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A Bíblia precisa de atualização? Pastores respondem heresia

Líderes procurados pelo Gospel Prime falam sobre tema polêmico.

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Ed René Kivitz (Foto: Reprodução/Instagram)

Diante da polêmica afirmação de Ed René Kivitz de que a Bíblia deveria ser atualizada para acolher a homossexualidade, negando doutrinas fundamentais da fé cristã, o Gospel Prime procurou diversos pastores para responder três perguntas sobre o tema, a fim de esclarecer se o Livro Sagrado pode ser alterado para atender grupos que não concordam com suas doutrinas.

A polêmica se deu durante a fala de René Kivitz em uma série chamada “Cartas para um novo mundo”, onde ele proferiu diversas críticas a respeito dos textos bíblicos, chegando a declarar que este é o grande desafio da igreja contemporânea, “olhar a Bíblia como um livro insuficiente”.

Assim que o Gospel Prime noticiou a fala polêmica de Kivitz, diversos líderes evangélicos usaram as redes sociais para refutar suas afirmações. Muitos chegaram a classificar o que ele disse como “heresias” e “apostasias”. Desde então, o portal contatou diversos líderes para falar sobre o tema.

Existe uma pressão da sociedade para atualizar a Bíblia?

De acordo com o pastor Carlito Paes, líder da Igreja da Cidade de São José dos Campos (SP), que é Bacharel e Mestre em Teologia, a pressão da sociedade é “sobre o incômodo que as Suas verdades provocam diante da realidade pecaminosa do homem”.

O pastor acredita que neste sentido, “sempre houve e sempre haverá” pressão social, já que “o mal usa vários métodos para tentar calar as Escrituras”. “Desde proibir, queimar e distorcer”, enfatizou Carlito Paes sobre a pressão contra a Palavra de Deus.

“Sempre será sobrenatural ser transformado por essas verdades. É o Espírito que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo. Por isso, a questão da sociedade é o que fazer com essas verdades que confrontam a nossa maneira de viver e que sempre nos lembram de que precisamos ser transformados?”, destacou.

Carlito Paes. (Foto: Comunicação/Igreja da Cidade)

O bispo JB Carvalho, pastor titular da Comunidade das Nações, teólogo e professor universitário, afirma que a pressão social pela “atualização” da Bíblia ““vem de forças políticas progressistas que querem acomoda-la ao espírito do tempo, o que os alemães chamavam de ‘zeitgeist’”. “Com isso, as Escrituras não mais moldam a realidade e não mais transformam o mundo, mas se adaptam a ele. Nada tão anti-evangelho”, enfatiza.

“No século XVIII a igreja declinou diante do iluminismo e gerou um ‘Frankenstein teológico’ chamado teologia liberal, que enfraqueceu nossa mensagem e gerou um tipo de cristão conformado e submisso ao sistema do mundo. Ao ceder ao espírito da época estamos sentenciados a ser um sal sem sabor e uma luz que só brilha dentro das quatro paredes”, enfatizou.

Já o pastor Paulo Roberto Pereira, líder da Assembleia de Deus em Gravataí (RS) e teólogo, acredita que a pressão não é especificamente da sociedade, do cidadão comum, mas parte de um seguimento da própria liderança que está eivada pelo liberalismo.

“Talvez essa tendência seja maior por parte de um seguimento liberal na liderança evangélica no mundo. O ser humano, de alguma forma, em todas as gerações, busca fazer de seus próprios pensamentos uma religião que acomode seu ego”, enfatizou.

Essa também é a avaliação do pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), na cidade do Rio de Janeiro, que é taxativo em dizer que a pressão é “daqueles que conhecem a Palavra, daqueles que já tiveram uma experiência até com o evangelho”.

“As únicas pessoas que querem mudar a Palavra de Deus são as mesmas que não permitiram serem mudadas pelo poder da Sua Palavra, isso é: pelo poder da Palavra de Deus. Então, elas não foram mudadas pelo poder da Palavra e pela sua vida de pecados, de iniquidades, querem adaptar a Palavra ao seu ‘modus vivendi'”, avalia Malafaia.

