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cosmovisão

Cristo, cristãos, e o homossexualismo

Há pelo menos dez razões objetivas dentro da fé cristã que justificam a não aceitação da prática homossexual.

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Bandeira LGBT na Igreja
Bandeira LGBT na Igreja (Foto: Direitos Reservados/Deposiphotos)

Nesse breve e conciso artigo, abordo um assunto que já foi discutido com maior naturalidade e de maneira mais incisiva pela comunidade cristã, sem medo de ser condenado por pequenos grupos que defendem, com o direito que lhes é devido, outras visões do Universo. Há pelo menos dez razões objetivas dentro da fé cristã que justificam a não aceitação da prática homossexual como algo natural, e elas estão diretamente e inexoravelmente conectadas ao modelo de vida proposto por Deus, em total conformidade com a própria natureza e com as Escrituras Sagradas. Se alguém quiser aprovar essa conduta como natural, aceita diante de Deus, precisará desafiar cada uma destas razões.

De antemão, convém ressaltar, evitando-se qualquer pré-julgamento antes do natural trabalho de racionar ao ler cada uma dessas razões, que todos os seres humanos são individualmente objetos do amor de Cristo, e que amá-los é uma obrigação imposta pelo próprio Senhor Jesus (veja João 15:12). O valor intrínseco do ser humano só existe na fé cristã – todos são importantes. Em um modelo de evolução biológica, por exemplo, a evolução ou sobrevivência pode considerar algumas pessoas menos importantes e descartáveis – esse foi o pensamento de Hitler e outros ditadores que se movem com base nessa cosmovisão. Deus ama todo ser humano o suficiente para desejar que se arrependam e tenham suas vidas restauradas para aquilo que Ele originalmente propôs. Contudo, na realidade da vida conforme revelado por Deus, todo ser humano é, quando em estado de pecado (deliberadamente rejeitando os parâmetros universais estabelecidos por Deus para uma relação genuína de amor) objeto da ira de Deus, ao mesmo tempo que quando arrependidos e colocando continuamente a confiança em Deus (fé), objeto do seu perdão e do mesmo amor complacente que o Pai tem para com o Filho. O desejo de todo cristão convertido é o mesmo que o desejo de Deus: que todos os pecadores, os quais compõe toda a humanidade ainda não alcançada e transformada interiormente pelo Evangelho de Jesus Cristo, tome conhecimento destas boas novas: a possibilidade de serem livres do pecado e viverem uma nova vida em Cristo (Rom 6:14; 22). Sem a ajuda de Jesus por intermédio de Espírito Santo, é impossível vencer qualquer condição diferente daquela que Deus propôs para a humanidade.

Ainda, é importante esclarecer uma falácia comum, aquela que afirma que Jesus nunca falou nada sobre homossexualismo. Em primeiro lugar, Jesus reafirmou o modelo de casamento (Mc 10:6-9; Mt 19:4-6) que foi estabelecido no princípio (Gn 2:24), conforme a primeira razão que destacarei a seguir. Em segundo lugar, Jesus é a segunda pessoa da Santa Trindade. Ele estava com o Pai no início (João 1:1-4; Col 1:17-18), no momento da Criação, da determinação do modelo familiar, e inclusive na instituição da Lei Universal Moral concedida em forma escrita para a humanidade, a qual condena qualquer modelo diferente daquele originalmente proposto, conforme a quinta razão que destacarei a seguir. Quando Sodoma e Gomorra foram destruídas e o mundo na época de Noé foi consumido pelas águas, cujo pecado predominante da humanidade eram as relações fora do modelo proposto por Deus, Jesus estava lá. Em terceiro e último lugar, a Bíblia é um conjunto de profecias e escritos que narram de uma maneira internamente consistente, coerente, e lógica, uma única história. O que o apóstolo Paulo escreveu, por exemplo, é o que Jesus aprova, assim como os demais apóstolos fizeram. Jesus deixou claro que não veio revogar a Lei, mas cumpri-la (Mt 5:17), sendo Ele mesmo o próprio cumprimento, o agente capaz de fazer o homem caminhar com Deus, o qual propôs resolver esse problema por intermédio do terrível sofrimento da cruz, do seu lado, e da fé e obediência[1], do lado da humanidade, com o auxílio direto do Espírito Santo por Ele enviado. 

Tendo feito essa introdução e considerações iniciais, vejamos as dez razões lógicas e biblicamente fundamentadas que justificam que tal prática não deve ser, em hipótese alguma, aceita como natural, de acordo com o modelo cristão (cosmovisão cristã).

