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Elul – um “novembro” pra o Judaísmo?

A expectativa com que se aguarda o novo ano dos judeus

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Judeus no muro das lamentações. (Anton Mislawsky / Unsplash)

É comum muitas pessoas no ocidente começarem seus preparativos para as festas de fim de ano em novembro. A expectativa para o Natal e o Réveillon são geradas um mês antes, desde as superstições com comidas, tipos de roupas e um conjunto de ritos de vários credos diferentes.

No mundo judaico não é diferente. A expectativa com que se aguarda o novo ano dos judeus, chamado Rosh Hashana (cabeça do ano), também começa no mês anterior, no entanto, é normal que a maior parte destes preparos e ritos esteja ligada totalmente aos aspectos religiosos deste povo.

De acordo com a tradição judaica, o Ano Novo de Israel, chamado de Rosh Hashaná, é o dia em que Deus julga decretos a todas as almas em relação ao próximo ano. O que torna o mês anterior um limiar de um novo ciclo.

O calendário judaico é baseado no ciclo lunar, ou seja, a lua orbita em volta da terra, não se trata do ciclo solar. Assim, há razões muito específicas para pensarmos que a terra trabalha girando em torno do sol.

  • Cada mês começa com o surgimento da Lua Nova, e a mesma pode ser observada de qualquer lugar do planeta Terra. Porém, a tradição denomina o começo de cada mês como: Rosh Chodesh (cabeça do mês).
  • Diferente das estações climáticas, a lua nova no Brasil é a mesma Lua Nova em Jerusalém, ou seja, mesmo com os fusos horários, todos estão seguindo um padrão através dos astros.
  • Uma vez que o ciclo lunar é de 29 (½) dias no mês, o meio do mês cai no dia 14 ou 15 com a lua cheia, que conecta com a saída do Egito no primeiro mês da contagem religiosa anual, chamado de Nissan, e que se alinha aos ciclos agrícolas.

Assim, existem duas contagens para o povo, uma religiosa e outra civil, que não deixa de carregar vários símbolos e conceitos espirituais.

Os ciclos de Deus

O Senhor revelou à Moisés, no monte Sinai, sete festas que são divididas em dois ciclos. São eles: Ciclo da Primavera que começa na festa de Páscoa e se encerra em Pentecostes. O segundo, chamado Ciclo de Outono se inicia nas Trombetas e se encerra em Tabernáculos.

Elul é o 12° mês do ano civil judaico e o 6° mês do ano religioso no calendário hebraico. De acordo com o calendário gregoriano, utilizado oficialmente pelo Brasil e na maioria dos países, Elul geralmente cai entre agosto e setembro. Em 2021, 6 de setembro será o último dia do ano judaico, vindo em seguida a cabeça do mês do 7° mês do calendário chamado Tishrey.

Assim, essa cabeça do mês é a mais importante de todo ciclo do calendário de Israel. Por isso, ao invés de se chamar: Rosh Chodesh (cabeça do mês), se chama Rosh Hashana (cabeça do ano).

O Memorial deve ser guardado no dia 1º de Tishrey. Mas o ato de contrição e reflexão começa na lua nova de Elul, no Rosh Codesh. (cabeça do mês) No livro de Salmos, encontramos referências interessantes: “Tocai a trombeta na lua nova, na lua cheia, no dia da nossa festa” (Salmo 81.3). Nesse Salmo encontramos o tocar da trombeta na lua nova, que é a primeira do mês e também chamada de “o dia de nossa festa”.

Ao adentrar no mês de Elul tem início o período em que  as ações do ano anterior são examinadas e se faz um balanço e uma autoavaliação do desenvolvimento e crescimento pessoal. Há muitos costumes associados ao mês de Elul. Durante Elul, costuma-se ter as mezuzot (memorial das portas) e os tefilin (memorial de reza) examinados por um sofêr- escriba especializado. A pessoa é instruída também a ser mais cuidadosa na área de cashrut (dieta alimentar).

O sexto mês para Israel

É importante compreender que este preceito da 5ª festa do ciclo, chamada de Festa das Trombetas, citada em Levítico 23, apesar de receber apenas este nome biblicamente, é uma tradição também chama-la de Rosh Hashaná.

Por isso, um mês antes da chegada de Rosh Hashaná é feito o anúncio pelo som do Shofar, que representa a trombeta bíblica. O shofar é tocado a cada manhã, durante todos os dias da semana, exceto no shabat e na véspera de Yom Teruá.

Esta interrupção é feita para distinguir entre o shofar tocado durante Elul – feito sem pronunciar nenhuma bênção, pois é realizado por costume e tradição e não por ordem da Torá – e o toque do shofar em Rosh Hashaná, que é um mandamento bíblico, como vimos a cima. O costume de tocar o shofar desde o primeiro dia de Elul vem desde os dias de Moisés segundo os sábios.

Na véspera do primeiro dia do mês de Elul, Ele retornou, mas suas preces não haviam sido totalmente atendidas. Finalmente, Moisés subiu ao Sinai pela terceira vez. Os quarenta dias terminaram em 10 de Tishrey – Yom Kipur – quando Moisés desceu, trazendo consigo as segundas Tábuas e a Divina mensagem de perdão. Desde então, os sábios nos dizem que os quarenta dias que vão do início de Elul até Yom Kipur permanecem como dias de graça Divina e perdão especiais, culminando no Dia da Expiação. Assim, o toque do shofar durante o mês de Elul é uma chamada para o arrependimento e uma preparação para o novo ano. Sendo o último mês do ano, é uma época propícia para a busca interior e um balanço espiritual.

Mas é também o mês bíblico que o Senhor pode gerar novidades em nossas vidas, pois foi neste mês que o anjo foi enviado para anunciar a Maria o nascimento do Messias nosso Salvador.

“Então, no sexto mês, Deus enviou o anjo Gabriel para Nazaré, uma cidade da Galileia.” (Lucas, 1:26)

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Alexandre Kaman é pastor, escritor, ministro de adoração e palestrante. Cursou a Escola Ministerial do Projeto Vida Nova de Irajá e o Instituto Metodista de Formação Missionária. Além de Bacharelado em Teologia e Pós-graduado em História de Israel. Lider da Escola Mavid (Manifestando a Vida de Deus), dedicado ao propósito da Restauração.

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