Silas Malafaia diz que isso é “a coisa mais absurda”, pois afirma que ao invés do homem se submeter a Deus, essas pessoas querem que Deus se submeta ao homem. “Isso não tem nem cabimento! Isso é uma coisa tão absurda, porque a Palavra de Deus é tão poderosa e absoluta que Deus se submete a sua própria Palavra”, lembrou citando o Salmos 138.2.

O pastor Israel Belo de Azevedo, que é Mestre em Teologia, Doutor em Filosofia e líder da Igreja Batista Itacuruçá (RJ), diz que sempre houve pressão de parte da sociedade para mudanças que poderiam ser chamadas de “atualização” da Bíblia, enfatizando que cada época tem seus bordões e suas ideologias e diz que essa pressão é normal para os seguidores da Palavra de Deus.

“A questão é que ao longo dos séculos a Bíblia tem sido usada de um lado e de outro lado dos extremos, sabemos assim, para legitimar as suas propostas, penso que o esforço nosso deveria ser: compreender a Bíblia à luz de seu contexto histórico, compreender a nossa época sob a mesma luz, chamemos de racional, não ideologizada, mas entender que a Bíblia tem princípios que são perenes”, pontuou.

Israel Belo de Azevedo

Pastor Israel Belo de Azevedo (Foto: Reprodução/Arquivos Pessoais)

Segundo o pastor Daniel Fich, que é presidente da Assembleia de Deus em Lajeado (RS), jurista, formado em Direito e com especialização em Direito Religioso, uma sociedade secularizada tem questionado a inerrância das Escrituras Sagradas.

“Inegavelmente vivemos um momento onde o humanismo, antropocentrismo, hedonismo, etc, progridem a passos largos, e como consequência disso, é natural que uma sociedade secularizada passe a questionar a inerrância das Escrituras Sagradas tentando atualizá-la conforme seus próprios interesses”, disse ao Gospel Prime.

O pastor Valdomiro Pereira, presidente da Convenção Estadual das Assembleias de Deus no Estado da Bahia (CEADEB) e com mais de 30 anos de ministério pastoral, afirma que a Bíblia é “inerrante e imutável” e que ao longo dos séculos ela se mantém como “a bússola para uma sociedade perdida e sem rumo”.

“Apenas aqueles que desejam dar vazão aos seus desejos carnais sem serem confrontados com a Verdade Absoluta do Senhor Nosso Deus é que alardeiam esse desvirtuamento da Bíblia. Não podemos falar em atualização do Texto Sagrado, porque ele transcende os aspectos temporais”, disse.

Para o pastor André Câmara, líder da Assembleia De Deus em São José Dos Campos (SP), a pressão da sociedade existe e sempre existiu, apontando duas vertentes desta pressão, sendo interna, de pessoas que querem se sentir bem com sua forma de vida e, ao mesmo tempo, um movimento ideológico.

“Liberalismo teológico não é de hoje, ele ressurgiu e de tempos em tempos ele tenta tragar e usar inclusive movimentos e líderes respeitados da igreja que tem o mesmo entendimento. Então, a pressão da sociedade sempre houve, a pressão ideológica no Brasil hoje é maior do que nunca e de vez em quando existe pressões internas”, esclareceu.

Segundo a opinião de Miguel Uchoa, arcebispo e primaz da Igreja Anglicana no Brasil, bispo da Diocese de Recife e reitor da Paróquia Anglicana Espírito Santo (PAES), que tem Pós-Graduação em Teologia e Engenharia de Pesca, existem setores que desenvolvem “teologias liberais” por não aceitarem a ortodoxia bíblica.

