estudos bíblicos

Hebreu, judeu, israelita e israelense – qual a diferença?

Entenda o significado de cada termo relacionado ao povo de Israel.

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Judeus no muro das lamentações. (Anton Mislawsky / Unsplash)

Tanto na Bíblia, quanto nos escritos modernos, usamos algumas palavras distintas para nos referir ao povo de Israel.

Na maioria das vezes tomamos inconscientemente estas palavras como sinônimas, sem atentar para o significado histórico que cada uma delas possui.

Vejamos:

Hebreus

Não se sabe ao certo a origem desta palavra e o porquê de seu uso. Presume-se, mas sem uma prova conclusiva, que o termo “hebreus” seria uma forma de designar um povo semita, descendente de Éber, neto de Sem e antepassado de Abraão (Gn 10.24; 11.16).

Fato é que “hebreus” não deriva etimologicamente de Abraão exatamente (embora a sonoridade das palavras pudesse sugerir isso), pois até mesmo Abraão é chamado de “hebreu” (Gn 14.13). Todavia, desconhecemos qualquer uso desta palavra que não seja a partir de Abraão, e sempre é usada na literatura judaico/cristã para se referir ao povo da promessa, que descendia de Isaque, filho de Abraão com Sara.

Judeu

O termo judeu só começou a ser usado a partir do cativeiro babilônico, para se referir aos do reino do Sul de Israel (que incluía as tribos de Judá e de Benjamim, após a divisão de Israel em dois reinos) e que tinham sido levados para o exílio nos dias de Nabucodonosor. Nessa época, “judeu” era sinônimo de “hebreu”, como se pode ver em Jeremias 34.9.

A primeira ocorrência da palavra “judeus” na Bíblia está em 2Re 16.6. “Judeu”, portanto, seria uma forma de se referir àquele que é de Judá, ou que está de alguma forma ligado a esta tribo (por exemplo, sacerdotes da tribo de Levi ou, em menor número, membros de outras tribos que residiam no reino de Judá). No Novo Testamento, a palavra é usada para designar os moradores da área que, antes, incluía o reino de Judá, ou seja, a região da Judéia; território este ocupado essencialmente pelo remanescente do cativeiro babilônico.

Israelita

É o termo para se referir aos “filhos de Israel”, ou seja, os que trazem o sangue de Jacó em suas veias. Jacó recebeu de Deus um novo nome (Gn 32.28), quando ao final da luta no vau de Jaboque passou a também chamar-se Israel (embora não tenha havido abandono do uso do nome Jacó).

“Israelita” ou “filho de Israel” são termos comumente usados a partir da residência de Jacó e sua família fixada nas terras do Egito, quando José era governador (Ex 1.7).

Israelense

Não é um termo bíblico, mas um adjetivo pátrio que se refere ao cidadão do moderno Estado de Israel, independentemente da sua origem étnica ou credo religioso, e que desfruta de todos os direitos que as leis deste país concedem aos seus cidadãos, bem como estando sob o dever de cumprir todas as obrigações que lhe são inerentes.

Desde 1948, quando foi fundado o Estado de Israel, este título passou a ser aplicado a todos que possuem cidadania israelense, mesmo que não sejam descendentes de Israel (Jacó), o grande patriarca do povo (etnia) israelita.

Ou seja, é perfeitamente possível ser israelense e não ser hebreu ou judeu.

Curiosidade – origem do verbo “judiar”

Segundo o professor de Língua Portuguesa e mestre pela PUC-Rio, Sérgio Nogueira, judiar significa “escarnecer, fazer sofrer, atormentar, maltratar”.

O verbo judiar é formado de “judeu” mais o sufixo “iar”. É, portanto, um verbo de carga depreciativa, pois seria “tratar como os judeus foram tratados”, ou seja, “maltratados como os judeus” (numa possível referência histórica aos maus-tratos feitos aos judeus ao longo dos séculos, mas especialmente durante o governo tirânico de Adolf Hitler, que matou cerca de 6 milhões de judeus no holocausto nazista).

Linguistas dizem que embora muitos estudiosos da linguagem não associem judiar ao sofrimento dos judeus, o uso do verbo deve ser evitado, sendo uma palavra que carrega em si uma carga preconceituosa. Seria o que muitos chamam de palavra “politicamente incorreta”.

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