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opinião

Uma campanha da prosperidade que deu muito errado

A história de um homem que entrou “bom” na presença de Deus e saiu mancando…

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Dia desses li sobre uma campanha da prosperidade que deu muito errado. O lugar era o lado de cá do Vau do Jaboque. O dia era um daqueles difíceis de se entender, com discussões em família, brigas por bens, sogro reclamando direitos, mulher escondendo coisas, e um homem amedrontado sobre o que lhe esperava do lado de lá do Jaboque.

O passado ameaçando retornar?

Mas, vamos voltar um pouco no tempo para entender como se chegou até este dia.  O homem do qual falamos é Jacó, neto de Abrão,  que há 20 anos atrás saíra fugido da casa do seu pai Isaque, porque roubara do seu irmão Esaú, o direito e a benção de filho mais velho.

Teve que sair às escondidas, e quando partiu, Jacó levou o fardo do ódio do irmão enganado, a perplexidade do pai e o medo da mãe. Que carga, hein?

Em terras distantes,

Com outros parentes ele arrumou casa, trabalho e família.  E agora ele possuía muitas ovelhas, bois, empregados e estava muito bem financeiramente.

Mas agora decidiu partir. Levantou-se de madrugada e fugiu com suas esposas e filhos. O seu sogro, Labão não gostou, foi no seu encalço. Os dois tiveram uma discussão acalorado no meio do deserto sobre salários e reconhecimentos. Mas, ao final, cada um seguiu o seu próprio caminho e Jacó rumou para Berseba.

Em Maanaim

E então, quando ele chegou no Vale de Jaboque  percebeu uma movimentação de anjos no local, fora do comum. Se animou e logo deu o nome ao lugar de Maanaim, que quer dizer “exércitos celestiais”.

Pronto, isso era tudo o que Jacó mais precisava naquele momento. Ele ficou tão animado ao ver anjos que logo disse: Deus está acampado aqui!

A verdade é que o que Jacó temia mesmo, não era o sogro, nem os cunhados. O que ele temia estava à sua frente, depois do riozinho, o encontro com o seu irmão Esaú.

O esperto e sagaz  Jacó  temia o acerto com o passado.

Então, imediatamente começou a elaborar um plano todo especial para tentar reverter o quadro de ódio do irmão.

Separou vários lotes de presentes, e os colocou ao longo do percurso. E ainda tudo o que lhe pertencia, suas mulheres, suas crianças, seus bens. Atravessou de volta o rio e ficou sozinho.

Tinha esperança de encontrar a Deus novamente, como o tinha visto em Betel. E agora em Maanaim, quem sabe…

O Anjo do Senhor era um aliado?

Então o Anjo do Senhor chegou e começou a lutar com ele. Mas, Deus ali em Peniel não foi seu aliado, tornou-se o seu opositor?

A única conclusão aqui que combina com o evangelho da graça, é que Jacó ao lutar com o Anjo entendeu o seu fracasso como homem, e reconheceu o enganador que era. Foi então que, em Peniel um homem faliu por completo, desistiu de si mesmo, e não se importou com o resultado.

Jacó, em plena “campanha de prosperidade e avivamento” finalmente entendeu que o que ele precisava mesmo era desistir de si mesmo. E o Anjo poderia fazer o que bem entendesse, mas ele não o largaria. A benção estava ali.

E que benção era esta?

A benção da transformação completa, do novo nascimento. Jacó percebeu que precisava de mudança, e mudança radical de vida. Nada de fugir mais, de arquitetar planos mirabolantes ou levar vantagem.

A campanha em Peniel revela uma visão da presença divina que traz o convencimento de quem somos, e uma quebra no nosso orgulho.  Mas isso não incomodou o Patriarca.

E o que isso tem a ver com o que Jesus disse a respeito da pérola de grande valor?

O evangelho é vender tudo o que se tem, deixar para trás tudo o que você é, ou mesmo entender quem você não é.

Entre as rochas de Peniel, no Velho Testamento, ecoam as palavras de Jesus: “É melhor entrar no céu mutilado ou aleijado do que ser lançado no fogo eterno…”

Uma lição de Peniel

É que, Deus luta contra todos aqueles que estão sem Cristo e entregues a si mesmos.

Por tudo isso, é que não dá pra aceitar que tantos eventos “espirituais” prometendo cura, dinheiro, felicidade mundana, vitória, pipoquem o tempo todo por aí.

Alguém já saiu dessas campanhas mancando? Alguém já faliu como homem, ou teve seu orgulho quebrado? Pois em Peniel a benção foi a dor, e o ferimento foi a cura.

E Jacó não pôde jamais ignorar tamanha salvação e livramento. Ele diz “Vi Deus face a face e, contudo a minha vida foi poupada”.

Tempos depois, um outro homem, o apóstolo Paulo experimentou também uma doce derrota, a melhor das rendições que existe, e concluiu: “E, para impedir que eu me tornasse arrogante por causa da grandeza dessas revelações, foi-me colocado um espinho na carne,…” 2 Co 12.7

Quando terminou a campanha em Peniel o que se vê, caminhando ao longe, é um novo homem,  “Ao romper da aurora Jacó atravessou Peniel, mancando por causa do golpe que havia levado na coxa…”

Fim de capítulo – Dá até pra ver as letrinhas subindo…

Jornalista e escritora, com um livro publicado "Feminilidade Bíblica - Repensando o papel da mulher à luz de cantares", e também escritora de livro didático. Casada com Nelson Ferreira, pastor da IPB, mãe da Acsa e avó da Clarisse. Em breve publicará seu primeiro romance .

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