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opinião

Sexo livre e a geração de pais ausentes

Só a visão correta sobre o pecado e o plano de Deus para o casamento e a família poderá quebrar esse ciclo degradante que tem afligido nossa sociedade.

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Jovens em um show. (Foto: Anthony DELANOIX / Unsplash)

Kris Vallotton, um eminente líder e escritor da Bethel Church em Redding – Califórnia, EUA – abre um artigo dele [1] com uma declaração importante para a sociedade: “O Senhor está chamando os pais de volta aos lares” e complementa com um alerta para os homens que abandonam seus lares deixando filhos e esposas sem provisão, proteção e sem alguém para promover o destino desses filhos.

Essa não foi apenas uma constatação puramente intelectual de quem se debruçou sobre dados do governo ou estudou o assunto, mas de um sentimento profético que surgiu a partir de uma visão que ele teve e o levou a ensinar sobre a importância da presença e da figura do pai no desenvolvimento sadio da família por todo os EUA.

Vallotton usa o texto de Malaquias 4:6, como referência para mensagem profética que ele tem divulgado pelos EUA. O autor crê que Deus vai restaurar as famílias de um modo sobrenatural por esse tempo: “E ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.

A geração atual (2020) não teve seus pais mortos em guerras, ao contrário, tem pais vivos que arrancaram os corações dos lares e abandonaram suas famílias.

Pais presentes podem dar uma identidade e oferecer um destino aos filhos. A ausência deles, deixa a família desnorteada e a faz fracassar em seu propósito, os filhos ficam confusos quanto ao futuro, ficam expostos pela falta de uma barreira de proteção contra influências externas malignas e a noção de certo e errado vai se esmaecendo, tornando-os vulneráveis a qualquer ideia implantada pelo inimigo de nossas almas na cultura.

O impacto da revolução sexual

Na década de 1960 a Revolução Sexual surgiu propondo mudanças radicais na cultura da época. Era tabu ter filhos fora do casamento. Havia uma pressão positiva para que o jovem não fizesse fora do casamento aquilo que não estava pronto para fazer dentro dele.

Em outras palavras: manter relações sexuais, implica na probabilidade de ter filhos; se o jovem não tivesse condições de assumir a responsabilidade de manter uma família (esposa e filhos) deveria aguardar até o momento em que o pudesse fazer. Isso, de certo modo, movia os jovens para trabalhar e buscar independência econômica precocemente, já que as mulheres também desejavam essa segurança para seu futuro.

A contraparte dessa mudança em 2020 são os homens com mais de 30 anos que não saem de casa, não se casam e vivem numa eterna adolescência, dependentes de pais e mães. Eles estão livres para manter relações sexuais sem compromisso, pois a pressão social compelindo-os a casar está muitíssimo aliviada.

O lema da Revolução Sexual era: “Se você não pode estar com quem ama, ame quem está com você.” Ou seja, esqueça as convenções morais e faça sexo com quem você quiser sem nenhum compromisso. Fato é que foi estabelecida uma circunstância cultural que além de pôr abaixo uma barreira moral que protegia a família e exigia responsabilidade dos homens, acabou deixando o fardo da criação dos filhos, quase que exclusivamente com as mulheres.

Antes de 1960, por trás dessa barreira moral havia clareza sobre o comportamento certo e errado quanto à prática sexual responsável e muito melhor; havia o senso de pecado de quem cometesse tais práticas. Como disse Kris Vallotton: “as pessoas pecavam, sabendo que era pecado”.

A grande mudança que impactou a sociedade foi quando o movimento que conduzia a revolução sexual passou a difundir que “sexo não era algo ruim, mas que se tratava apenas em sentir-se bem fazendo”.

Essa mudança removendo o status da prática sexual fora do casamento como pecado e lançando-a como uma questão cultural a ser superada, foi uma das grandes causas da debandada dos pais dos lares deixando as mulheres criando seus filhos sozinhas.

Passadas décadas após a revolução sexual, convencer um jovem exposto a tais ensinamentos infundidos na cultura ocidental, tornou-se uma tarefa impossível sem ajuda divina.

O pecado foi alçado à categoria de prática cultural antiquada, ultrapassada, que apenas gera um incômodo inicial devido a pressão cultural, mas que resistindo logo passa e o jovem estará liberado para viver sua vida pecaminosa sem remorso algum.

Realidade & narrativa

“Os fatos são coisas teimosas”, como bem disse John Adams. Um documento oficial do governo norte-americano [2] mostra com estatísticas o impacto que a cultura de pais ausentes e uma moral frouxa causou na sociedade.

A despeito da liberação sexual ter chegado num nível que ninguém poderia imaginar, com o advento da internet, redes sociais, mídia impressa oferecendo pornografia em qualquer banca de jornal, doutrinação nas escolas, megaeventos movidos por orgias, o cinema, a literatura, a música etc, a realidade com suas consequências permanece ai para quem tiver coragem de encará-la.

Os dados abaixo são referentes a realidade norte-americana, mas a semelhança com a realidade brasileira não é uma eventualidade. São dados alarmantes o suficiente para concluirmos da importância do papel do pai e sua permanência na constituição e manutenção da família.

  • 70% dos jovens em instituições assistenciais do governo vêm de lares de pais ausentes
  • 63% dos jovens que cometeram suicídio eram de lares de pais ausentes
  • 90% de todos os sem teto e menores abandonados cresceram sem pai
  • 85% de todas as crianças que apresentaram distúrbios comportamentais vieram de lares de pais ausentes
  • 85% de todos os estupradores agiram motivados por raiva deslocada e vieram de lares de pais ausentes
  • 71% de todos os jovens que abandonaram o ensino médio vieram de lares de pais ausentes

O autor aponta um outro dado importante em lares com pais ausentes: filhos criados apenas pelas mães, sem a presença da figura masculina do pai, têm formado uma geração de homens cada vez mais feminizados, hipersensíveis, que apresentam uma propensão cada vez maior para vivenciar confusão de gênero.

Pai de órfãos

A questão de pais ausentes no contexto cristão extrapola o ambiente dos templos e não se resolverá apenas com sociologia, psicologia, trabalho, educação e demais ciências envolvidas.

Ela ultrapassa o mundo natural e passará por cristãos sensíveis ao mover do Espírito Santo que anseia levantar homens e mulheres aptos, orientados pela visão divina para a restauração dos lares.

A solução também passará por mestres capazes de ensinar sobre a paternidade, por pastores que ministrem para homens e mulheres corajosos o suficiente para se comprometerem com um relacionamento segundo as Escrituras e confrontar a cultura vigente.

Só a visão correta sobre o pecado e o plano de Deus para o casamento e a família poderá quebrar esse ciclo degradante que tem afligido nossa sociedade.

Quando a igreja assumir a posição que lhe cabe, pregando e vivendo a verdade do Evangelho, dando clareza do que é certo é que é errado, do que é pecado e do que é cultura, dos planos de Deus para o casamento, ela vai gerar pais presentes, corajosos e apaixonados por suas famílias.

Em todo caso, você que vem de um lar com um pai ausente sempre terá disponível, de braços abertos, o “Pai de Órfãos”, a saber, nosso Deus, para recorrer; como o socorro bem presente e o alívio para os sobrecarregados.

“Pai de órfãos e juiz de viúvas é Deus, no seu lugar santo.” (Salmos 68:5)

Formado em Letras (Literatura Inglesa e Portuguesa), pastor assembleiano, professor da EBD e de teologia, residindo em São José, SC.

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