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Quando, historicamente, nasceu Jesus?

Por que comemoramos o Natal em 25 de dezembro?

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Calendário natalino
Calendário natalino (Foto: Reprodução/Canvas)

A data do nascimento de Jesus Cristo não foi registrada na Bíblia, mas é bem provável que não foi em dezembro, já que em Israel esse é um mês de inverno rigoroso. A Bíblia narra que, no episódio de Seu nascimento, havia pastores no campo cuidando das ovelhas.

Veja:

“Havia pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam conta dos seus rebanhos.” (Lucas 2.8)

Se fosse dezembro, a noite estaria tão fria que, certamente, todos os rebanhos estariam protegidos em alojamentos. O clima em Israel é bem diferente do nosso e varia de temperado a tropical. Entre o fim de março e meados de novembro o tempo é quente e seco, então os rebanhos costumavam ficar ao ar livre. Mas a partir de dezembro começava o inverno chuvoso e as noites frias. Daí, os estudiosos concluem que Jesus não nasceu em dezembro.

Além disso, eles alertam para o fato de que o Imperador não exigiria que houvesse um censo que obrigasse as pessoas a viajarem em pleno inverno. Alguns especialistas ainda se arriscam a calcular a data aproximada do nascimento de Jesus fazendo uma contagem regressiva a partir de sua morte. Eles dizem que Jesus nasceu entre setembro e outubro. Outros defendem que Jesus nasceu por volta de março e abril.

Dia da festa cristã

Seja como for, o dia 25 de dezembro ficou estabelecido como o dia da festa cristã. A maioria das igrejas do nosso tempo concorda com essa comemoração, embora alguns religiosos prefiram deixar a data passar em branco, alegando que ela tem ligação com o paganismo. Será que tem mesmo?

Há rumores de que existia mesmo uma festa pagã no dia 25 de dezembro, que comemorava o nascimento do deus-sol. Essa festa se chamava Natalis Solis Invicti (nascimento do sol invencível). Seria então um pecado comemorar o nascimento de Cristo nesse mesmo dia? A maioria dos cristãos acha que não, pois a Bíblia diz: “Não vos lembreis das coisas passadas, nem considereis as antigas.” (Isaías 43.8)

Veja agora um resumo sobre as outras festas que aconteciam no final do ano, nos tempos antigos:

Saturnália

Era um festival da Roma Antiga em honra ao deus Saturno – uma divindade agrícola.  A festa ocorria no dia 23 de dezembro. O feriado era celebrado com um sacrifício no Templo de Saturno, no Fórum Romano, onde era realizado um banquete público, com muitas variedades de comidas e bebidas. O povo trocava presentes, se divertia e jogava. Os escravos podiam comer com os seus senhores, e não havia diferença entre pobres e ricos.

Solstício de inverno

A palavra “solstício” vem do latim (sol + sistere) e quer dizer “sol que não se move”. Na verdade, a palavra se refere ao movimento aparente do sol. De um lado (hemisfério norte) é quando o sol, ao meio dia, alcança seu ponto mais baixo no céu e ocorre o dia mais curto e a noite mais longa do ano. Esse é o solstício de inverno. Já o solstício de verão é o contrário, quando o sol fica mais alto, o dia é mais longo e a noite é mais curta. Astronomicamente, estamos falando da troca de uma estação.

E o que os antigos celebravam no solstício de inverno?

Era o primeiro dia da estação mais fria do ano. De acordo com as lendas, o povo fazia de tudo para agradar aos deuses e pedir-lhes que o inverno fosse brando e que o sol retornasse ressuscitado na próxima estação. Eles associavam tudo ao nascimento ou renascimento do sol. Simbolicamente eles enxergavam nisso a vitória da luz sobre a escuridão. Lembrando que para eles o “sol” era considerado um deus.

Comemorações de aniversário

O costume de comemorar o “aniversário” começou entre os nobres gregos e egípcios. Apenas faraós e autoridades que eram endeusadas recebiam uma festa de aniversário. Veja na Bíblia um registro sobre a comemoração:

“Três dias depois era o aniversário do faraó, e ele ofereceu um banquete a todos os seus conselheiros.” (Gênesis 40.20)

O Novo Testamento também registra uma festa de aniversário:

“No aniversário de Herodes, a filha de Herodias dançou diante de todos…” (Mateus 14.6)

O costume foi passado aos romanos que davam aos imperadores e demais políticos esse privilégio. Os cristãos da igreja primitiva, no início não adotaram a prática por considerar pagã. Mas, após a chegada de Constantino (272-337 d.C.) a igreja passou a celebrar o nascimento de Cristo, anualmente. Isso aconteceu, a princípio, por “imposições políticas”. Desde então, festas de aniversário passaram a ser corriqueiras e mais conhecidas popularmente como dies sollemnis natalis (dia solene do nascimento).

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A decisão de Constantino

Será que o imperador romano decidiu mesmo comemorar o aniversário de Jesus? Vários teólogos dizem que quando Constantino uniu a Igreja ao Estado, ele estrategicamente confundiu a fé das pessoas, tentando satisfazer cristãos e pagãos ao mesmo tempo. Sua decisão de “cristianizar” o Império fez com que a igreja fosse contaminada. Ele realmente conseguiu acabar com a perseguição religiosa e a matança aos cristãos, mas por outro lado, misturou crenças e valores.

O escritor e teólogo Augustus Nicodemus explica que o paganismo era muito forte naquela época. Então quando Constantino uniu todas as festas numa única data, ele facilitou a manipulação do pensamento popular. Com certeza foi a maior confusão, porque as imagens foram levadas para dentro das igrejas, o uso de velas, penitência, entre tantas outras práticas pagãs.

Seja lá como for, nada disso tem a ver com o real significado do Natal para nós. Enquanto os pagãos comemoravam o aniversário do deus-sol, os cristãos comemoravam a presença do “sol da justiça”.

“Porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, e o governo está sobre os seus ombros. E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz.” (Isaías 9.6)

“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” (João 1.14)

Esse é o verdadeiro sentido do Natal.

“Ao Rei eterno, ao Deus único, imortal e invisível, sejam honra e glória para todo o sempre. Amém.” (1 Timóteo 1.17)

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Jornalista e pesquisadora apaixonada pela Bíblia. Desenvolveu um trabalho de "Jornalismo Investigativo Bíblico", é autora dos livros Derrubando Mitos e Apocalipse Investigado. Seus temas envolvem missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análises de textos bíblicos.

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