estudos bíblicos

Seja um mordomo fiel

Subsídio para a Escola Bíblica Dominical da Lição 13 do trimestre sobre “Tempo, Bens e Talentos”.

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Mãos em oração. (Foto: Jenny Friedrichs / Pixabay)

Com a graça de Deus chegamos à última Lição do terceiro trimestre, e nela falaremos de virtudes que são essenciais aos mordomos de Deus: prudência, prontidão, esperança e fidelidade.

Na verdade, muitos desses pontos já foram abordados ao longo do trimestre, mas será útil fazermos uma revisão do conteúdo para que fixemos melhor nossas responsabilidades enquanto administradores das coisas que Deus nos tem dado.

I. O que Deus espera de seus mordomos

1. Que sejam prudentes na espera do Senhor

Os mordomos de Deus, isto é, os que administram as dádivas que Ele confiou devem ser prudentes no uso do tempo, dos dons naturais e espirituais, na administração das finanças, no trato com seus irmãos, e no aproveitamento das oportunidades para com “os de fora” (Cl 4.5), isto é, esforçando-se ao máximo para levar os perdidos à Cristo, seja através da evangelização, seja através de seu testemunho de vida. Como diz o ditado, as palavras convencem, mas o exemplo arrasta!

Se nossa boca está cheia de palavras torpes, se somos sempre precipitados em nossas atitudes, se somos irresponsáveis no pagamento de nossas dívidas, e se os ímpios estão sempre encontrando algo de que nos acusar e envergonhar, que tipo de prudência temos?! “Sede prudentes…” disse Jesus, em face de nosso trabalho no meio dos lobos (Mt 10.16).

Ovelhas imprudentes correm o risco de terem seus últimos momentos entre os dentes dos lobos ferozes ou do maligno leão, que anda em nosso derredor, buscando nos tragar (1Pe 5.8). Mas Deus mesmo se encarrega de proteger os mordomos prudentes! Quanto a estes, “o maligno não lhe toca” (1Jo 5.18).

2. Que esperem o Senhor com prontidão

Diz o procrastinador: “Amanhã resolvo isso, amanhã tomo essa decisão, amanhã…”. Sempre pensando ter domínio do dia de amanhã, negligencia suas responsabilidades e compromissos, empurrando todo dever para o outro dia. Mas há um bom ditado para isso: não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje. E que maior responsabilidade temos do que nos aprontar para o encontro com Cristo?

Muitas pessoas protelam sua decisão de aceitar a Cristo ou de reparar erros em suas vidas e se voltar para o centro da vontade de Deus porque estão sempre acreditando em uma “nova oportunidade”. Nós mesmos, enquanto pregadores do evangelho, cometemos esse erro corriqueiramente quando dizemos aos pecadores que deliberadamente rejeitam a Cristo: “Que o Senhor te conceda uma nova oportunidade”.

E os pecadores, suavizados pela nossa palavra de esperança, dizem um tranquilo “Amém”, confiantes que nunca faltarão “novas oportunidades”, pelo que eles estão sempre se esquivando da conversão. Temos que deixar claro aos pecadores que aquela é a oportunidade e que outra poderá não haver; temos que deixar claro que “hoje” é o dia da decisão, não amanhã, nem depois. O homem deve estar pronto hoje para o encontro com Deus! “Se hoje ouvirdes a Sua voz não endureçais o vosso coração” (Hb 3.15).

Igualmente nós, crentes veteranos, jamais podemos nos acomodar. Visto que não sabemos a hora que Jesus virá – pode ser a qualquer momento, inclusive antes do término da leitura desse artigo – devemos estar em comunhão com ele, livre das amarras do pecado e dos embaraços do mundanismo (Hb 12.1), com o coração desejoso de encontrar o nosso amado Senhor. Os servos em prontidão podem cantar: “Maranata! Ora vem, Senhor Jesus” (1Co 16.22; Ap 22.20)

3. Esperem a recompensa do Senhor

“Eis que cedo venho e o meu galardão comigo para dar a cada um segundo as suas obras” (Ap 22.12). Galardão é salário, pagamento, recompensa. Há bons salários, e há maus salários. Por exemplo, “o salário do pecado é a morte” (Rm 6.23). E sabemos que o salário para quem viveu no pecado, ainda que travestido de uma capa de religiosidade, será a morte eterna, o banimento final da presença do Senhor!

