estudos bíblicos
Seria o altar ao “deus desconhecido” de Atos 17 dedicado a Jeová?
Análise contextual e histórica de Atos 17.16-23 e a ministração do apóstolo Paulo no Areópago, em Atenas.
Atos 17.16-23 nos diz:
“E, enquanto Paulo os esperava em Atenas, o seu espírito se comovia em si mesmo, vendo a cidade tão entregue à idolatria. De sorte que disputava na sinagoga com os judeus e religiosos, e todos os dias na praça com os que se apresentavam.
E alguns dos filósofos epicureus e estóicos contendiam com ele; e uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece que é pregador de deuses estranhos; porque lhes anunciava a Jesus e a ressurreição. E tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
Pois coisas estranhas nos trazes aos ouvidos; queremos pois saber o que vem a ser isto (Pois todos os atenienses e estrangeiros residentes, de nenhuma outra coisa se ocupavam, senão de dizer e ouvir alguma novidade).
E, estando Paulo no meio do Areópago, disse: Homens atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: “AO DEUS DESCONHECIDO”. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio.”
Existe uma tradição do século III d.C., registrada como história por um autor grego chamado Diógens Laércio em sua obra clássica denominada “As vidas de Filósofos Eminentes” (Vol.1 p.110), que nos dão conta de um interessante episódio.
Aproximadamente no século VI a.C uma terrível praga assolara a cidade de Atenas, dizimando milhares de pessoas. O rogo às centenas de deuses gregos, bem como os sacrifícios de nada adiantaram, até que um conselheiro por nome Nícias informa aos seus superiores que os oráculos de Pítias (ou pitonisa era a sacerdotisa do templo de Apolo, em Delfos, Antiga Grécia, situado nas encostas do monte Parnaso. A pítia era amplamente renomada por suas profecias, inspiradas por Apolo, que lhe davam uma importância pouco comum para uma mulher no mundo dominado pelos homens da Grécia Antiga.) diziam que uma maldição pairava sobre a cidade.
A solução foi buscar um sábio (profeta) chamado Epimênides da ilha de Creta, que, sabidamente servia a um Deus Desconhecido (e Sem Nome) dos gregos, e daria uma resposta ou removeria a praga. A chegada do sábio cretense é assim relatada por Don Richardson em sua obra intitulada “O Fator Melquisedeque”:
“(…) Ao chegar a Atenas, Epimênides conseguiu um rebanho de ovelhas pretas e brancas e soltou-as na Colina de Marte, dando instruções para que alguns homens seguissem as ovelhas e marcassem o lugar onde qualquer delas se deitasse. O propósito aparente de Epimênides era dar a qualquer deus ligado à questão da praga a oportunidade de revelar sua disposição em ajudar, fazendo com que as ovelhas que o agradassem ficassem deitadas, como um sinal de que as aceitaria se fossem oferecidas em sacrifício. Desde que não haveria nada extraordinário no fato de ovelhas se deitarem fora de seus períodos habituais de pastagem, Epimênides provavelmente conduziu sua experiência bem cedo de manhã, quando as ovelhas estavam famintas. Algumas das ovelhas deitaram e os atenienses as ofereceram em sacrifício sobre os altares sem nome, construídos especialmente com esse propósito. A praga foi assim removida da cidade. Os leitores do Antigo Testamento lembrarão de que um herói chamado Gideão, buscando conhecer a vontade de Deus, colocou “um pedaço de lã”, como sinal. Epimênides fez mais que Gideão, ele colocou o rebanho inteiro!(…)”
Após alguns dias toda a praga foi retirada da cidade. Os governantes, então, decidiram construir altares em homenagem ao Deus Todo Poderoso apresentado por Epimênides, que miraculosamente operou o que nenhum outro deus, das centenas, do panteão grego pôde.
Foi quando perguntaram o nome desse Deus ao Sábio de Creta:
“Qual o nome do deus que gravaremos sobre esses altares?” perguntou um dos conselheiros do grupo mais jovem, excessivamente ansioso. Todos se voltaram para ouvir a resposta do cretense. “Nome?” repetiu Epimênides, como se refletindo. “A divindade, cuja ajuda buscamos, agradou-se em responder à nossa admissão de ignorância. Se agora pretendermos mostrar conhecimento, gravando um nome quando na verdade não temos a menor ideia a respeito dele, temo que vamos apenas ofendê-la!” . “Não podemos correr esse risco”, concordou o presidente do conselho. “Mas com certeza deve haver um meio apropriado de dedicar cada altar antes de usá-lo.” “Tem razão, sábio conselheiro”, declarou Epimênides com um sorriso raro. “Existe um meio. Inscrevam simplesmente as palavras “AGNOSTO THEO” (A UM DEUS DESCONHECIDO) no lado de cada altar. Nada mais é necessário.”(Fator Melquisedeque-Don Richardson, p.13).
O ocorrido em Atos capítulo 17 se deu aproximadamente seiscentos anos após o suposto relato da Praga de Atenas. Paulo, com seu espírito comovido e indignado com tamanha diversidade de ídolos no Areópago, resolveu anunciar o Evangelho usando como plataforma o ainda existente altar vazio do “AGNOSTO THEO” (A UM DEUS DESCONHECIDO).
É certo que nem todos os Atenienses deram ouvidos à mensagem do apóstolo, entretanto alguns filósofos epicureus e estóicos ficaram interessados na fala do homem de Deus.
Talvez a história de Epimênides não fosse mais lembrada, porém Paulo estava disposto a relembrá-los quem era o “AGNOSTO THEO”:
“O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens; Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas; E de um só sangue fez toda a geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e os limites da sua habitação; Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós; Porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração” (At 17:24-28).
Não se pode comprovar se o altar do “AGNOSTO THEO” anunciado por Epimênides era realmente de Jeová, mas uma coisa é certa, a poderosa, impactante e transformadora mensagem que o apóstolo estava pregando de cima dele, esta sim, era.
Você conhece este Deus? Ele se recusou a morar em altares, nichos ou capelas. Seu projeto primeiro, como no Tabernáculo, que era coberto por peles, é habitar em um Templo revestido de derme, nós, você e eu.
O resultado da prédica de Paulo:
“E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez. E assim Paulo saiu do meio deles. Todavia, chegando alguns homens a ele, creram; entre os quais foi Dionísio, areopagita, uma mulher por nome Dâmaris, e com eles outros.” (Atos 17:32-34)
Bastaram uns poucos darem ouvidos ao Evangelho para Atenas ser incendiada com a mensagem da salvação.
Esta mesma Mensagem do Reino vai continuar a ser anunciada por aqueles que sentem seus espíritos comovidos e indignados com as perversidades deste mundo, que em nada difere da Atenas dos anos 60 d.C.; onde seus habitantes preferem ser iludidos com as informações vazias e infundadas, ainda que travestidas de novidades, do que dar crédito à Palavra da Verdade.
Que nosso bem conhecido Deus nos abençoe!
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