“Não vejo uma pressão para atualizar a bíblia, vejo setores que desenvolvem teologias liberais e que não aceitam a ortodoxia bíblica nem outra qualquer ortodoxia por serem heterodoxos em tudo. E a Bíblia é ortodoxa, Jesus foi ortodoxo, Paulo apóstolo foi ortodoxo a fé cristã é ortodoxa”, disse.

Miguel Uchoa

Arcebispo Miguel Uchoa (Foto: Reprodução/Facebook)

Na avaliação do bispo Abner Ferreira, líder da Assembleia de Deus em Madureira (RJ), que é escritor, teólogo e jurista, a pressão para que a Bíblia seja atualizada existe desde os tempos de Jesus Cristo, lembrando que a própria Palavra adverte contra quem tentar “atualizá-la”.

“Essa pressão já existia desde os tempos de Jesus. E temos a advertência da Palavra de Deus de que não se deve acrescentar ou tirar um ’til’ ou uma ‘palavra’ será réu do juízo de Deus. Então sempre houve, não há nenhuma novidade”, enfatizou.

O pastor Paulo Böhm, da Igreja do Mover em Canoas (RS), que tem Teologia e Especialização em Teologia, avalia que a proposta de atualização da Bíblia feita por Ed René Kivitz impressiona, pois ele “toma a liberdade de se impor sobre a revelação e inspiração das Escrituras”.

“Dizer que a Bíblia é um livro ‘insuficiente’, que não é possível tratar a Bíblia como um livro que revela verdades absolutas e que gays estão condenados por causa de dois ou três textos que não foram atualizados, é entregar na mão do interprete a definição do que é ou não é Palavra de Deus. A Bíblia não pode ser redefinida pela cultura atual”, enfatizou.

O pastor Samuel Santos, líder da Igreja Batista de Poconé (MT), que é formado em Teologia pelo Seminário Batista do Mato Grosso e tem bacharelado em Teologia, citou a influência de ideologias como o marxismo, enfatizando que ela está latente na igreja através da teologia da esperança, teologia da libertação, evangelho social e missão integral.

Ele defende que a igreja pode e deve se atualizar, mas não pode abandonar os princípios das Escrituras, pois assim deixará de ser Igreja. O pastor lembra que a missão da igreja hoje não é para o século passado e por isso é preciso que ela seja “atual e contemporânea”.

Samuel Santos

Pastor Samuel Santos (Foto: Reprodução/Facebook)

Danilo Figueira, que é escritor e pastor sênior da Comunidade Cristã de Ribeirão Preto (SP), destaca que sempre houve pressão, citando o apóstolo Paulo, que exortava a não nos conformarmos com o presente século, explicando que isso significa “não entrarmos na forma que o mundo tenta impor”.

“É por isso que Paulo exorta a não nos conformarmos ao presente século, ou seja, não entrarmos na forma que o mundo tenta impor. Entretanto, essa pressão está aumentando e chegará a níveis críticos, à medida em que caminhamos para o fim”, disse.

Para o pastor Josué Valandro Júnior, presidente da Igreja Batista Atitude, da cidade do Rio de Janeiro, escritor e apresentador do Programa Tempo de Atitude, a pressão da sociedade acontece por conta das falsas linhas teológicas, que estabelecem que quem define o que será Palavra de Deus é o homem e não mais Deus.

“A pressão pra atualizar a Bíblia é evidente diante da teologia humanista, ou seja, não é Palavra de Deus ao homem, mas é palavra do homem definindo o que será ‘Palavra de Deus'”, disse.

A Bíblia realmente precisa desta atualização?

O Gospel Prime questionou aos líderes evangélicos se a Palavra de Deus precisaria da suposta atualização proposta por Ed René Kivitz. A pergunta foi feita para tentar entender o ponto de vista dos líderes sobre os temas sensíveis para a sociedade.

