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estudos bíblicos

Simchat Torá – A festa da Torá

Uma demonstração de amor do povo do Livro ao Livro dos Livros – a Bíblia.

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Soldados comemoram a Simchat Torá (Foto: Amir Cohen/ Reuters)

Simchat Torá significa alegria, ou júbilo da Torá – Pentateuco e será celebrada nos dias 20 à 22 de Outubro de 2019. A comemoração de Simchat Torá teve início durante o exílio na Babilônia, após a destruição do Primeiro Templo, em Jerusalém.

Naquela época, em Israel, a leitura da Torá era feita em períodos de três anos ou três anos e meio. Somente depois do costume de se ler a Torá ao longo de um ano ter se popularizado, durante o exílio na Babilônia, e com a compilação do Talmude por volta do ano 500, é que a festa foi aceita pelas lideranças religiosas em Israel.

Poderia se pensar que a melhor maneira de se comemorar Simchat Torá seria dedicar os dois dias de festa à leitura da Torá, mas é justamente o contrário que ocorre. Pois, todos os judeus, sem exceção, tomam a Torá ainda fechada e dançam com ela nos braços.

Os mestres judeus da antiguidade explicam que as Torot (plural de Torá) permanecem fechadas para não discriminar o nível de erudição ou capacidade para compreender e interpretar as palavras da Torá (escritas em hebraico) entre cada judeu – ou seja, todos têm o direito sobre a Torá, em conformidade com o que se diz: “a alma de cada judeu está ligada a Torá”.

A prece de Shemini Atsêret

Na festa de Shemini Atsêret (8o dia de Sucot e 1a noite de Simchat Torá), o serviço de Mussaf (prece adicional) começa com uma bênção especial com pedidos pela chuva. Desde aquela época, e durante os meses de inverno, até o primeiro dia de Pêssach (Páscoa), pronuncia-se na Amidá (oração feita em pé) as palavras “Mashiv haruach umorid hagueshem” –  “aquele que faz o vento soprar e a chuva cair”.

A razão para estas preces especiais é bem compreensível. A estação chuvosa na Terra de Israel dá-se nos meses de inverno, e toda a vida do país depende da chuva.

Se cai chuva na época apropriada e em quantidade suficiente, o solo irrigado produz frutas e colheitas abundantes; caso contrário, o país encontra-se fadado à escassez e perigo de fome.

“Hakafot” – “Danças” com os Rolos da Torá

Antes de começar a “dança” (Hakafot), um conjunto de dezessete versículos, chamado Atá Há’raita, é cantado três vezes. Tradicionalmente, membros da congregação são homenageados liderando a congregação na recitação desses versículos.

Após o término da Atá Há’raita, é costume cantar Gênesis 28:14: “E a tua descendência será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra” (Gn.28:14). Essa foi a benção com a qual Isaque abençoou seu filho Jacó passando para ele a sucessão da Aliança de Deus .

O alegre clima de Simchat Torá deve-se às hakafot (lit. heb. “círculos”), “danças” ou voltas em círculos em torno da Bimá (púlpito para a leitura do Rolo da Torá) durante as quais os judeus “dançam” e cantam preces breves implorando sucesso e liberdade a Deus, com a congregação respondendo de acordo e segurando os Rolos da Torá. Seguem-se cantos e “danças”, com os Rolos da Torá geralmente sendo passados de pessoa em pessoa, permitindo que todos tenham a chance de segurar a Torá.

As crianças também tomam parte nesta alegria, tradicionalmente, “dançando” com bandeiras especiais de Simchat Torá, e com frequência recebem o privilégio de assistir às “danças” sentadas nos ombros de seu pai.

Este procedimento é seguido sete vezes, havendo sete hakafot. Após cada hakafá (termo no singular) o gabai (coletor, tesoureiro) da sinagoga anuncia: “Ad kan hakafá…” (chegamos à conclusão da hakafá número x); os Rolos de Torá então são devolvidos à Arca, e começa a próxima hakafá, geralmente com um grupo diferente de pessoas segurando as Torot, e com uma nova pessoa liderando o grupo.

Término e reinício da Leitura da Torá

Judeu lendo a Torá. (Foto: Eran Menashri / Unsplash)

Em Simchat Torá é concluída a leitura do Pentateuco, tomando-se dois rolos da Torá. O primeiro é para a porção de encerramento, para a leitura de Deuteronômio 33 e 34, e para sua leitura chama-se alguém de destaque que recebe a denominação de “Noivo da Torá”.

Outro membro é então convocado para a leitura da primeira porção de Gênesis do capítulo um a cinco, que é lida no segundo Rolo da Torá e este é denominado “Noivo de Bereshit (Gênesis)”.

Finalmente, o Maftir (finalizador), o último a ler o trecho dos profetas que acompanha a leitura da Torá, é lido em um terceiro Rolo da Torá. Dessa maneira, a leitura da Torá prossegue porção por porção durante o ano todo, durante todas as épocas, em um eterno ciclo que quando parece se encerrar, logo depois recomeça ininterruptamente.

Isto mostra que não há fim na Torá, devendo ser lida e estudada constantemente, mais e mais – pois esta, como o próprio Deus que a deu para nós, não morre. Para os sábios judeus da antiguidade há um elo na eterna união entre Deus, a Torá e Israel.

Torá, que além de se referir ao Pentateuco também significa lei ou instrução. Quanto a sua importância, o Messias de Israel, nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo declarou: “Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim destruir, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til jamais passará da lei, sem que tudo seja cumprido” (Mateus 5:17-18).

Pastor Batista, Diretor dos Amigos de Sião, Mestre em Letras - Estudos Judaicos (USP).

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