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devocional

Um outro tipo de vírus mortal: o “fermento dos fariseus”

Ainda não compreendeis? Está endurecido o vosso coração?

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Jesus e os fariseus. (Foto: Reprodução)

Certa vez, diz a Bíblia, que Jesus ordenou aos seus discípulos que se abstivessem do “fermento dos fariseus” (Mc. 8:14-21). Ora, Jesus, que falava por parábolas, quando estava ensinando ao povo, apesar de estar usando uma figura de linguagem, naquele momento, estava claro que ele não se referia ao “pão” ou à “comida”, mas o ensino ou modo de vida dos fariseus.

Em Lucas 12:1, fica claro que o “fermento dos fariseus” é a doutrina desses, que aqui Jesus especifica: a hipocrisia. O curioso, contudo, no texto de Marcos, é a incompreensão dos apóstolos e a exortação de Jesus, em seguida. A princípio, eles pensam que o Mestre estava proibindo-lhes de comprar “pão dos fariseus”, porque eles não tinham pão (Mc. 8:16).

O próprio Jesus se surpreende com esta incompreensão, ao ponto de Marcos expor suas perguntas, nos versículos seguintes: Por que discorreis sobre o não terdes pão? Ainda não considerastes, nem compreendestes? Tendes o coração endurecido? Tendo olhos, não vedes? E, tendo ouvidos, não ouvis? Não vos lembrais de quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços recolhestes? (…) Não compreendeis ainda?

Esta ignorância dos discípulos acerca de coisas óbvias é muito, muito significativa. Revela, pelas perguntas que Jesus fez, que a coisa toda ia além da mera ingenuidade, da tolice infantil. Pela palavra que ele usa no versículo 17, “endurecido” (gr., porôo), seu coração estava tão encoberto, tão cheio de si próprios, que não se abriam sequer às mínimas verdades acerca do Reino de Deus! Era surpreendente: ao olharmos, hoje, um texto desses, podemos até achar ridículos alguns comentários feitos pelos apóstolos, mas esta era precisamente a sua condição espiritual,  naqueles dias.

Observe, prezado(a) leitor(a): se aquilo acontecia com os apóstolos de Jesus, o que se dirá das pessoas que não andavam com Jesus, ou que apenas o conheciam de longe? O nível de cegueira espiritual deveria ser enorme! Eles não sabiam, mas suas ações demonstrariam, por todo o ministério de Jesus, que eles estavam contaminados, como muitos de seus dias, do perigoso “fermento dos fariseus”.

Não é de admirar que vejamos relatos surpreendentes daqueles dias, com algumas das ações mais impensáveis que poderia haver na Bíblia. A forma como os dos discípulos agiram, em determinadas circunstâncias. Como cobraram de Jesus uma atitude, somente para depois se surpreenderem com seu poder (Mc. 4:35-41), como naquela ocasião, no mar. Ou, quando pediram a Cristo algo surpreendente, ao passarem uma aldeia de samaritanos (Lc. 9:51-56) e, por causa daquela ferocidade, o próprio Jesus chamou Tiago e João de “filhos do trovão” (gr. boanergesMc. 3:17). Os discípulos pareciam não aprender.

O que surpreende, prezado(a) leitor(a), é que não estamos tão distantes das páginas da Bíblia, como julgamos. Pelo contrário, parece-me que hoje, mais do  que nunca, uma nuvem de falta de percepção, uma miopia espiritual crassa em muitos discípulos de Jesus. Percebe-se pela maneira como nos expomos nas mídias sociais, por exemplo. A enxurrada do que se diz é um fator de comprovação do que pensamos e, no geral, vê-se que as opiniões acerca de Deus, da ação de Deus e de como devemos nos comportar, como servos dEle, está muito aquém do que afirmamos defender na Bíblia que carregamos.

Apoiamos regimes que, COM CERTEZA, não seriam nem de longe apoiados por Jesus. Assumimos um “amor estranho”, que é complacente quando não se deve e inexiste quando mais se precisa dele. Se alguém decide falar e elevar a  uma condição maior o preceito bíblico, é muitas vezes tolhido por aqueles mesmos que afirmam defender a Bíblia mais do que os outros.

O que precisamos verdadeiramente é nos voltarmos àquilo que a Bíblia diz, sem as demagogias que marcam tanto nosso tempo. Exacerba-se uma “luta pelos menos favorecidos”, por exemplo, quando no dia a dia, age-se como se aqueles nem existissem. Isto não é cuidado com o próximo, mas o oposto!

Precisamos atentar às perguntas de Jesus, no evangelho de Marcos, pois elas continuam atuais: Ainda não compreendeis? Está endurecido o vosso coração? Estas questões precisam martelar a nossa consciência, até que compreendamos que não temos, na grande maioria, as respostas corretas, como julgamos ter. Não somos o que julgamos,  normalmente.

Estamos, de um modo geral, mais carentes do que nunca de  um REAL avivamento, de uma ação operosa do Espírito Santo, que nos limpe e retire de nós todo o vestígio do velho, maligno e venenoso “fermento dos fariseus”, que insiste em deixar resquícios em nossas almas: o fermento da hipocrisia.

Bacharel em Teologia e Filosofia. Pós-graduado em Gestão EaD e Teologia Bíblica. Mestre e Doutorando em Filosofia pela UFPE. Doutor em Teologia pela FATEFAMA. Diretor-presidente do IALTH -Instituto Aliança de Linguística, Teologia e Humanidades. Pastor da IEVCA - Igreja Evangélica Aliança. Casado com Patrícia, com quem tem uma filha, Daniela.

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