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opinião

Cristo e o Velho Chico

Vamos vigiar e dar frutos de justiça, e não nos perder com cogitações inúteis.

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Se tem algo que a maioria de nós ainda não sabemos lidar é com o fascínio instigado pela tela da tevê. A televisão tem tomando o espaço na sala da família, e nos quartos também, desde a década de 50. Ela começou meio desengonçada, parecida com uma caixa gorducha e pesada, em preto e branco. Hoje, é fininha, leve e em cores. Antigamente ela era assistida por quase todos, hoje perdeu uma boa fatia dos seus telespectadores, e perdeu, sobretudo, para a não menos fascinante Internet.

Mas, mesmo assim muitos ainda assistem aos programas e novelas. E aqui chego no ponto que desejava, as novelas e sua magia sofisticada. Por esses dias ficamos sabendo da existência de uma com o título de Velho Chico, fazendo alusão ao rio São Francisco, no principal canal aberto do país. As novelas de um modo geral estão sempre propondo certos estilos de vida e modos de ver o mundo, mesmo que sejam somente uma ficção. Não as assisto desde a minha adolescência porque não as concebo como positivas para a minha vida.

E soube que existia essa novela por causa da fatalidade ocorrida com um dos seus personagens, que sofreu um triste acidente no mesmo rio em que gravava as cenas da história. O que me fez atentar para este episódio foi a reação por parte dos evangélicos, ao se apressarem a dar um veredicto sobre esta morte.

Todos os dias em nosso país há afogamentos, suicídios e assassinatos, mas quando se trata de “celebridades” parece que o ocorrido fica mais dolorido, mais catastrófico e mais digno de julgamento também. Lembrei imediatamente de um texto bíblico que fala de dois ocorridos, ali mesmo em Jerusalém que foram o assassinato de galileus por Herodes e de uma torre que caiu matando dezoito pessoas. Isso aconteceu nos dias de Jesus, e até imagino alguns dos discípulos logo se prontificando em colocar o mestre por dentro das últimas notícias. Essa narrativa está no Evangelho de Lucas 13.

A princípio alguns chegaram e propuseram a Jesus que explicasse o fato mais noticioso e digno dos programas sensacionalistas do final da tarde, Herodes assassinou alguns galileus e ainda misturou o sangue deles com o sacrifício pagão. Coisa de filme de terror mesmo.

Mas, foi certamente a resposta inesperada que Cristo deu aqueles que queriam entender este ocorrido, sob o ponto de vista do julgamento divino que, digamos, saiu completamente do “script” humano.

E Jesus respondeu: “Vocês pensam que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros, por terem sofrido dessa maneira? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão. Ou vocês pensam que aqueles dezoito que morreram, quando caiu sobre eles a torre de Siloé, eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu lhes digo que não! Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão”. Lucas 13:2-5

Eles apresentaram um fato, mas Cristo tratou de esclarecer logo sobre os dois casos conhecidos da época. E  esta resposta de Cristo é inesperada ainda hoje, por, pelo menos dois motivos:

Primeiro, porque achamos que a resposta mais adequada seria de que aquelas mortes brutais eram resultadas do julgamento final de Deus, por se tratarem de homens mais pecadores que os demais. No entanto, Cristo diz que não. Aqueles homens ainda não estavam recebendo o julgamento por suas obras só por morrerem daquela forma. Sabemos que tragédias acontecem com justos e injustos, exatamente por não serem, estas tragédias ainda o grande julgamento final de Deus. Todos irão morrer, ou de morte natural, ou em terremotos fantásticos. Isso, de certa forma nivela a todos aqui na terra.

Contudo, o que vem depois é que fará toda a diferença. Haverá um trono branco aguardando a todos que não reconheceram a Jesus como salvador e Senhor, bem como, haverá o advogado Jesus Cristo justificando aqueles que o reconheceram como Senhor e Salvador ainda em vida. Não há outra forma, ou outro jeitinho que possa sair deste roteiro. E aí não adianta ter morte bonita em um rio místico, ou morte em represa poluída. Pode ser querido, bom ator, excelente médico, ter cuidado dos pobres, ter entregue o próprio corpo para ser queimado, ser membro de igreja, não importa, pois, a palavra de Cristo ressoa, “Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão”. E este “perecerão” tem a ver com o último julgamento, o mais importante, o inevitável.

Outro motivo que faz com que a resposta de Cristo continue a ser inesperada ainda hoje é pela nitidez com que foi colocado a questão da morte. Ela é inesperada para a maioria, ela nivela pobres e ricos, ela está aí, a morte é uma senhora intransigente. Os dezoito mortos pela queda da torre estavam vivendo suas vidas comuns, ao que parece, mas, Cristo tratou de alertar aos vivos ali presentes: “Mas se não se arrependerem, todos vocês também perecerão”.

Depois da morte as chances acabam. Ponto final na história terrena, outra realidade surge, e ela não espera. Por isso, quando saímos de casa, podemos achar que temos tempo, mas talvez não tenhamos esse tempo. O nosso Senhor olhou para aqueles que estavam à sua volta e disse que, ninguém deve ficar se preocupado com o que não tem relevância. Não devemos estar especulando demasiadamente, ou absolvendo ou acusando a quem mal conhecemos. Deus é o juiz. Podemos até achar curiosas algumas situações, mas isso não nos dar o direito de alardear coisas que são misteriosas.

Jesus fecha o comentário desse episódio contando uma pequena parábola da figueira que não dá frutos. O dono da figueira diz: ”corta-a”. Mas alguém intercede e diz: “Senhor, deixe-a por mais um ano, e eu cavarei ao redor dela e a adubarei. Se der fruto no ano que vem, muito bem! Se não, corte-a’ “. Lucas 13:8,9

Termino lembrando que esta palavra é certamente para todos nós, os vivos, que cremos em Cristo como Senhor, e que cremos na sua Palavra. Vamos vigiar e dar frutos de justiça, e não nos perder com cogitações inúteis.

Toda honra e glória aos Senhor, sempre.

 

Jornalista e escritora, com um livro publicado "Feminilidade Bíblica - Repensando o papel da mulher à luz de cantares", e também escritora de livro didático. Casada com Nelson Ferreira, pastor da IPB, mãe da Acsa e avó da Clarisse. Em breve publicará seu primeiro romance .

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