Porém, o que os mordomos fiéis podem esperar, sem receio, é a boa recompensa: coroa da vida (Tg 1.12), pedrinha branca com novo nome escrito (Ap 2.17), maná escondido (Ap 2.17), fruto da árvore da vida (Ap 2.7), lugar à mesa do banquete celestial junto à Abraão, Isaque e Jacó (Mt 8.11)… enfim, vida eterna, que é o dom gratuito de Deus para os que creem em Cristo Jesus.

A certeza de que haverá uma recompensa deve gerar em nós ao mesmo tempo temor e também esperança: temor para que não venhamos nos entregar à ociosidade ou ao pecado deliberado, e esperança para que não desanimemos de “servir ao Senhor com alegria” (Sl 100.2), confiantes de que seremos galardoados (Hb 11.6). Como diz o coro do hino 418 da Harpa Cristã,

“Depois da batalha me coroará,
Deus me coroará;
Deus me coroará;
Depois da batalha me coroará,
Na celestial mansão;
Lá verei o meu Rei,
E terei meu galardão,
Depois de batalha me coroará,
Na cidade de Sião!”

II. As características do mordomo infiel

1. Ele não espera que o Senhor em breve venha

O administrador infiel não faz caso do retorno iminente de seu Senhor, isto é, da possibilidade de seu Senhor voltar a qualquer momento. De fato, para muitos mordomos a vinda de Cristo já virou “utopia”, e estamos entregues à própria sorte. Ledo engano!

Jesus prometeu aos seus discípulos: Vou para o Pai, mas voltarei para vós (Jo 14.28). Quem diz que Jesus não virá outra vez está fazendo-o mentiroso. E quem reinterpreta a doutrina do arrebatamento, para reduzi-la a uma utopia pela qual os homens devem se esmerar em fazer o bem, mas que de fato é um sonho inalcançável, está igualmente equivocado e entregue à heresia! Sim, Jesus voltará, e esta é uma doutrina cristalina nas páginas do Novo Testamento! (1Ts 4.16,17) E nenhum prazo nos foi dado, para que o aguardemos em todo tempo.

2. Ele “espanca” outros servos

Visto que ignora o retorno iminente de seu Senhor, o administrador infiel não teme portar-se como um ímpio, maltratando seus próprios irmãos. Maltrata com palavras, com gestos e com atitudes grosseiras, desrespeitosas e ofensivas. Há muitos mordomos infiéis em nossos dias, nos quais o amor já se esfriou (Mt 24.12), restando apenas ira, discórdia e inimizades.

Que tipo de servo é aquele que gosta de falar mal de sua própria igreja na presença dos ímpios? Que tipo de servo é aquele que espanca verbalmente seus irmãos, sem nenhuma demonstração de compaixão, nas redes sociais? Que tipo de servo é aquele que usa grupos virtuais para compartilhar boatos contra seus irmãos de fé? Que tipo de servo é aquele que só comparece às aulas da Escola Dominical para polemizar e contender com o professor e demais alunos? Servo mau e infiel! Deus nos livre de sermos os “espancadores” dos demais servos do Senhor. O Senhor abomina o que semeia contenda entre irmãos (Pv 6.19). A Igreja tem dono, e ele tem grande amor e zelo por ela, visto que é sua amada Noiva!

3. Age de modo irresponsável

Se acredita que Jesus não vai mais voltar, ou que ainda vai demorar muito pra voltar, o mordomo é então tentado para entregar-se aos prazeres desordenados da carne, afinal, ele perde o senso de responsabilidade com a mordomia que lhe foi entregue.

