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Para longe de nós com este tal de próximo!

A estrada da oportunidade de nossa vida é uma só, quem faz o caminho nesta estrada somos nós.

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E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês? E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? Lucas 10:25-29

Creio que esta é uma das passagens bíblicas mais amadas e conhecidas, a parábola do “Bom Samaritano”. O “Bom” fica por nossa conta, pois em nenhum momento Jesus o trata assim.

Parábolas são estórias irreais que nos trazem um ensino real.

Os ensinos rabínicos são fartos de parábolas. São parte essencial da literatura judaica, eram chamadas de “Mashal Judaico”. São utilizadas tanto no texto do Antigo Testamento como também na literatura israelita para tornar as lições mais atrativas e também facilitar a compreensão e o ensino.

Jesus, assim,  não pensou duas vezes em aplicar esta figura de linguagem para anunciar a Palavra de Deus. É comum encontrar em Seu ensino diversas parábolas, principalmente aquelas que utilizam elementos do cotidiano dos habitantes da Galiléia.

Neste caso do texto acima, Jesus fora confrontado por um Doutor da Lei.

Nem todo Fariseu era um Doutor da Lei, mas praticamente, todo Doutor da Lei era um Fariseu.

A origem dos Fariseus remonta a classe mais humilde. O surgimento deles provem dos  “Perishins” (piedosos), que foram participantes da luta armada de Judas Macabeu.

Na época de Jesus eram oriundos do grupo dos artesãos, pequenos comerciantes e alguns da classe média.

Com relação às questões políticas, eles tinham o poder de manipulação do povo e de exercer autoridade sobre ele. Sem ter alternativa o povo os respeitavam, pois tinham uma pseudo autoridade politica sem exercer o poder.

A pergunta feita pelo Doutor da lei era bem proposital: “ – Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” . Existiria pergunta mais importante a ser feita? Esta é, inclusive, a dúvida de uma grande parte dos seres humanos.

Jesus, conhecendo-o lhe pergunta: “ – Que está escrito na lei? Como lês?”.  O ávido aluno logo responde com o resumo de toda a Lei: “ – E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.”. O Mestre, satisfeito com a resposta lhe orienta: “ – Respondeste bem; faze isso, e viverás.”.

Não sabemos o por quê do Doutor da Lei querer se justificar, entretanto ele faz o questionamento mais pueril que alguém poderia faze: “- Quem é o meu próximo?”.

Enquanto digitava este artigo o Espírito Santo me fez lembrar que o meu próximo é exatamente aquele que está muito perto de mim, mas que eu faço questão de não enxergá-lo.

É o meu vizinho que está envolvido com tráfico de drogas e que eu sei que a qualquer momento pode ser morto e perder a oportunidade de ser salvo, porque me sinto muito santo demais para confrontá-lo com o Evangelho de Jesus;

São meus filhos que estão perdidos dentro de casa, viciados em jogos e séries dos diversos canais da mídia digital, mas que eu não tenho coragem de dizer que se eles não se voltarem para Jesus e o convívio da comunhão da Igreja estarão perdidos.

Meu próximo é o passageiro assentado no banco ao meu lado que esteve ali, colocado pelo Senhor,  por seis horas e eu sequer puxei  conversa com ele, perdendo a chance de evangelizá-lo;

Meu próximo é um militante partidário fanático que eu preferi ofender e mandá-lo ao inferno do que amá-lo e anunciar-lhe Jesus;

São os diversos missionários ou aqueles que estão vivendo no limite, que deixaram tudo e todos para fazer a obra de Deus nos mais distantes rincões, que me pedem uma ajuda financeira e eu, mesmo tendo como ajudar no momento, digo que vou mandar o mês que vem.

Na realidade o que a gente gostaria de dizer sinceramente é: PARA LONGE DE NÓS COM ESTE TAL DE PRÓXIMO!

É triste ver na parábola que o homem caído, meio morto, não pôde ser auxiliado pelos religiosos, o Sacerdote e o Levita. A religião muitas vezes neutraliza e cega os homens.

Que se diga que ambos fizeram o certo em não auxiliar o homem, pois parecia estar morto (Quem está meio morto também está meio vivo). A lei preconizava em Números 19.11 : “ – Aquele que tocar em alguma pessoa morta se tornará impuro durante sete dias.

O Sacerdote e o Levita, segundo a Lei, fizeram o certo em abandonar o homem caído, pois se ele estivesse morto não poderiam celebrar no templo e perderiam, quem sabe, a única oportunidade de suas vidas.

Entretanto, pela mesma Estrada, vinha um Samaritano, o ser mais odiado, desprezado e discriminado pelos judeus por questões históricas de miscigenação étnica entre hebreus e babilônios.

Trazendo para nossos dias um Samaritano poderia ser  uma “Drag Queen”, um “Cracudo”, um ex Presidiário, enfim, qualquer ser por nós desprezível. Não quero aqui justificar o erro e as escolhas de ninguém, pois nem o próprio Jesus o fez na parábola, mas foi exatamente esta escória que parou tudo o que estava fazendo, desceu do cavalo, teve Íntima Compaixão, se aproximou do homem caído que fora desprezado pelo Sacerdote e Levita, curou suas feridas, tomou-o nos braços, levou para uma estalagem, pagou a despesa e ainda deixou um adiantamento para suprir futuros gastos, disse que voltaria, pois se importava com o ferido.

Nossa vida é simbolizada como uma Estrada, a estrada que vai de Jerusalém a Jericó. Só que nesta mesma estrada cada um traçará o seu Caminho. Nós é que vamos escolher se faremos o Caminho da Religião que está muito mais preocupada em fazer o que é certo, ou pavimentaremos o Caminho do Samaritano, que, entre fazer o que é Certo e fazer o Bem, escolheu fazer o Bem e ser o Próximo do necessitado.

Terminada a parábola Jesus olha bem nos olhos do Doutor da Lei e lhe pergunta: “Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele disse: O que usou de misericórdia para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.

O orgulho e ódio do Fariseu jamais permitiriam dizer que o Samaritano fora o Próximo. Assim também fica esta grande lição para todos nós, o próximo é todo aquele que escolhe fazer o Bem quando muitos, sob a desculpa de serem religiosos, escolhem não fazer nada em nome de algo que acreditam ser o certo.

A Estrada da oportunidade de nossa vida é uma só, quem faz o Caminho nesta estrada somos nós.

Sejamos sempre o próximo de alguém

Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.

Graduado em Teologia. Pós-graduado em Teologia Bíblica. Mestre em Sociologia da Religião. Doutorando em Teologia.

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