Na avaliação do pastor Silas Malafaia, a Bíblia é “o livro mais atualizado do mundo”. “A Bíblia é tão atualizada que ela fala do presente, do passado e do futuro. Qual é o livro que fala do futuro do homem? Qual é o livro que diz: ‘Olha se você obedecer o que Deus está falando na Sua Palavra, as coisas vão acontecer de maneira prática e real na sua vida'”, pontuou.

“A Palavra de Deus não só fala do futuro pessoal, aqui na Terra, como do futuro eterno. Um livro atualizadíssimo”, salienta. “Eu aprendi uma coisa, desde que o homem caiu o que muda é a tecnologia, o homem é a mesma coisa, com seus pecados, com suas manias, seus vícios, seus erros”, disse.

Silas Malafaia (Foto: Divulgação/CIMEB)

Paulo Roberto Pereira lembra que a Bíblia registra os princípios que Deus usa para se relacionar com o ser humano e que “não se preocupa como as pessoas vão reagir aos seus relatos”. Ele aponta que o fato de haver um relato comprometido com a verdade na Palavra de Deus, isso demonstra que ela não precisa ser atualizada.

“Ela registra êxitos e fracassos, personagens valorosos e decepcionantes. A Bíblia trata com as fraquezas do ser humano e confronta suas mais terríveis tendências. O poder da mensagem bíblica reside no relato comprometido com a verdade”, lembra.

O pastor Carlito Paes segue o mesmo pensamento, apontando que a Palavra de Deus necessita de “contextualização”, que é um princípio básico de hermenêutica e exegese bíblica. Ele diz que o pregador precisa contextualizá-la no momento da exposição. “A Biblia não é um livro para leitura e apenas discussão”, enfatiza.

“A aplicação correta dos princípios de exegese e hermenêutica sob a influência do Espírito Santo e um coração aberto para as verdades, não construirão uma Bíblia diferente, mas trará uma revelação de Deus”, disse. “Não é a Bíblia que precisa ser atualizada, mas o leitor. As verdades eternas de Deus continuam sendo eternas”, continuou.

Já o bispo Abner Ferreira citou o Salmos 119.89, que diz: “Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu”. Ele fez uma ilustração dizendo que o que nós temos é apenas uma cópia e que “os originais estão nos Céus”. “A Bíblia é o livro mais atual que existe no mundo, porque ela conta a história do passado, do presente e do futuro. Então, é o livro mais atualizado que existe no planeta Terra”, disse.

Abner Ferreira critica Ideologia de Gênero

Bispo Abner Ferreira (Foto: Comunicação/AD Madureira)

Abordando a mesma linha da contextualização do texto, o arcebispo Miguel Uchoa enfatiza que a “atualização” é feita todos os dias que a Bíblia é aberta para ser ensinada. “O que precisamos deixar claro é que a atualização não significa descaracterizá-la”, disse Uchoa, se referindo a contextualização dos ensinamentos da Palavra de Deus.

“Atualizar o discurso da Bíblia, em nenhum momento pode tirá-la do eixo principal e que se apresenta em toda Escritura em unidade e não quebra os princípios bíblicos”, enfatizou.

Valdomiro Pereira enfatizou que a igreja Assembleia de Deus continuará a defender a pureza da Bíblia e afirma que a liderança jamais aceitará qualquer tipo de alteração na Palavra de Deus. “Como já mencionei, cremos que a Palavra de Deus (Bíblia Sagrada) é imutável e, por via de consequência, ela nunca necessitará de atualização”, disse.

“Nós da Assembleia de Deus continuaremos a defender a pureza do Texto Sagrado e jamais aceitaremos qualquer tipo de alteração na Verdade a nós revelada pelo Espírito Santo. A própria Bíblia, em Apocalipse 22.18,19 nos proíbe de procedermos a qualquer alteração nas Sagradas Escrituras”, continuou.

Israel Belo de Azevedo diz que muitas pessoas ao longo da história têm tomado normas da Bíblia e apresentado como princípio, destacando a necessidade de distinguir norma e princípio para que a Palavra se torne compreensível para os extremos em meio a uma polarização.