Passa então a usar os dons de Deus para satisfação carnal e mundana: você conhece alguém que recebeu de Deus o lindo dom de cantar, desviou-se do evangelho, e agora vive cantando em barzinhos e outros ambientes mundanos? O mordomo infiel gosta de bebida alcoólica (Mt 24.49) e suas amizades preferidas são aquelas que o levam às rodas dos que se divertem em piadas, gracejos imorais, danças sensuais, dinheiro fácil, e muita zombaria. O infiel tem prazer na “roda dos escarnecedores” (Sl 1.1).

Agora reflitamos em algo muito sério: a cobrança de Deus para com o mordomo infiel será ainda maior do que para com aquele que nunca conheceu a Cristo. Isto porque “a quem muito é dado, muito será cobrado”. Jesus mesmo disse que era melhor nunca ter conhecido a verdade, do que conhecendo-a não praticá-la (2Pe 2.21). Terrível será a condenação dos infiéis!

III. As qualidades do mordomo fiel

1. Fidelidade

“Servo bom e fiel”, é assim que Jesus saldará os mordomos que cumpriram cabalmente seu dever, conforme responsabilidade que lhes foi entregue pelo Senhor (Mt 25.21). Bondade e fidelidade são fruto do Espírito (Gl 5.22; algumas versões dizem “fé”, outras dizem “fidelidade”, mas como o fruto do Espírito trata de aspectos éticos do caráter cristão, “fidelidade” é mesmo a melhor tradução, conforme atestam os grandes exegetas). A fidelidade no crente, é, portanto, prova de que o Espírito moldou nele o caráter de Cristo, que em tudo foi fiel ao Pai, cumprindo-lhe a vontade inteiramente.

O apóstolo Paulo diz que os despenseiros de Deus, isto é, os mordomos, devem ser encontrados fiéis (1Co 4.2). Não é nossa agenda (se cantamos e pregamos muito) que definirá nossa aprovação diante de Deus, nem o quanto somos estimados em nossa congregação local, nem quantos seguidores temos nas redes sociais, nem a nossa prosperidade financeira. O que garantirá nossa aprovação é a nossa fidelidade a Deus e à sua Palavra! Popularidade e prosperidade sem fidelidade é de nenhum valor para Deus!

2. Prudência

Já comentamos sobre prudência no ponto 1 do primeiro tópico, entretanto acrescentamos aqui que a prudência deve ser marca do nosso estilo de vida enquanto servos e servas de Deus. Isto é, devemos ser prudentes na forma como falamos, como nos vestimos, como nos relacionamos com as pessoas, como trabalhamos, como trafegamos na internet e nos apresentamos nas redes sociais, como usamos nosso dinheiro, como aproveitamos nosso tempo, como desfrutamos o lazer e as férias, etc.

Em todo tempo Deus está olhando para nós (Pv 15.3), seus anjos estão nos cercando e o mundo está nos observando, além do próprio diabo e seus demônios buscando ocasião para nos destruir. Portanto, sejamos reverentes, decentes, moderados, sábios e cautelosos em nossa maneira de pensar, falar e agir, para que não sejamos envergonhados e venhamos exalar o bom perfume de Cristo por onde passarmos.

3. Constituído pelo seu Senhor

A seara do Senhor é muito grande, e nela há uma diversidade de ministérios (Ef 4.11) e há uma diversidade de dons (Rm 12.6-8; 1Co 12.8-10). Deus tem capacitados seus mordomos para a execução de muitas tarefas diferentes e devemos ser gratos por aqueles talentos que o Senhor nos entregou. Deus não nos deu talentos em vão, nem nos coloca no lugar errado; Ele sabe exatamente o que faz, e sua vontade é boa, perfeita e agradável.

Demos graças a Deus porque Ele nos deu o santo privilégio de sermos cooperadores de sua obra, constituindo-nos obreiros, líderes, músicos, pregadores, cantores, escritores, professores, evangelistas, intercessores, etc. em sua obra!

Conclusão

Finalizando os estudos sobre mordomia cristã não restam dúvidas quanto à relevância de tudo o que aprendemos ao longo dos últimos três meses. Agora, cabe-nos como mordomos fiéis colocarmos em prática, buscando servir com excelência ao nosso Senhor e aos demais servos de Cristo.

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