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Vai um fermento aí?

 “Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado.”

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O Evangelho de Mateus capítulo 13 é conhecido como o “capítulo da semeadura”, isto porque nele encontramos pelo menos três parábolas referentes ao processo de semeadura e frutificação de sementes. Entretanto no v.33 está registrada a menor parábola de toda a Bíblia. Lucas também faz menção a este mesmo texto em Lc 13.20,21.

No Antigo Testamento, notadamente na  lei de Moisés, o fermento era, com raras exceções, proibido em ofertas, e na celebração da Páscoa, todo fermento deveria ser removido de casa (Êxodo 13:3; Levítico 2:11). Ao lermos o Novo Testamento percebemos que onde o fermento é utilizado sempre é aplicado como uma influência  deletéria (má, destrutiva, danosa, nociva) (Lucas 12:1; 1 Coríntios 5:7; Gálatas 5:9). Por essa razão alguns estudiosos concluíram que o fermento nesta parábola, uma vez mais, simboliza uma má influência.

Nesta parábola, juntamente com as proferidas junto ao Mar da Galiléia, está claramente  exposto que o Mestre  faz comparações  com o Reino do Céu, e não com o reino do mal.

O que o Cristo está querendo que entendamos é sobre o poder sereno e transformador da influência de Seus Santos ensinos, que como o fermento que atua na massa, no silêncio e quietude, a faz crescer, ampliar e avançar além dos seus limites. Como o fermento que atua dentro da massa, assim também o Evangelho opera no espírito do homem, no lugar secreto,  transmitindo a verdade de coração para coração. Jesus quer que aprendamos que, como o sal e a luz, o fermento também é um agente transformador “mudo”, mas poderoso.

Jesus também agia na quietude: “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito sobre ele; ele trará justiça aos gentios. Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua voz na praça.
A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade trará justiça.”  Is 42.1-3 (grifo meu)

Não se estabelece o Reino de Deus travestindo-se alguém de fora para dentro, fantasiando-o de “crente”, mudando-lhe a aparência, aquilo que os olhos veem. Ao contrário, a ação do Evangelho se dá na mudança do interior, onde nossos olhos não podem contemplar. O Reino de Deus não é visível : “E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós.” Lc 17.20.21

Se entendemos que a massa se refere ao coração de uma alma carente, podemos afirmar que quando o texto diz: “…até que tudo esteja levedado”  Ele está afirmando que este poder transformador do fermento vai atingir o homem em sua integralidade, não haverá área desta “Nova Criatura” onde o fermento não tenha purificado. A Massa também pode ser interpretada como o mundo e nossa influência positiva sobre ela.

Um pouquinho de fermento não faz mal pra ninguém!

Que o Senhor nos abençoe.

 

Graduado em Teologia. Pós-graduado em Teologia Bíblica. Mestre em Sociologia da Religião. Doutorando em Teologia.

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