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opinião

Crentes polêmicos versus perseguição religiosa

“Portanto, não sejam motivo de tropeço para ninguém, quer sejam eles judeus, gentios ou a igreja de Deus”

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O cristianismo não vive dias fáceis ou diferentes daqueles vividos por Elias no episódio dos profetas de Baal. Torturas, prisões, trabalhos forçados, enforcamentos tem aparecido diuturnamente nos jornais de todo o mundo.

Pastores são perseguidos e condenados à trabalhos forçados na China, cristãos comuns têm sido queimados em gaiolas pelo chamado Estado Islâmico, jovens cristãs virgens foram sequestradas e forçadas sexualmente, igrejas continuam sendo queimadas. O evangelho verdadeiro continua sendo implacavelmente caçado.

Geralmente, o começo da intolerância aos cristãos começa com a mesma pergunta que Acabe fez a Elias em 1 Reis 18. 17: “És tu o perturbador de Israel?” E a partir daí se sucedem as já conhecidas formas de perseguições citadas no início do texto. E no caso de Elias não foi nada fácil passar por todo aquele stress daquele dia combativo, em que teve que exterminar os 450 profetas do mal. Mais tarde, ele se sentiu, cansado e só na causa da defesa do Deus de Israel. Mas, o próprio Deus lhe disse, olha em volta, você não está só, junto com você tem ainda muitos joelhos que não se dobraram à Baal. “E fique sabendo que conservei sete mil homens em Israel que nunca se curvaram diante de Baal nem beijaram esse deus!” 1 Reis 19.18

No entanto, o que desejo chamar a atenção é para a questão de que nem toda perseguição religiosa é, de fato, real e autentica como foi a de Elias e dos tantos outros na nossa atualidade. Há, também, muito mal testemunho por parte de crentes que decidem aparecer mais que Cristo, quando se utilizam dos meios midiáticos para se “promoverem”.

E depois se ressentem por pensarem estarem sofrendo perseguição por causa da fé. Muito do que achamos ser perseguição, talvez não seja propriamente. O mais provável é que, a reação de reprovação sofrida por alguns advém do fruto da falta de ética e de comportamento inadequado ao cristianismo.

Seja na empresa, quando fazemos o serviço de qualquer forma e somos penalizados, ou nas redes sociais, quando não sabemos usá-la para a gloria de Deus, e sim em causa própria.

Então, acontece o efeito reverso. Alimentamos a massa com nossas poses de santidade, porque pensamos que para tudo o que fazemos, há de se ter a visualização necessária. A cada situação, um clique. E quando nos criticam por algo que fazemos, nos queixamos.

Por esses dias o grande frenesi foi a fotografia que uma “celebridade gospel” postou da mão da sua avó falecida no momento do velório. Digo celebridade gospel por causa do grande público que a acompanha em tudo o que faz. Acredito que o objetivo tenha sido fazer uma homenagem ao seu ente querido, mas a falta de bom senso e noção do que é ou não é oportuno deu aos nossos “algozes” razões para críticas.

E foi prontamente bombardeada, tanto pelos seus supostos seguidores, quanto pelos outros desafetos declarados que a criticaram duramente por estar se utilizando até desse momento que exigiria certa introspecção. O que vimos em seguida foi a celebridade gospel afirmando que ia se retirar dos meios sociais e encerrar sua conta. Acho que ela acerta quando decide sair.

Talvez, o melhor que fazemos quando perdemos a mão na exposição desnecessária, seja o encerrar contas. Muitos afirmam ter o objetivo de evidenciar a Glória de Cristo enquanto postam suas poses, mas no final toda essa obra irá permanecer? Ou será palha, madeira e feno?

A declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada na França, e que foi adotada por 58 países, incluindo o Brasil, em 1948 tem nos proporcionado oportunidade de pregar o evangelho, ainda, livremente pelo nosso país. Ainda temos certa liberdade de pensamento, de consciência e de religião. É justo desperdiçar essa oportunidade em causas próprias? Em excessos de exposição pessoal?

O grande engano é pensar que tudo o que acontece conosco é para ser compartilhado entre todos, e então, por tabela glorificará a Deus. O anonimato é agora o vilão, sendo que todas as nossas boas obras precisam de publicidade para o bem do evangelho. Mas, o sábio de Eclesiastes nos lembra que, “Há um tempo certo para cada coisa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu”. (Eclesiastes 3.1).

Os cristãos verdadeiros fariam muito bem a estas “celebridades gospel” e também a si próprios se evitassem “curtir” e postar desmandos egocêntricos. E em aproveitar esta boa ferramenta que são as redes sociais e deixar que a Bíblia fale em nosso lugar. Precisamos dar um zoom nas Escrituras, e não em nossas vidas e causas. O que comemos e o que fazemos talvez não seja o foco principal.

A clausula máxima para os verdadeiros cristão sempre será 1 Coríntios 10. 31-32 que diz: “Portanto, quando vocês comem ou bebem ou fazem uma outra coisa qualquer, vocês devem fazer tudo para a glória de Deus. Portanto, não sejam motivo de tropeço para ninguém, quer sejam eles judeus, gentios ou a igreja de Deus”.

Pense nisso.

Jornalista e escritora, com um livro publicado "Feminilidade Bíblica - Repensando o papel da mulher à luz de cantares", e também escritora de livro didático. Casada com Nelson Ferreira, pastor da IPB, mãe da Acsa e avó da Clarisse. Em breve publicará seu primeiro romance .

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