opinião
A igreja evangélica brasileira e o culto ao imperador
Enquanto Cristo reflete a imagem de Deus, o narcisismo humano reflete a natureza do pecado.

Eu estava voltando de uma de minhas atividades em uma cidade distante de onde resido, quando pelo caminho não pude deixar de notar uma placa de igreja. O que me chamou a atenção não foi o nome da igreja, como já é comum hoje em dia, nomes pouco criativos acabam chamando atenção. O nome desta igreja não tinha nada de mais, apenas identificava um pequeno ministério, mas o que chamou minha atenção foi a foto do pastor em tamanho tão grande quanto o nome da própria igreja.
Comecei a meditar como aquilo que eu tinha acabado de ver tornou-se em algo comum em nosso tempo. Talvez não seja tão comum assim a foto do pastor na placa da igreja. Apesar de grandes denominações neopentecostais usarem deste dispositivo, não é algo tão comum assim. Contudo, o uso cada vez mais frequente da imagem do pastor é um fenômeno bastante perceptível atualmente.
O advento das redes sociais potencializou uma cultura de culto à imagem pessoal como nunca. Sem dúvida, o uso das redes sociais é uma necessidade para a comunicação em nosso tempo e transformou-se em um meio importante de comunicação e até de evangelização. Eu mesmo que sempre fui muito resistente em utilizar estes meios, recentemente fui convencido por dois amigos que não deveria fugir de algo que é tão comum às pessoas deste tempo. Contudo, isto não apaga o fato de que está sendo promovido um verdadeiro culto à imagem de alguns pastores.
O culto à imagem não é algo novo, antigos reinos helenísticos dos Selêucidas e dos Ptolomeus elevavam a condição de seus monarcas a divindades. Mas, é em Roma que o culto ao imperador tomou enormes proporções.
O culto ao imperador romano começou desde Caio Júlio Cesar Otaviano Augusto, o primeiro imperador, que após sua morte passou a ser venerado como um deus. Tiberio, filho adotivo de Augusto, denominava-se filho de um deus. Calígula, entretanto, foi muito além, chegando a planejar a colocação de uma estátua sua no Templo em Jerusalém, mas morreu antes de concluir seu projeto. O culto ao imperador passou a ser tão importante quanto ao culto às divindades romanas, e essencial para a sobrevivência do império que se estendia como nenhum outro até então.
A divinização do imperador e a obrigatoriedade de culto a ele era uma forma cultural de propagar o imperador como ser poderoso e fiador da paz. Ensinar o povo que o imperador era uma figura divina e exigir o culto a esta figura fazia com que a imposição do governo romano fosse absorvida com a menor resistência possível pelo povo, pois afinal levantar-se contra o imperador era levantar-se contra uma figura divina. Portanto, o culto imperial consistia em uma forma de sustentação do poder pessoal do imperador romano.
Uma vez que o Cristianismo se espalhou rapidamente, opondo-se a toda forma de culto ou adoração a qualquer ser humano ou divindade que não seja o Deus da Bíblia, não demorou muito para que iniciasse uma perseguição. Roma começou a ver no Cristianismo uma ameaça ao seu poder, por isso a nova doutrina que ensinava o culto a um único Deus e que via em Jesus, o único Filho de Deus, passou a ser duramente perseguida.
É interessante observar que hoje o recurso romano de manutenção do poder voltou a ser usado mesmo dentro da igreja cristã. Parece que o ensino da própria história do Cristianismo, quando Martinho Lutero iniciou o movimento da Reforma Protestante também se opondo a um tipo de culto ao imperador, neste caso a infalibilidade papal, foi desaprendido por alguns líderes de igrejas.
Como já referi anteriormente, o fenômeno das redes sociais trouxe um novo culto à imagem. Talvez, realmente seja impossível ignorar as ferramentas de comunicação da pós-modernidade, mas ainda assim todo cristão deveria atentar para a realidade de que o Cristianismo surgiu exatamente em oposição a este tipo de manutenção de poder.
A revista da Escola Bíblica Dominical (CPAD, 3º trimestre 2023, p. 30), comentada pelo Pr. Douglas Batista, salienta que “o culto à autoimagem é uma forma de idolatria. Enquanto Cristo reflete a imagem de Deus (Hb 1.2,3), o narcisismo humano reflete a natureza do pecado (Jo 8.34)”. Concordo com o ensino deste comentarista, a primazia é de Cristo e não do homem.
João Batista, apontando para Jesus, já ensinava: “é importante que ele cresça e eu diminua” (Jo 3.30), e o apóstolo Paulo ensinou que “o viver é Cristo”. Ainda que os tempos de hoje forcem uma extrema exposição da imagem, é necessário que todo pastor siga o ensino e o exemplo de Cristo, que veio para glorificar o nome de Deus (Jo 12.27-28). Assim como Jesus glorificava ao Pai, a igreja foi estabelecida para glorificar a Cristo, dessa maneira é importante que todo líder cristão, seja pastor, pregador etc., tenha o discernimento do limite entre a necessária exposição da sua imagem e o culto à imagem.

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