O pastor Daniel Fich diz que a Bíblia não é um “cardápio de restaurante em que escolhemos o que queremos. Nós é que precisamos nos amoldar ao Texto Sagrado”, disse ao comentar a questão a respeito do fato de a Bíblia precisar ou não de atualização.

Pastor Daniel Fich

Pastor Daniel Fich (Foto: Reprodução/Arquivos Pessoais)

O pastor Samuel Santos também acredita na contextualização da Palavra de Deus, mas afirma que o homem não tem legitimidade para desvirtuar a mensagem e por isso não se deve ceder a pressões internas ou externas para que a Bíblia seja atualizada.

Para o pastor Josué Valandro Jr. os escritores da Bíblia estavam cientes de estarem a serviço do Espírito Santo para escreverem as Escrituras. “Mais que isso, eles citavam os escritos de outros autores com o reconhecimento de ser Palavra de Deus”, enfatiza.

“No apocalipse tem-se um fechamento da Escritura deixando claro que nada pode ser alterado ou acrescentado”, lembra. “Atualizar a Palavra só pode ser pregar a mesma verdade de forma inteligível ao homem de hoje! Nunca seria expurgar preceitos da Bíblia para atender as tendências carnais do homem”, pontuou.

“Penso que na transmissão do Evangelho, precisamos ser contemporâneos e contextualizados. Porém, não temos legitimidade para desvirtuar a mensagem no intuito de incluir o que penso ser correto e/ou ceder a pressões internas ou externas. Se fizermos isso, corremos o risco de deixarmos de ser bíblicos e consequentemente abraçaremos a apostasia”, disse.

Para o bispo JB Carvalho a ideia de atualização da Bíblia apresentada por Ed René Kivitz visa acomodar o Evangelho ao que exigem os “inteligentinhos dentro e fora da igreja”. “Desidratar a Bíblia é a solução dos covardes que não querem bater de frente com o sistema progressista, mas aderir e fazer coro com as novas modinhas que arrastam os meninos na fé”, disse.

Bispo JB Carvalho. (Foto: Reprodução / Facebook)

Paulo Böhm lembra que o Evangelho foi inserido no contexto greco-romano e que os cristãos leem o Antigo Testamento com “as lentes” do Novo Testamento. “Aquele antigo mundo necessitava do dinamismo do Evangelho, pois só esse novo poder poderia gerar no novo mundo novas relações”, disse.

O pastor Danilo Figueira afirma que a Bíblia “precisa ser entendida e ensinada em cada tempo a partir de regras sérias de hermenêutica e não ao sabor das demandas do mundo ou da vontade de quem a interpreta”. Ele enfatiza que a mensagem da Bíblia “não pode ser mudada.

“O que precisa de atualização é apenas a linguagem com que a transmitimos… tentar colocar conceitos claros de pecado, por exemplo, no rol do relativismo cultural é inadmissível. Há verdades explícitas na Palavra que não carecem de interpretação. São o que são e ninguém mudará”, disse.

Na visão do pastor Valdomiro, a Assembleia de Deus não sofre pressão interna no sentido de mudanças da Bíblia Sagrada. “Nosso povo é instruído e conhece as verdades bíblicas e seguimos sempre unidos na defesa da nossa fé e dos nossos princípios”, disse.

Valdomiro Pereira

Pastor Valdomiro Pereira (Foto: Comunicação/AD Salvador)

André Câmara afirma que é incoerente afirmar que a Bíblia precisa de atualização “mas nós afirmamos que Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente será, quando a gente fala que Deus está fora do tempo e a Palavra dEle permanece. Tudo passa, mas a Palavra de Deus não passa”.

“A gente entende que Deus é um Deus soberano, atemporal, mas a gente está falando que a Palavra dEle tem tempo de validade? A gente está falando que os conceitos e os princípios dEle passa? Porque se eu digo que a Palavra de Deus precisa de atualização, estou falando que Deus precisa de atualização. Se eu digo que os princípios de Deus não são adequados, estou falando que meu Deus não é adequado”, criticou.

