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Sem erros! A Bíblia é a revelação de Deus

Tudo o que é necessário para o homem se conectar com Deus, viver como Ele deseja, descobrir os Seus propósitos, caminhar num relacionamento de intimidade, já foi revelado por meio das Escrituras.

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Bíblia sob à luz do sol. (Foto: Aaron Burden / Unsplash)

Diante de uma série de ataques às Escrituras Sagradas nos últimos tempos, resolvi iniciar uma série de artigos chamada: Sem erros! A minha intenção é mostrar para você leitor em cada artigo que a Bíblia Sagrada não contém erros, demonstrando quais são os motivos que evidenciam isso.

Segundo o dicionário Houaiss, a palavra erro é derivada de erroris, do latim, que significa literalmente “desvio, engano e falta”. Certamente, não há nada de mais contraditório do que afirmar que a Bíblia que revela um Deus santo e perfeito, existe a possibilidade de engano ou desvio. E, ainda mais, de que ela não é completa ou suficiente para trazer o que é necessário para que o homem viva em plenitude.

Neste artigo, trataremos sobre a revelação de Deus nas Escrituras Sagradas. A palavra revelação (do grego ἀποκάλυψιϛ) tem como sentido trazer à tona as coisas desconhecidas, mostrar o que estava oculto ou desvendar os mistérios. Dentro do aspecto teológico, a revelação diz respeito à comunicação que Deus desejou realizar com o homem. O livro de Apocalipse possui esse nome, porque trata-se de uma revelação do Pai para Jesus Cristo, que tornou conhecido para João, a fim de que os seus servos fossem edificados.

Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos o que em breve há de acontecer. Ele enviou o seu anjo para torná-la conhecida ao seu servo João, (Apocalipse 1.1)

A revelação tem como origem o próprio Deus e não o homem. O ser humano seria incapaz de conhecer Deus sem que Ele se revelasse. Ainda, Deus não é apenas a origem da revelação, como também o caminho para ela. Portanto, o homem não pode conhecê-Lo de maneira natural, mas somente de forma sobrenatural por meio de Deus.

O homem, criado à imagem e conforme a semelhança de Deus, foi capacitado para se comunicar com Ele. Em Gênesis, é possível observar que Deus exercia um relacionamento de intimidade com Adão e Eva, pois próximo ao fim da tarde, quando a brisa soprava, Deus conversava com a Sua obra-prima, ao andar pelo jardim.

Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim. (Gênesis 3.8 NVI)

Deus revelou-se ao homem, mesmo após a sua queda, relatada por Moisés em Gênesis 3, e deu testemunho de si mesmo, mesmo permitindo que o homem andasse nos seus próprios caminhos.

No passado ele permitiu que todas as nações seguissem os seus próprios caminhos. Contudo, não ficou sem testemunho: mostrou sua bondade, dando-lhes chuva do céu e colheitas no tempo certo, concedendo-lhes sustento com fartura e enchendo de alegria os seus corações”. (Atos 14.16-17 NVI)

Existe um desejo dentro do homem pela manifestação da presença de Deus, que foi colocado pelo próprio Criador e é ativado pelo Espírito Santo, a fim de que o homem não apenas tivesse a possibilidade de conhecê-Lo, como também O desejasse e ansiasse por Ele.

Ele fez tudo apropriado a seu tempo. Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade; mesmo assim este não consegue compreender inteiramente o que Deus fez. (Eclesiastes 3.11 NVI)

Mesmo que esse conhecimento não seja inteiro e completo, somente a revelação de Deus pode acalmar o espírito humano, a fim de que o mesmo possa perceber que o Seu Criador não está distante, mas perto e acessível.

O propósito de Deus por meio de Sua revelação está conectado ao Seu desejo, expressado no Jardim do Éden, ao compartilhar com o homem atributos inerentes à Sua pessoa e essência para que o mesmo se tornasse participante de Sua natureza e revelasse a Sua glória a toda criação.

Quero conhecer a Cristo, ao poder da sua ressurreição e à participação em seus sofrimentos, tornando-me como ele em sua morte para, de alguma forma, alcançar a ressurreição dentre os mortos. (Filipenses 3.10 NVI)

A Revelação de Deus pode se dar de duas maneiras, a saber: positiva e negativa. Enquanto a teologia catafática celebra o conhecimento de Deus, a teologia apofática celebra os mistérios de Deus. Não apenas aquilo que o homem pode afirmar sobre Deus é importante, mas os mistérios revelam um Deus que não pode ser pensado, imaginado, nem experimentado em sua completude dentro da perspectiva terrena, mas que está acessível para uma revelação progressiva, pessoal e íntima com cada homem.

Então conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra. (Oseias 6.3 – ACRF)

A primeira forma de revelação, positiva, se refere àquilo que Deus quis descortinar, ou “tirar o véu”, sobre Ele. Já a segunda forma, negativa, diz respeito aos aspectos de Deus que não são revelados de forma expressa através das Escrituras Sagradas ou, até mesmo, decididamente omitidos por Ele.

