opinião
A Globo se preocupa com o indivíduo, a Igreja também deveria
Nova campanha da emissora nos ensina a focar na pessoa por trás dos números
Após a enxurrada de críticas recentes que recebeu por conta de matérias tendenciosas, a rede Globo, emissora mais influente do país, decidiu mudar de estratégia. Na semana passada, lançou a campanha “100.000.000 de uns”, onde tenta dizer que está preocupada não com a “massa” da audiência sem nome e sem rosto, mas com cada um daqueles que ligam a TV no canal todos os dias.
Acredito que há uma lição a ser aprendida aí. Quando eu era pequeno, as igrejas evangélicas não eram tão numerosas no Brasil, éramos uma minoria. Os pastores valorizavam cada visitante que vinham aos cultos e celebravam cada nova conversão.
Com a popularização dos programas de TV evangélicos, as grandes cruzadas e o uso incessante da internet, parece que não há o mesmo interesse no indivíduo. A igreja perdeu, via de regra, a preocupação com o indivíduo. Em muitas denominações não existem mais rol de membros, as pessoas entram e saem dos cultos sem que saibamos seus nomes.
Quando Jesus esteve na Terra sempre mostrou uma preocupação em conhecer seus seguidores. Ele os chamava pelo nome, em muitos caos conhecia suas famílias e, acima de tudo, procurava ouvir suas necessidades. Em Marcos 10, ele fala com o cego Bartimeu e pergunta: “Que queres que Eu te faça?” (v 51). Em João 5 conversa com o homem no poço de Betesda, indagando “Queres ser curado? (v.6).
Esses são dois bons exemplos quando o Senhor não olhou para a multidão, olhou para o indivíduo, para a pessoa como ela é. Muitos passaram e viram o cego pedindo e o enfermo esperando ajuda e os ignoraram. Aqui está um grande desafio para a igreja, olhar os “uns”, não a massa disforme que enche os templos nos cultos.
É impossível para os pastores atenderem com o mesmo tipo de dedicação a todo mundo, eu sei, mas acredito que aqui entra a reflexão sobre o ministério individual de cada cristão. Responda rapidamente, nos últimos cultos que você foi, conversou com os visitantes? Procurou saber as necessidades deles, ofereceu para orar com eles ou mesmo visitá-los?
A conta que a rede Globo faz é que ela atinge quase metade da população brasileira diretamente, e o restante de forma indireta, quando as pessoas comentam o que viram de sua programação. Se as estimativas estão certas, somos cerca de 50 milhões de evangélicos atualmente.
Aplicando a mesma lógica, poderíamos dizer que somos “50 milhões de uns”, e João 10:3 diz que Jesus chama a cada um pelo nome. É tempo de refletir, se os filhos das trevas são mais prudentes que os filhos da luz (Lc 16:8) deveríamos perceber que no mundo pós-moderno e cada vez mais virtual, o amor de Deus continua sendo individual e intransferível.
Que a Igreja possa lembrar disso e oferecer a cada indivíduo do país notícias melhores que as transmitidas pela Globo, afinal “evangelho” significa “boa notícia” e ela nunca fica velha. Deus amou a cada um de tal maneira que deu seu filho para morrer em nosso lugar e perdoar nossos pecados, que cada “um” no Brasil possa saber disso por cada “um” que forma o corpo de Cristo neste país!
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