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opinião

Perfeccionismo e a ansiedade pela vida perfeita

O perfeccionismo na verdade é a necessidade inconsciente de alcançar a autoestima através de um desempenho ausente de falhas.

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Jovem fazendo selfie. (Foto: Artem Beliaikin / Unsplash)

Nossa cultura de alto rendimento tem tornado muitos de nós escravos do perfeccionismo. E é realmente fácil cair nessa armadilha ao abrir o Instagram ou o Linkedin e contemplar sucesso por todo o lado.

Nem chegamos aos 30 e já estamos atormentados pela necessidade da vida perfeita: o corpo perfeito, o emprego de salário astronômico, a decoração de casa perfeita, o feed impecavelmente combinando de acordo com uma paleta de cores.

O perfeccionismo na verdade é a necessidade inconsciente de alcançar a autoestima através de um desempenho ausente de falhas.  É a tentativa frustrada de manter tudo sob controle para evitar frustração e sofrimento.

Pessoas perfeccionistas investem em vão energia e tempo excessivo em busca da aprovação de si mesmo e dos outros. A realidade é que ninguém é perfeito. A vida perfeita não existe. Não seremos o melhor em todas as coisas que fizermos e isso é completamente normal. A ansiedade de dar conta de tudo e ainda ser o melhor está nos adoecendo.

Segundo a psicologia, se autocobrar em excesso nos deixa ansiosos e estressados, e pode causar depressão já que os padrões perfeccionistas jamais serão alcançados.

Comportamentos típicos de um perfeccionista

Traços de autocobrança podem ser manifestados em diversas áreas da vida. Na família: não admitindo falhas nos filhos e no cônjuge. É comum pais perfeccionistas terem cobranças irreais com o desempenho escolar dos filhos, por exemplo, não admitindo sequer uma nota B no boletim. Essa exigência fora do normal acaba dizendo para os filhos que ele é aceito apenas se for perfeito, prejudicando o desenvolvimento saudável da criança ou do adolescente e seu relacionamento familiar.

Na profissão: em tempos de competição feroz no mercado de trabalho são cada vez mais comuns casos de Síndrome de Burnout (esgotamento mental e físico causado pelo trabalho). Estima-se que 30% dos trabalhadores brasileiros sofram com Burnout, segundo a International Stress Management Association (Isma-BR).  São profissionais que trocam sua saúde mental e física para trabalhar 12 horas por dia, dormir pouco e serem perfeccionistas em suas demandas.

A exaustão se tornou um troféu de honra na sociedade de hoje. O sábio rei Salmão concluiu em Eclesiastes capítulo 4 e versículos 4 e 6 que esta é uma triste maneira de se viver: “Também descobri por que as pessoas se esforçam para ter sucesso no trabalho: é porque elas querem ser mais do que os outros. Mas tudo isso é ilusão. É como correr atrás do vento. [..] É melhor ter pouco com uma das mãos, com paz de espírito, do que estar sempre com as mãos cheias de trabalho, tentando pegar o vento”.

E o pior de tudo é que nossa mania perfeccionista tem atingido até nossa vida espiritual com Deus. Acreditamos que seremos rejeitados pelo Senhor por nosso desempenho espiritual não ser perfeito como Ele é.  Ao descobrir que somos pecadores arrependidos em constante falha, presos num corpo corruptível num mundo cheio de aflições, nos frustramos, estragando nosso relacionamento com Deus.

O perfeccionista tende a menosprezar suas conquistas já alcançadas e focar naquilo que não se saiu tão bem e no que poderia ter feito melhor para alcançar a imaginada perfeição. Esses pensamentos o torturam fazendo entrar num persistente estado de ansiedade e decepção pessoal.

Como controlar o perfeccionismo

Aceite sua imperfeição. Celebre as vitórias que conquistou até aqui. Seja mais tolerante e flexível consigo mesmo. Somos gentis com todos e acabamos esquecendo de usar a mesma gentileza com nós mesmos.

Não gaste sua energia e tempo tentando ganhar a aprovação dos outros, se preocupe menos no que os outros pensam a seu respeito e concentre-se no que realmente é importante para você.  É essencial compreender que Deus nos amou sendo ainda pecadores (Rm 5.8), Ele não é perfeccionista.

A autora cristã Joyce Thompson aconselha sabiamente: “Muito antes de tornar-se perfeccionista, você era uma pessoa. Você tem valor e é preciosa simplesmente pelo que é; você não precisa ficar tentando provar seu valor”.

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