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Teólogos questionam a existência de Adão e Eva e pedem uma fé para o século 21

Eles propõem aos cristãos reavaliar suas crenças e enxergar a Bíblia como poesia

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De acordo com os relatos bíblicos de Gênesis, Adão e Eva são os ancestrais de toda a raça humana, mas nos últimos anos a crença de que isso realmente aconteceu vem diminuindo uma vez que as pesquisas biológicas dizem que isso é praticamente impossível.

Tatno que uma pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Gallup e pelo Pew Research Center afirma que apenas quatro em cada 10 americanos acreditam na existência literal de Adão e Eva, uma das crenças centrais de grande parte do cristianismo conservador, e dos evangélicos em particular.

Dennis Venema, biólogo cristão da Trinity Western University diz que não há maneira de rastrear a humanidade até um único casal. “Isso vai contra todas as evidências genômicas que reunimos ao longo dos últimos 20 anos, então não é algo provável”.

O biólogo também explica que com o mapeamento do genoma humano, está claro que os humanos modernos surgiram a partir de outros primatas – muito antes do período literal de Gênesis, que seria apenas alguns milhares de anos atrás. Dada a variação genética da população atual, ele diz que os cientistas não conseguem conceber uma população abaixo de 10.000 pessoas, em qualquer momento em nossa história evolutiva.

Enxergar a Bíblia como poesia

Venema faz parte de um grupo de estudiosos cristãos que querem rever alguns ensinamentos bíblicos. O teólogo John Schneider, ex-professor do Calvin College, em Michigan (EUA) também faz parte dessa lista, e ele vai mais longe: “Não houve Adão e Eva históricos, nem serpente, nem maçã, nem queda que derrubou o homem de um estado de inocência”, enfatiza.

Baseados na evolução humana esses novos pensadores pregam que as primeiras histórias da Bíblia não aconteceram. “A evolução torna bastante claro que na natureza e na experiência moral dos humanos, nunca houve qualquer paraíso perdido”, diz Schneider que propõe uma solução para esses impasses entre a fé e a ciência. ”Acho que os cristãos têm um desafio, um trabalho grande em suas mãos para reformular algumas das suas tradições em relação os primórdios da humanidade.”

Dennis Venema indica o caminho que reconciliaria as posições: “Se ler a Bíblia como poesia e alegoria, assim como tem partes históricas, você poderá ver a mão de Deus agindo na natureza – e na evolução. Não há nada a temer fazendo isso. Não há com o que se preocupar. É realmente uma boa oportunidade para termos uma compreensão cada vez mais precisa do mundo. A partir de nossa perspectiva cristã, esse é um entendimento cada vez mais preciso de como Deus nos trouxe à existência”.

Intelectuais americanos divididos sobre o tema

Por outro lado o professor de religião do Calvin College, Daniel Harlow, chegou a escreveu um artigo questionando o Adão histórico, mas a diretoria não aceitou. Como a instituição é uma escola cristã reformada, ela tem a queda literal de Adão e Eva como parte central de sua fé.

Foi esse o motivo que levou Schneider a se demitir da faculdade na qual trabalhou por 25 anos. Vários outros teólogos bem conhecidos de universidades cristãs têm sido forçados a se demitir por causa desse debate.

Outros teólogos dizem que os cristãos não podem mais se dar ao luxo de ignorar as evidências do genoma humano e dos fósseis apenas para manter uma visão literal de Gênesis. ”Este assunto é inevitável”, diz Dan Harlow do Calvin College. ”Os evangélicos precisarão enfrentá-lo ou apenas enfiar a cabeça na areia. Se fizerem isso, perderão qualquer respeitabilidade intelectual que possuem.”

Albert Mohler, do tradicional Seminário Batista do Sul, explica: “No momento em que você diz ‘temos que abandonar nossa teologia para ter o respeito do mundo’, acaba ficando sem a ortodoxia bíblica e sem o respeito do mundo”.

Com informações Pavablog

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