Câmara lembra que o salmista diz que que Deus colocou a Sua Palavra acima do Seu nome e que ao sugerir uma atualização da Palavra de Deus se está sugerindo que Deus precisa ser atualizado. “Então quando alguém fala de atualização da Bíblia, não está tocando em texto morto, está tocando em um Deus vivo, está falando que um Deus vivo é ultrapassado e eu não creio nisso”, pontuou.

André Câmara

Pastor André Câmara (Foto: Reprodução/Facebook)

Como os líderes podem lidar com essa pressão?

Ao ser questionado sobre a melhor maneira da liderança lidar com a pressão que se levanta contra a Palavra de Deus, Miguel Uchoa disse que “lidamos com isso cotidianamente quando procuramos mostrar que a fé cristã é libertária indo contra a agenda atual que tenta descaracterizá-la”.

Ele lembra que “a fé cristã moldou a sociedade ocidental, produziu a liberdade, inventou as universidades, fundou as principais escolas de ciência do mundo, produziu e produz ciência, investe na saúde publica e fundou os principais hospitais do globo e tantas outras coisas”.

“A igreja cristã é hoje a maior força do terceiro setor no mundo, retirem a igreja do globo por um dia e veremos o caos estabelecido” enfatizou.

Josué Valandro Jr. diz que líderes pregaram a vida toda sobre a ousadia daqueles cristãos que viveram e pregaram a Palavra e que é a hora de viverem o mesmo. “Chegou a hora de viver nós mesmos o que sempre pregamos”, avalia o pastor batista.

“Se alguém se desvia disto, se enquadra no aviso bíblico de gente que deixaria o amor esfriar e se enveredaria na apostasia! Uma coisa são divergências teológicas sobre o que a Bíblia não diz claramente. Outra coisa é alteração de princípios explícitos da Palavra. Isto é apostasia”, disse.

Josué Valandro Jr.

Josué Valandro Jr. (Foto: Reprodução/Facebook)

Daniel Fich diz que a pressão não é novidade e que os inimigos da Bíblia existem “desde os tempos em que os manuscritos eram queimados juntos com os primeiros cristãos”. “É justamente quando a Palavra confronta os seus pecados, que os homens passam a odiar o Livro Sagrado, e por isso tentam atualizá-la conforme suas paixões”, disse.

Citando 2 Timóteo 4.3, ele lembrou que existe a advertência de que chegaria tempos em que as pessoas não dariam atenção ao ensino verdadeiro, mas seguiriam seus próprios desejos. Ele diz que “esse tempo chegou”.

Carlito Paes destaca que é preciso sustentar a verdade e que a verdade nos sustentará. E avalia que “todas as vezes que uma pessoa abre mão de uma verdade, ela cava um abismo”. “Mais do que nunca, o papel do líder é anunciar a verdade à sua geração”, continuou.

“A pressão sempre revelará os fundamentos sobre os quais um líder baseia sua fé, seu ministério e seu chamado. Não há outro porto mais seguro do que as verdades de Deus reveladas nas Escrituras Sagradas”, ensinou.

Paulo Roberto Pereira diz que a pressão no campo das ideias deve ser confrontada com “a força do exemplo” e destaca que isso deve estar alinhado com “princípios bíblicos”. “A pressão ainda virá mais forte, quando baseada com leis para tentar dobrar a postura bíblica”, disse.

Pastor Pastor Paulo Roberto Pereira (Foto: Reprodução/AD Gravataí)

Malafaia diz que os líderes devem lidar com a pressão “pregando a Palavra de Deus” e cita Romanos 10.17. “Nós temos é que pregar a Palavra de Deus e parar de ficar pregando filosofia, autoajuda, nós temos é que pregar a Palavra”, disse.