As palavras de Moisés, no livro de Deuteronômio, funcionam como uma alerta, ao lembrar o povo de que a responsabilidade do homem está naquilo que foi revelado. Deus nunca cobrará do homem o que Ele omitiu, pois os mistérios pertencem a Ele.

Todo conhecimento que provém de Deus tem o poder de transformar o homem e todo mistério que foi omitido do homem é um convite para um relacionamento.

Deus omite para que o homem se aproxime. Os mistérios de Deus não são escondidos do homem, mas para o homem. O mistério é uma provocação divina para a busca de um conhecimento contínuo e cada vez mais profundo.

As coisas encobertas pertencem ao Senhor, ao nosso Deus, mas as reveladas pertencem a nós e aos nossos filhos para sempre, para que sigamos todas as palavras desta lei. (Deuteronômio 29.29 NVI)

O que o homem sabe sobre Deus é apenas uma gota, e o que ele desconhece é um oceano. Há muito mais sobre Deus do que as páginas de um livro poderiam conter.

Jesus fez também muitas outras coisas. Se cada uma delas fosse escrita, penso que nem mesmo no mundo inteiro haveria espaço suficiente para os livros que seriam escritos. (João 21.25 NVI)

Em outras palavras, todo o complexo de profecias juntamente com toda a revelação dada por Ele ao homem não são suficientes para revelar todo o conhecimento da pessoa e caráter de Deus, pois Ele está acima do conhecimento, da existência e do tempo. Enfim, Ele não pode ser conhecido de maneira completa nem por letras e tampouco por mente humana alguma.

No jardim do Éden (Gn 2.17), Deus chamou a atenção do homem para que ele não comesse da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois certamente ele morreria. As consequências do pecado não envolvem apenas a morte física, ou a espiritual num sentido escatológico.

O pecado fez com a imago dei, a imagem de Deus, fosse totalmente obscurecida e embaçada. Após o pecado, o homem perdeu a conexão com Deus e o procura desesperadamente.

A injustiça faz com que o homem não perceba o que Deus tornou manifesto, por isso a verdade fica revelada a todos, mas permanece oculta para alguns.

Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. (Romanos 1.18,19 NVI)

O termo grego σκοτος utilizado para se referir às trevas, tem como um de seus significados quando utilizado no sentido figurado de “ignorância das coisas divinas”. O nível de autoridade do homem é correspondente à revelação que ele tem de Deus.

Por isso, o apóstolo Paulo diz que Jesus Cristo retirou aqueles que creram Nele do domínio da ignorância e os conduz para o conhecimento de coisas que estavam ocultas sobre Deus (Cl 1.13).

Um diálogo entre Moisés e Deus mostra que existe um nível de revelação que o homem não poderá receber nessa terra, na condição em que ele está.

Então disse Moisés: “Peço-te que me mostres a tua glória”. E acrescentou: “Você não poderá ver a minha face, porque ninguém poderá ver-me e continuar vivo”. (Êxodo 33.18,20 NVI)

Entretanto, há uma promessa divina de que Deus se revelará para o homem da mesma forma que o homem é conhecido por Deus. Então, existe uma condição em que o homem terá pleno conhecimento de Deus e tudo será revelado. Os mistérios divinos não revelados pela criação, pela lei, pela Bíblia de maneira geral, por Jesus Cristo em sua vida e ministério terreno, serão revelados ao homem de maneira completa nas regiões celestiais.

agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido. (1 Coríntios 13.12 NVI)

É possível compreender a revelação de Deus em seu aspecto geral (universal, na história, natureza…) e específico (Palavra de Deus).

A revelação geral aponta que Deus se revelou por meio da Sua criação e não há lugar onde o homem possa se esconder da presença Dele. Todo universo declara a glória de Deus e anuncia os seus feitos. Em Gênesis, as Escrituras Sagradas se ocupam com a organização, os eventos, as palavras declaradas pelo Criador, mas não se preocupam em defender a existência de Deus, porque não se faz necessário declarar o que é evidente e manifesto por todo o universo.

Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discurso nem palavras, não se ouve a sua voz. Mas a sua voz ressoa por toda a terra, e as suas palavras, até os confins do mundo. Nos céus ele armou uma tenda para o sol, que é como um noivo que sai de seu aposento, e se lança em sua carreira com a alegria de um herói. Sai de uma extremidade dos céus e faz o seu trajeto até a outra; nada escapa ao seu calor. (Salmos 19.1-6 NVI)

O invisível é revelado pelo visível. Tudo o que é físico remete ao espiritual. Os homens são indesculpáveis em relação a conhecer Deus, pois Ele se fez visto quando criou todas as coisas e quando interage com elas ao longo da história. A própria criação é uma revelação. O caráter, a natureza e o poder de Deus não podem ser menosprezados pelo homem, uma vez que a criação revela de maneira explícita quem Ele é e o que fez.

Deus colocou dentro de cada homem um senso entre o que é certo e errado, o que é bom e mal, para que ele pudesse saber que não apenas a Criação revela Deus, como também a sua consciência aponta para Ele (Rm 2.14).

