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Descubra como a “inovação de Acaz” tomou conta da igreja de Cristo nos nossos dias

Uma reflexão oportuna aqui é, até onde inovar dentro dos muros do evangelho e não abandonar os princípios estabelecidos por Deus?

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Como a igreja falará à sua geração comunicando o evangelho da Graça de Cristo, de forma bíblica e contextualizada, é o grande colosso a ser desbravado e vencido. Tanto por parte dos lideres, como dos crentes de modo geral.

Inovar é uma palavra originada do latim que quer dizer, no primeiro momento renovar, mudar. No sentido mais amplo significa, alterar, converter, deslocar, desviar ou diversificar. No mundo tecnológico a “inovação” é a palavra regente. Mas, no cristianismo ela pode possuir muitos pesos e significados, e isso requer muito discernimento e equilíbrio bíblico.

Sempre penso sobre isso, mas lendo o capítulo 17 do segundo livro de Reis me deparei com um líder para lá de inovador, empreendedor, Acaz, neto de Uzias, que aos 21 anos começou a liderar como rei de Judá. Este parece não ter tido problemas éticos, ou de consciência, e não pensou duas vezes ao fazer grandes inovações e mudanças importantes no período do seu reinado, principalmente no templo e na forma de adoração de Israel.

Lembrando que as metragens da planta do Tabernáculo foram cuidadosamente recomendadas, com detalhes minuciosos dos móveis, bem como as suas disposições, os horários de adoração e modos de se executar os sacrifícios. Tudo prescrito pelo próprio Deus e entregue para Moisés logo após o Êxodo. Posteriormente, essas medidas foram ampliadas na construção do templo de Salomão, mas, sempre seguindo como base, o primeiro modelo que foi dado ao profeta Moisés no monte Sinai.

Tempos depois, o rei Acaz está bem empenhado em copiar as formas de adoração das nações ao redor de Israel, inclusive, chegando ao cúmulo de oferecer o próprio filho em holocausto. E, ao fazer uma viagem especial à Damasco, com o fim de agradecer ao Rei Tiglate-Pileser pela ajuda e parceria no combate contra os seus inimigos, Acaz, passeando naquela cidade, viu um novo modelo de altar, e ficou impressionado com o seu tamanho e beleza. Logo passou a anotar as suas medidas, e fazer um esboço caprichado para enviar ao sacerdote em Judá.

O sacerdote em posse da descrição detalhada do “novo modelo de altar”, passou a executá-lo, tal e qual o visto na capital da Síria, e isso em tempo recorde. Pois, quando Acaz retornou a Jerusalém ele já estava pronto para a inauguração.

Acaz passou então a estabelecer mudanças inovadoras no quesito culto. E a principal delas ficou por conta de se fazer os sacrifícios pacíficos e de comunhão, iguais aos que Salomão fez na época da dedicação do templo, mas, dessa vez no Altar copiado de Damasco. Vejam só! Esse tipo de sacrifício significava, sobretudo, busca de uma comunhão com o Senhor, de uma intimidade e adoração.

Em seguida, Acaz mandou que o “velho altar” fosse colocado de escanteio, em outro lugar.

Em algum ponto de sua jornada, este rei achou que o que fazia agradava, tanto aos deuses de Damasco e dos povos ao redor, quanto ao Deus de Israel.

Nos Livros de Crônicas veremos que ele foi abandonado e traído, justamente, pelo rei que tentou copiar. E, principalmente, foi reprovado pelo Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. E a nação de Israel pagou caro pelo grave equívoco do seu líder.  “O Senhor humilhou Judá por causa dos maus atos de Acaz, rei de Israel, porque ele havia destruído o caráter espiritual de Judá e tinha sido infiel ao Senhor”. II Cr 28.19

Uma reflexão oportuna aqui é, até onde inovar dentro dos muros do evangelho e não  abandonar os princípios estabelecidos por Deus?

O avanço do evangelho é principalmente, parte da glória de Cristo. E Ele deseja, de todos os discípulos, necessariamente, uma obediência absoluta à sua palavra. Quando a inovação e a técnica passam a ser um fim em si mesmo, a ponto de ser considerada a força propulsora do crescimento de uma igreja, ou o único modo de se falar ao coração de alguém, então estas técnicas e instrumentalização acabam por atentar contra a glória do evangelho, que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

Um outro questionamento também é, por que tantos líderes de igreja atuais acham-se completamente à vontade no quesito modernidade? Namoram as inovações, buscando copiar moldes e medidas do entorno, e sem cerimonias adequam a linguagem, o modo de vestir, o jeito de se portar. Rosas, copos de água, ternos descolados. Anotam todas as medidas do “altar” sob a tutela da identificação e contextualização.

Mas é bom lembrar que, no afã de falar a mesma língua dos povos ao nosso redor corremos o risco de afastar também o “velho altar” e até perdê-lo  de vista.  

Por outro lado, temos o código de conduta mais atualizado, contemporâneo e adequado, que são as Santas Escrituras. E de lá podemos retirar tudo o que precisamos, e passar no crivo da sua santidade, e conveniência. Para não fazer do culto um altar ao homem, e nem fazer do evangelho uma escultura deformada pelo humanismo, “amenizando” a Glória de Cristo.

Davi parece ter entendido bem que se não está na Lei não glorifica a Cristo, por isso o apego dele às Sagradas Escrituras. “Dê-me capacidade de aplicar a sua lei; assim obedecerei a ela de todo o coração”.

E, “Percebi que aqui na terra não existe coisa alguma absolutamente perfeita. Somente os seus mandamentos são totalmente justos e perfeitos”. Sl 119.34,96

Jornalista e escritora, com um livro publicado "Feminilidade Bíblica - Repensando o papel da mulher à luz de cantares", e também escritora de livro didático. Casada com Nelson Ferreira, pastor da IPB, mãe da Acsa e avó da Clarisse. Em breve publicará seu primeiro romance .

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