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estudos bíblicos

Jesus – Sumo sacerdote de uma ordem superior

“Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam” (Hb 10.1).

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Sumo Sacerdote. (Foto: Reprodução)

Melquisedeque, um tipo de Cristo

Esdras Bentho apresenta-nos pelo menos cinco características de um tipo legítimo (4). Apresentamos resumidamente abaixo por acreditar que será útil ao estudo da presente lição, bem como de toda a carta aos Hebreus:

a) Tanto tipo [que prefigura] como antítipo [que é prefigurado] são realidades históricas que se correspondem.

Por esta característica do tipo e do antítipo podemos aceitar sem objeções que Melquisedeque foi um personagem tão real quanto Cristo o é! Portanto, não devemos aceitar a teoria de que Melquisedeque seja um personagem fictício, já que ele precisa representar antecipadamente um personagem real, que é o nosso Senhor Jesus.

O episódio em que Melquisedeque é citado pela primeira vez, dando pão e vinho a Abrão, recebendo dele o dízimo e o abençoando, é tratado com literalidade em Gênesis 14.18-20; o autor de Hebreus, único a citar Melquisedeque no Novo Testamento, lida com aquele episódio como um episódio histórico. Assim devemos fazer o mesmo.

Quando a Bíblia diz “sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida” (Hb 7.3), isto não implica em que Melquisedeque tenha sido um anjo, uma manifestação teofânica ou um homem criado como Adão e que não provou a morte. Antes, significa tão-somente que não há quaisquer registros dessas informações, e que tal silêncio bíblico atende bem ao propósito de mostrar que também Cristo, enquanto Sumo Sacerdote, não obedece a uma linhagem humana (embora, como Filho do homem, ele tenha linhagem humana, e tal linhagem é ressaltada quando queremos defender a humanidade perfeita de Jesus).

b) Entre o tipo e o antítipo deve haver algum ponto importante de analogia

O autor da carta aos Hebreus se encarrega de trazer-nos, desde o quinto capítulo, mas especialmente no sétimo, a analogia, ou seja, similaridade entre Melquisedeque e Cristo.

Vejamos algumas delas abaixo:

c) O tipo sempre apresenta um caráter preditivo e descritivo

Vemos esta característica em Melquisedeque, cujo sacerdócio “predizia” uma nova ordem sacerdotal a ser estabelecida por Deus em Cristo, que não seria temporal nem imperfeita como a que veio a ser estabelecida nos descendentes de Levi, começando por Arão e seus filhos. O único texto no Antigo Testamento que confira este caráter profético e tipológico do sacerdócio de Melquisedeque é Salmos 110.4: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque”.

O autor de Hebreus faz reiterada menção desse texto profético dos Salmos (Hb 5.6; 6.20; 7.17,21), confirmando ser este um Salmo messiânico, onde o Pai (“Disse o SENHOR…”) está declarando sobre o Filho (“…a meu Senhor”): “tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque”. Melquisedeque, portanto, não é uma manifestação cristofânica (ou seja, Cristo pré-encarnado), até porque Cristo não poderia ser rei antes da cruz e da ressurreição, quando Deus “lhe deu um nome que está acima de todo nome” (Fp 2.9; Mt 28.18)!

Milhões e milhões de santos declaram a dignidade de Cristo para o reino, o poder e a majestade, porque ele sofreu a morte: “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças” (Ap 5.12). Portanto, Melquisedeque não é Jesus, mas tem um caráter que aponta para Jesus que viria muito depois dele.

d) O tipo é determinado pelo próprio Deus

Não “achamos” que Melquisedeque é um personagem que prefigura Cristo. Temos certeza disso! A Palavra, que é inerrante e infalível, nos confirma isso, especialmente numa combinação do Salmo 110 com os capítulos 5 a 7 de Hebreus.

Nas palavras do salmista, é Deus, não um profeta, um sacerdote ou um escriba quem toma Melquisedeque como tipo do Messias: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 110.4).

Portanto, como bem enfatiza Esdras Bentho, “o tipo não é fantasia humana; ao contrário, responde ao programa da revelação estabelecida por Deus desde o princípio, com visão global de toda história da salvação”

e) Um verdadeiro tipo apresenta bases neotestamentárias

Para a pergunta “como sabermos que Deus através de um ato, personagem ou coisa prefigure outra personagem, acontecimento ou fato real?”, Esdras Bentho responde: “Sem qualquer dúvida, o Novo Testamento deve ser o parâmetro para filtrar qualquer tipo”. Segundo este teólogo, “a Epístola aos Hebreus cuja metodologia hermenêutica é o uso da tipologia”.

De fato, mais que estabelecer comparações entre personagens ou elementos da religião judaica, o autor de Hebreus percebe que há uma exata correspondência entre “aquilo” e “isto”, ou “aqueles” e “este”, ou entre as figuras do Antigo Testamento e a pessoa de Jesus Cristo.

O que temos percebido desde o início do trimestre, quando estudamos os primeiros capítulos de Hebreus. Assim, para que tenhamos absoluta certeza de estarmos lidando com um tipo verdadeiro (chamado de tipo inato, para contrastar com o tipo inferido, que não tem explícita menção neotestamentária como tal), devemos nos perguntar: Jesus, os apóstolos e autores do Novo Testamento lidaram com esta pessoa ou coisa como uma figura de Cristo?

No caso de Melquisedeque, isto está claro como a luz do sol ao meio dia sem nuvens!

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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