  1. Entende-se que é um desvio do propósito original da criação da humanidade, cujo objetivo é o relacionamento entre homem e mulher, assim como reafirmado por Jesus (ver Mt 19:4-6). O relacionamento entre homem e mulher é desde a sua instituição sagrado, sendo inclusive uma forma analógica de compreensão da natureza de Deus, conforme explicado em meu livro “Deus, família, e o propósito para existência.”
  2. Compromete o mandamento de Deus para procriação da humanidade (Gn 9:1;7), sendo, portanto, uma visível distorção do modelo original definido na Criação. Esse fator é intuitivo, visto que a própria estrutura natural do ser humano indica quais são suas funcionalidades. Não há família sem um relacionamento entre um homem e uma mulher, formato proposto por Deus para este fim. Aqui ressalta-se a condição biológica, e na próxima razão a condição emocional/psicológica.
  3. Denigre a imagem e a semelhança de Deus no homem e na mulher, distorcendo a visão divina na mente das pessoas, principalmente das crianças que os cercam, os quais deveriam, por propósito original, compreender a vida dentro do núcleo familiar criado por Deus – homem, mulher e sua prole. O relacionamento fora do padrão proposto por Deus gera uma confusão racional por seguir um parâmetro contrário ao natural, evidente no próprio corpo, e também das diferenças inerentes encontradas em homens e mulheres que se complementam na relação mútua e na relação com os filhos. No modelo divino, estruturalmente o homem precisa da mulher e a mulher do homem (Gn 2:18), e os filhos precisam de uma referência masculina e feminina para serem saudáveis emocionalmente.
  4. Demonstra uma idolatria da própria natureza. Configura, portanto, outro desvio de propósito, que é amar a si mesmo e a sua própria imagem, satisfazendo os desejos sexuais de forma ilícita.
  5. É claramente condenado na Bíblia como uma transgressão/pecado (ex: Lv. 18:22, 1 Cor. 6:9-11; 18, Rom. 1:21-27, 1 Tess. 4:3-5) e como tal, necessita de arrependimento por parte do transgressor, para recebimento do perdão divino e a possibilidade de uma vida nova (e.g. 1 João 1:9, Gal. 5:24-25, Ef. 4:22-24). Deus não se omitiu de tratar sobre esse assunto como alguns pensam, o qual já foi, conforme comentado no primeiro parágrafo, tratado com a naturalidade que lhe é devida – tal condição é intuitivamente diferente daquela proposta por Deus.
  6. Entende-se que, assim como outros pecados sexuais, denigre o próprio ser, assim como os demais envolvidos na prática, gerando problemas de natureza social, psicológica e biológica, como doenças sexualmente transmissíveis e transtornos emocionais. Os mandamentos de Deus revelam um propósito: preservar a humanidade em uma relação de amor semelhante ao encontrado na Trindade. É por essa razão que Cristo é o cumprimento da Lei (Rom 10:4), pois é nele que a humanidade consegue viver dentro desse parâmetro espiritual, o qual não comporta as práticas pecaminosas como estilo de vida. Cada transgressão é um mal causado para si mesmo ou para o próximo, e isso não está em consonância com o amor de Deus. Todo pecado gera um prejuízo físico, emocional, e espiritual, e não é diferente com os pecados sexuais (1 Cor 6:18).
  7. É impossível reconciliar os ensinos bíblicos com a aprovação da prática homossexual, sendo, portanto, a afirmação da prática a negação da Bíblia, manual de regra e conduta do cristão. Não há argumentos sólidos para defesa da prática homossexual se a Bíblia for utilizada como parâmetro. Nunca houve, e tampouco haverá.
  8. Como qualquer outro pecado, a ira de Deus está continuamente sobre o que tais coisas praticam. Sodoma e Gomorra são exemplos do destino daqueles que insistem no erro e não aceitam o perdão e a transformação que somente é possível em Cristo Jesus, independente do pecado, o que inclui a prática homossexual.
  9. Nenhuma liderança cristã e nenhum estudioso comprometido com as Escrituras aceitou a prática homossexual em centenas de anos, sendo o liberalismo religioso um movimento mais popular e abrangente a partir de meados do século 20, não aprovado pela ortodoxia cristã. Liberais condenam o termo “ortodoxo” ou “fundamentos”, porque acreditam que a humanidade está em um estado de evolução para melhor, o que contradiz fundamentalmente a condição humana descrita nas Escrituras. Os últimos dias, disse o apóstolo Paulo, não são de pessoas melhores (2 Tim 3:1-5), e consequentemente de ideias melhores.
  10. Deus, por natureza, não pode coabitar com o pecado. Portanto, como qualquer outro pecado, a prática homossexual distancia o homem ou a mulher de Deus, sendo reconciliados somente por intermédio do sangue de Jesus, que perdoa e purifica todos os pecados daqueles que os confessam e se arrependem, depositando a confiança em Deus.

