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Israel critica ONU pela demora em investigar crimes do Hamas
Patten descreveu o local do festival de música como palco de “assassinatos brutais em massa”.
A representante da ONU para crimes sexuais em conflitos apresentou um relatório nesta segunda-feira (04) na sede da organização, denunciando que estupros coletivos ocorreram durante o ataque do grupo extremista Hamas em 7 de outubro em Israel.
Conforme o documento de 24 páginas, resultado de mais de duas semanas de investigações no local, há evidências “claras e convincentes” de que reféns foram vítimas de estupro enquanto estavam detidos em Gaza, e os abusos contra as mulheres que permanecem em cativeiro persistem.
Em resposta, o governo de Israel acusou a ONU de minimizar o relatório e de atrasar a análise das alegações, enquanto busca silenciar as acusações. O secretário-geral da ONU negou rapidamente as alegações de tentativa de silenciamento.
A representante especial da ONU para a violência sexual em conflitos, Pramila Patten, afirmou em coletiva de imprensa que há “informações claras e convincentes de que a violência sexual, incluindo estupro, tortura sexualizada, práticas cruéis, desumanas e tratamentos degradantes” foram cometidos contra reféns mantidos em cativeiro na Faixa de Gaza pelo Hamas.
Patten destacou a dificuldade da missão em termos do que foi testemunhado e dos detalhes coletados. Ela ressaltou que sua missão não tinha a intenção nem o mandato de ser de natureza investigativa, apontando a necessidade de uma “investigação completa” para determinar a extensão total, o alcance e a atribuição específica da violência sexual.
Durante duas semanas e meia, Patten visitou Israel e a Cisjordânia, reunindo-se com representantes de 33 instituições israelenses e 34 pessoas, incluindo sobreviventes, testemunhas, reféns libertados e socorristas. Ela não teve a oportunidade de se encontrar com sobreviventes de violência sexual, pois foram informados de que aqueles vivos estão recebendo “tratamento especializado para traumas” e não podem compartilhar suas experiências.
A equipe da ONU teve acesso e analisou 5 mil imagens fotográficas e aproximadamente 50 horas de filmagem dos ataques. Patten afirmou que há motivos razoáveis para acreditar que “estupros coletivos” ocorreram durante os ataques de 7 de outubro em pelo menos três locais: no festival de música Supernova, no Kibutz Re’im, e ao longo das proximidades da Rota 232.
Ela detalhou que, na maioria desses casos, as evidências mostram que as vítimas foram “primeiro sujeitas a violação e depois mortas”, observando também “dois incidentes” que indicam a violação de cadáveres de mulheres.
Patten descreveu o local do festival de música como palco de “assassinatos brutais em massa”, mencionando corpos encontrados queimados ou desfigurados, e um “padrão recorrente de vítimas encontradas total ou parcialmente despidas, amarradas e baleadas”.
Ela também abordou algumas alegações consideradas infundadas, como a história sobre o feto de uma mulher grávida sendo cortado do corpo, e outras que não puderam ser verificadas.
Em resposta, o embaixador israelense na ONU, Gilad Erdan, criticou a organização por demorar a reconhecer o que aconteceu na periferia de Gaza, acusando a ONU de minimizar o relatório e de silenciar as acusações. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, anunciou que estava chamando o embaixador de volta para discussões sobre como avançar, citando o “silenciamento” da questão pela ONU como motivo.
Grupos de defesa de mulheres foram criticados por Israel por ignorar as evidências do uso de violência sexual como arma pelo Hamas durante os ataques. A ONU Mulheres levou cerca de oito semanas para condenar e posteriormente apagar a condenação do ataque de 7 de outubro, gerando indignação entre grupos feministas judeus e israelenses.
A resposta tardia levou a acusações de antissemitismo, com a campanha “#MeToo_UNless_UR_A_Jew” ganhando força em dezembro, com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, denunciando publicamente grupos internacionais de mulheres por ignorarem as evidências crescentes do uso de violação como arma de guerra pelo Hamas. Em dezembro, o New York Times publicou uma reportagem abordando a extensão da violência sexual durante os ataques de 7 de outubro.
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