que, apesar da perseguição, o número de cristãos continua a crescer no país. Em 2023, houve um aumento nas prisões e punições de cristãos, incluindo sentenças de prisão, multas e flagelação.

A morte de Raisi aprofunda a crise política e social no Irã, trazendo incertezas sobre o futuro do governo e da liderança do país. As repercussões dessa tragédia serão sentidas tanto internamente quanto nas relações internacionais do Irã, potencialmente alterando a dinâmica política e as estratégias diplomáticas do país em um momento já marcado por tensões e desafios significativos.

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