Deus criou o homem para se relacionar com Ele, por isso quando o Criador se revelou por meio das coisas criadas, assim o fez para que o homem tivesse o desejo de procurá-lo. Em todo tempo, desde o jardim do Éden, quem sempre deu o primeiro passo para o relacionamento foi Deus. Até mesmo, o desejo que existe no coração do homem em procurar Deus, veio do Criador (At 17.27).

Existe uma consideração importante sobre a revelação geral: ela aponta o pecado, revela o Criador, mas não apresenta o salvador. Uma pessoa só pode conhecer Jesus, por meio da revelação especial, a Palavra de Deus, e sem a confissão de que Cristo é o Senhor, não há salvação (Rm 10.9).

O foco central da revelação geral está baseado no fato de que todo homem sabe que Deus existe e que Ele falou por meio da sua criação. A condenação não está apenas para aqueles que rejeitam a verdade do evangelho e das Escrituras Sagradas declaradas pelos filhos de Deus, mas também por aqueles que decidem deliberadamente ignorar a revelação de Deus. Diante disso, a revelação geral não apresenta a esperança e nem o caminho para a salvação, não sendo capaz de nos reconciliar com Deus.

A revelação de Deus por meio de sua palavra, denominada de revelação especial, é sem dúvida alguma a parte essencial da sua revelação, pois é somente nela que o homem pode encontrar a salvação de seus pecados e ser reconciliado com Deus por meio de Jesus Cristo.

A revelação de Deus através da Bíblia é variada em seus temas, perspectivas e história. Por meio de pessoas comuns, Deus realizou a sua revelação de maneira extraordinária. Deus usou aspectos da realidade histórica para revelar valores eternos, pecados humanos para mostrar o seu amor, graça, juízo e misericórdia, sofrimentos transformados em milagres para revelar seu poder e sua compaixão. Todas as coisas que Deus desejou colocar nas Escrituras Sagradas partiram de experiências entre o homem e Ele.

A parcialidade da revelação de Deus está intimamente conectado com à sua grandeza e soberania. Tudo o que é necessário para o homem se conectar com Deus, viver como Ele deseja, descobrir os Seus propósitos, caminhar num relacionamento de intimidade, já foi revelado por meio das Escrituras. Entretanto, existe um universo desconhecido que é maior do que tudo o que Ele já revelou.

Não há nada que falte na revelação divina, pois é completa quanto ao fato que Deus revelou.

Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por estarem nele, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude. (Colossenses 2.9-10 NVI)

Esse trecho da carta paulina, traz duas expressões importantes sobre a revelação de Deus por meio das Escrituras Sagradas: πλήρομα (termo grego, que significa plenitude) e πεπληρωμένοι (termo grego, que significa completos). O que Deus decidiu revelar não está pela metade ou incompleto, mas plenamente acessível por meio da Palavra.

Mesmo que essa plenitude prometida por Deus ainda não tenha se ajustado à realidade do homem, isso não significa que a revelação não esteja completa, mas que ainda não chegou o momento do filhos se conformarem à imagem (Rm 8.29) e deles se tornarem semelhantes a Deus para vê-Lo como Ele é (1 Jo 3.2).

A Bíblia traz a revelação divina de maneira progressiva. Em cada livro, verdades divinas são liberadas e acumuladas até aquele momento. Deus decidiu fazer da sua imanência, desejo de estar e se relacionar com o homem, o projeto para se revelar à ele.

Como dito anteriormente, Deus já havia se revelado por meio da sua criação, mas ela não seria suficiente para o que o homem precisava. Então, a revelação por meio da Palavra de Deus é para a redenção e salvação do homem.

Nós aceitamos o testemunho dos homens, mas o testemunho de Deus tem maior valor, pois é o testemunho de Deus, que ele dá acerca de seu Filho. Quem crê no Filho de Deus tem em si mesmo esse testemunho. Quem não crê em Deus o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca de seu Filho. E este é o testemunho: Deus nos deu a vida eterna, e essa vida está em seu Filho. Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida. (1 João 5:9-12 NVI)

Ninguém pode alterar nenhuma palavra sequer das Escrituras Sagradas, pois a revelação especial divina é final. Nenhuma revelação pode ser acrescentada à Bíblia, bem como nenhuma palavra deve ser retirada da mesma. Tudo está na Palavra de Deus porque ela é completa e final.

Se alguém tirar alguma palavra deste livro de profecia, Deus tirará dele a sua parte na árvore da vida e na cidade santa, que são descritas neste livro. (Apocalipse 22.19 NVI)

Pastor de ensino na Igreja da Cidade em São José dos Campos, Diretor do Instituto Propósitos de Ensino (IPE), Líder do Campus Online da Igreja da Cidade. Casado com a pastora Esther Alves e pai de Daniel, Gabriel e Miguel. Graduado em direito e pós-graduado em Direito do Trabalho. Mestre em Liderança Pastoral (MDiv). Pós-graduado em Educação Moderna pela PUC do Rio Grande do Sul e graduando em Pedagogia.

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