Em uma análise rápida sobre 1 Timóteo 4.1, Silas Malafaia lembrou a Igreja que a Bíblia já advertia sobre “espíritos enganadores” e “doutrinas de demônios”. Ela aponta que “espíritos enganadores” são pessoas que vão ter “uma prática de similaridade com o Evangelho e com a vida cristã”. “Parece que é cristão, parece que é de Deus só que é prática iniqua” disse.

Ao falar sobre “doutrinas de demônios”, o pastor lembra que isso diz respeito a “deturpação teológica da Palavra”. “Agora nós vamos ter uma Bíblia adaptada para cada pecado. Atenção, então vamos tirar da Bíblia o adultério, vamos tirar da Bíblia a prática sexual ilícita, que é fora do casamento, porque tem muita gente que se prostitui, vamos tirar da Bíblia. Vamos tirar da Bíblia a questão do homossexualismo”, ironizou.

O pastor Paulo Böhm lembrou que a discussão surgiu bem na semana que se comemora a Reforma Protestante, lembrando ainda que a autoridade das Escrituras foi um dos grandes temas abordados pelos reformadores, sugerindo que a liderança deve ser manter firme nestes pilares.

“Líderes não podem e não devem se mover baseado em pressão. Inclusive ela faz parte da caminhada do lider. Meu conselho: acostume-se à ela. Fique firme. Como o doutor Martinho Lutero disse: ‘Aqui me mantenho (fico com as escrituras)'”, concluiu.

Paulo Böhm

Pastor Paulo Böhm (Foto: Reprodução/Facebook)

Abner Ferreira diz que a função dos líderes é lidar com a pressão e que a Igreja não deve ficar na defensiva, mas deve atacar o reino das trevas, deve ser luz no meio das trevas. “O trabalho da Igreja é exatamente esse, de protestar e pregar contra o pecado, contra o mundo, que é esse sistema pecaminoso implantado sobre a Terra e contra a carne, a vontade  das pessoas de viver na prática do pecado”, disse.

“A Igreja é a contracultura de tudo isso que está aí, esse é o trabalho da Igreja. Quando a Igreja se conforma, ou seja, vive de acordo com a forma do mundo, a Igreja perdeu a sua essência”, continuou.

Segundo o pastor Danilo Figueira, a liderança precisa “pregar a sã doutrina, instruir o seu povo na verdade, sem se preocupar se a verdade é popular ou não”. Ele também afirma que a liderança “precisa denunciar tudo o que é ‘morte na panela’, toda mistura que comprometa a saúde do Evangelho”.

“Falsos mestres e falsos ensinos precisam ser sempre confrontados à luz das Escrituras. Nossa Bíblia não é de borracha, para se adaptar ao gosto dos homens. São os homens que precisam se arrepender e se adaptar à eterna Palavra de Deus”, pontuou.

Danilo Figueira

Pastor Danilo Figueira (Foto: Reprodução/Arquivos Pessoais)

André Câmara os líderes devem aguentar a pressão, devem carregar a cruz. Ele cita o exemplo do próprio Jesus Cristo que lidou com a pressão da sociedade de sua época. “Jesus teve que carregar a pressão dEle e nós temos que carregar as nossas pressões”, lembra.

Ele também lembra o caso de Daniel no Antigo Testamento, que orava todos os dias. “Daniel não foi jogado na cova de leões porque ele orava. Não, não foi. Ele foi porque ele segurou a pressão. Porque mesmo tendo lei, mesmo tendo imposição de pensamentos e de líderes ele falou assim: ‘ninguém vai mudar meu costume”, disse.

Samuel Santos afirma que a liderança precisa ser conservadora, ter “firmeza doutrinária”, apesar de reconhecer que é preciso ser contemporâneo no sentido de contextualizar o que está sendo ensinado, mas volta a reforçar que é preciso ser bíblico.

“Seja contemporâneo a seu tempo, contextualize a mensagem, porém continue sendo bíblico”, disse.

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