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opinião

A semente e a propagação do Evangelho

É possível modificar os métodos de propagar a mensagem de Cristo, mas é impossível forçar a semente da Palavra a crescer.

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Mão com trigo (Foto: Reprodução/Unsplash)

Em 1973 Herbert Boyer e Stanley Cohen desenvolveram a engenharia genética que até hoje continua em desenvolvimento. A partir destes estudos foi possível chegar ao que chamamos hoje de plantas transgênicas. As sementes transgênicas são frutos da engenharia genética e da biotecnologia, com a intenção de produzir plantas mais resistentes.

Impressiona-me que, mesmo neste tempo de grandes avanços da engenharia genética, ainda assim o processo agrícola é basicamente o mesmo. Uma semente é colocada na terra e ali ela permanece até desenvolver-se, vir à superfície e crescer para produzir o seu fruto. A ciência produziu mudanças genéticas, defensivos agrícolas e muitas outras técnicas, mas o processo para o agricultor basicamente ainda é o mesmo.

Em Marcos (4.26-29), Jesus conta uma parábola que retrata essencialmente a mesma técnica de hoje em dia: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.

Esta parábola aparece somente no Evangelho de Marcos e ilustra a natureza do Reino de Deus, com ênfase no poder misterioso da semente que cresce sem nenhuma intervenção humana. Uma vez que o próprio Cristo interpretou que a semente representa a Palavra, então esta parábola descreve o poder intrínseco da Palavra e a capacidade extraordinária de crescimento dessa Palavra no estabelecimento do Reino. 

O paradoxo do grande Reino de Deus comparado a uma semente está em vista. Mas, muito mais importante que o contraste do Reino com a semente, esta parábola enfatiza a semente jogada e a passividade do semeador. O processo do crescimento, na parábola, não depende do semeador, mas sim de Deus, que se encarrega de todos os processos, desde a germinação até a maturação. 

O ponto central desta parábola é o crescimento secreto e misterioso do Reino de Deus. Em seguida o destaque está nos estágios de crescimento até a maturidade. A semente tem em si o poder de crescimento, mas é necessário esperar que ela passe por cada estágio de crescimento.

As técnicas agrícolas em nosso tempo têm avançado, temos a engenharia genética, e a biotecnologia tem trabalhado para a produção de plantas mais resistentes. Contudo, ainda é necessário esperar a semente desenvolver-se. Mesmo em meio aos desenvolvimentos tecnológicos, basicamente o processo de plantio ainda permanece muito próximo do tempo de Jesus.

O Reino de Deus foi anunciado e inaugurado por Jesus e a igreja permanece na Terra com a missão de levar adiante Seu Evangelho. Ainda que novas técnicas de propagação do Evangelho tenham sido desenvolvidas, há um mistério que continua o mesmo desde os tempos de Cristo: o desenvolvimento da semente.

É possível modificar os métodos de propagar a mensagem de Cristo, é possível utilizar-se de tecnologias e das novas ferramentas de comunicação da pós-modernidade. Contudo, é impossível forçar a semente da Palavra a crescer, pois o poder de crescimento está intrínseco nela mesma. Nosso trabalho é como o do agricultor da parábola: espalhar a semente. Depois de espalhada a semente, o que devemos fazer é esperar que Deus dê o crescimento.

Presidente da AD Viamão, foi missionário em Israel, África do Sul e Paraguai. Graduado em administração e teologia. Pós graduação em Metodologia do Ensino Superior, Ensino Religioso, Gestão Estratégica de Pessoas. Mestrado em Teologia.

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