De maneira geral, homossexualismo tomou uma conotação diferente nestes últimos anos, principalmente pela influência e crescimento de alcance da grande mídia, bem como da globalização, o que tem gerado a interferência de grandes Companhias privadas em questões culturais em diferentes países, patrocinando agendas para não perderem lucros financeiros. A atribuição de uma identidade “gay”, por exemplo, é um conceito ocidental moderno que nunca existiu na história, apesar da prática homossexual existir desde os primórdios da existência humana. Nunca na história os sexos biológicos – evidentemente parte do caráter do ser humano – foram confrontados para a inclusão de uma “nova,” terceira identidade. Tal atribuição iniciou-se no século 20, mais precisamente com os movimentos dos anos 70, e tem crescido na medida em que outros princípios e valores fundamentais da humanidade são desafiados por minorias em diferentes esferas públicas, impondo uma aceitação de tais conceitos sobre a maioria.

É importante reafirmar que o homossexualismo, assim como outros pecados, é objeto do perdão de Deus através da obra de Jesus na cruz do Calvário. Arrependimento, confissão e aceitação do perdão é a única receita eficiente contra qualquer pecado que afasta o homem de Deus. Somente o Espírito Santo pode trabalhar no coração do indivíduo para transformá-lo e dar-lhe a possibilidade de viver uma vida de vitória sobre o pecado. “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.” (Romanos 8:1,2).

Àqueles que estão envolvidos com a prática: A prática homossexual é como qualquer outro pecado sexual – é perdoável se houver sincero arrependimento e possível de evitar com a ajuda do Espírito Santo. O pecado promete algo que nunca entrega, e a prática homossexual não satisfaz o ser humano por completo, assim como outros pecados. Só Jesus pode preencher todo o coração do indivíduo e dar-lhe um propósito e uma vida repleta de paz e amor intermináveis. Só em Cristo, todos, sem exceção, podem vencer os problemas da vida, seja de uma natureza ou de outra. Todos precisam morrer e nascer de novo (João 3:3), visto que o problema está na natureza do ser humano sem Deus. Alguns morrem com certos pecados, e outros com outros pecados, mas o importante é morrer para essa natureza contaminada e aceitar a vida de Cristo – só assim há salvação. É, portanto, menos uma questão moral (ainda que esteja relacionado) e mais uma questão de vida ou morte.  Qualquer pecado distancia o homem de Deus, e só Jesus pode reconciliá-lo (2 Cor. 5:19, Ef 2:16). Cremos que o Evangelho tem o poder de mudar uma pessoa. Não há nada tão dissonante da Criação que o sangue de Jesus não possa cobrir. 

Todavia, o processo divino de santificação de Deus, na construção de um novo ser, inicia-se somente em pessoas de uma nova natureza – mortos para o pecado e ressurretos em Cristo. Vinho novo é para garrafas de vinhos novas, disse Jesus (Mt 9:14-17). Reconhecemos que tratar o problema moral sem tratar o problema do pecado central em uma natureza morta que necessita de Cristo não funciona. Qualquer pessoa em Cristo tem a vida, e vive uma novidade de vida que transforma progressivamente e prepara a pessoa para estar com Deus, desde que ela aceite permanecer neste processo através de uma vida de fé. Uma mudança de comportamento é consequência de quem crê em Jesus, a qual considera-se morta para este e qualquer outro pecado, mas viva em Cristo, pois conserva a si mesmo para a eternidade (1 João 5:18, Judas 1:21). Poderá errar? Sem dúvida, mas seu desejo racional é de não permanecer naquilo que Deus condena, contando com a ajuda e auxílio do divino Espírito Santo, o único que pode ajudar quem está perdido nessa e em qualquer outra condição de pecado.

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[1] Fé e obediência são usados para dar clareza ao leitor. A salvação é, segundo as Escrituras, pela fé, mas atualmente a palavra não carrega seu sentido original. Fé é uma decisão de entrar em um relacionamento/aliança dentro de certos termos, e exige os cumprimentos destes termos de maneira contínua. 

Escritor, Pregador, Professor, Teólogo de linha Pentecostal e Auditor de Empresas. É Bacharel em Teologia e Ciências Contábeis, Mestre em Apologética Cristã pela Liberty University, que já foi a maior universidade cristã do mundo, e Doutorando em Estudos Bíblicos pelo Colorado Theological Seminary. É autor dos livros "Deus, Família, e o Propósito da Existência", publicado pela editora Santorini, e "Fui Perdoado, e Agora?"- "I Have Been Forgiven, Now What?", escrito e publicado em inglês e português. Casado com Barbara Lopes de Miranda, fotógrafa e também formada em Teologia, já moraram nos Estados Unidos e vivem atualmente em Florianópolis, SC.

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