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estudos bíblicos

O que a Bíblia diz sobre vícios e jogos?

Vivamos uma vida sóbria, honesta e fiel a Deus

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Há quatro séculos atrás, os filhos do renomado teólogo holandês Jacó Armínio (1560-1609), já criticavam o comportamento leviano da sociedade e a inversão de valores, não raro fomentados por teologias que distorcem o caráter de Deus e as verdades das Escrituras. Diziam aqueles jovens, numa carta escrita após a morte de seu venerável pai:

“entre a humanidade, a embriaguez obtém o nome de alegria; e o linguajar obsceno recebe o nome de liberdade jovial; ao passo que a sobriedade no comer e ber, e a simplicidade no vestir-se, são chamados pelo nome ultrajante de hipocrisia. Na realidade, isto é ‘ao mal chamam bem e ao bem, mal’ (Is 5.20), e buscam uma oportunidade pela qual uma pessoal pode deixar a prática da virtude e se dedicar a caminhos perversos” [1]

Embora centenas de anos tenham se passado, podemos dizer que o quadro permanece exatamente esse: o da inversão dos valores morais na aclamada sociedade pós-moderna. E não só no continente europeu, mas em todo mundo – especialmente no Brasil – se pode ver uma frouxidão dos costumes e uma aversão à vida modesta, simples e sem vícios.

Ajude-nos Deus para que sejamos despertados pelo estudo desta lição a vivermos uma vida sóbria, afinal, é exortação bíblica: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1Pe 5.8).

Vícios: a degradação da vida humana

O problema do alcoolismo

Nem disponho de espaço aqui, nem creio que a Escola Dominical no próximo domingo disporá de tempo suficiente para se discutir a conveniência de um cristão beber ou não moderadamente vinho e outras bebidas alcoólicas, como cerveja e whisky.

Os cristãos, mesmo conservadores nos costumes, estão divididos nesta questão: de um lado, há os que defendem a liberdade individual (e ainda baseado em interpretações bíblicas) para o consumo moderado destas bebidas; do outro lado, há os que dissertam (também baseado em interpretações bíblicas) contrários ao consumo ainda que moderado de bebidas alcoólicas e apregoam a necessidade da abstinência como um padrão de pureza. Talvez nunca chegaremos a um consenso.

Todavia, visto que o nosso estudo segue uma linha pentecostal clássica, e cuja defesa dos valores morais encontra precedentes no antigo movimento metodista wesleyano (de que o Pentecostalismo é herdeiro), seguimos aquela interpretação bíblica que entende ser a abstinência de bebidas alcoólicas o caminho adequado para a temperança na vida do cristão.

Ainda mais em face da moderna industrialização de bebidas alcoólicas que somente tem acentuado ainda mais a fermentação dessas bebidas, para prejuízo dos próprios consumidores e de toda sociedade: alteração dos sentidos, diminuição da coordenação motora e do discernimento, brigas, vícios, acidentes e mortes – inclusive mortes de inocentes que nada tinham a ver com a falta de responsabilidade do consumidor de álcool.

O que diz o Metodismo

Segundo Paul Buyers, “o problema da temperança tem sido sempre uma questão viva entre os metodistas. Desde os dias de João Wesley [século 18] o uso de bebidas alcoólicas tem sido condenado por eles” [2].

Buyers destaca que ainda no início de seu ministério, Wesley incluiu nas Regras Gerais das sociedades metodistas, uma cláusula sobre a reprovação do consumo e comercialização de bebidas alcoólicas, nestes termos: “Não praticar o mal, evitando principalmente embriagar-se ou mesmo tomar bebidas alcoólicas, fabricá-las ou vendê-las”.

César Dacorso Filho (1891-1966), que foi o primeiro bispo metodista do Brasil, comenta: “Demonstrado como está que as bebidas alcoólicas prejudicam o corpo, o espírito, a felicidade, ninguém deve ingeri-las. A Igreja [Metodista] só recebe em seu seio as pessoas que solenemente prometem não fazer uso delas, nem fabricá-las, nem vendê-las” [3].

Ainda segundo Buyers, “talvez não tenha havido qualquer outro fato entre o povo evangélico que tenha contribuído mais para criar uma consciência social contra o uso de bebidas alcoólicas do que estas Regras Gerais da Igreja Metodista” [4].

O que diz o Pentecostalismo

Aqueles que quiserem uma apreciação tradicional pentecostal quanto à ilicitude do consumo de bebidas alcoólicas, bem como uma análise exegética, histórica e cultural quanto ao VINHO consumido nos tempos bíblicos, sugiro a leitura de três estudos bem desenvolvidos e bem subsidiados, disponibilizados nas seguintes páginas da Bíblia de Estudo Pentecostal (Donald Stamps, editor geral; CPAD): 241, 1517 e 1573. A tese central em todos estes estudos é a de que o termo genérico vinho pode ser usado tanto para o mosto fermentado como para o suco de uva não-fermentado, e que seu significado deve ser entendido tanto pelo contexto quanto pelos princípios que estabelecem a moderação e a pureza do corpo e da mente; entretanto, ressalta-se que nem Jesus, nem os santos do Senhor tomaram vinho alcoólico, e quando o fizeram (como Noé ou Ló) caíram em vergonha e confusão. Por isto, pesa a advertência dos Provérbios: “O vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio” (Pv 20.1).

De modo geral, a exemplo dos metodistas, pentecostais brasileiros têm ensinado e recomendado a abstinência de bebidas alcoólicas.

Que dizem as estatísticas atuais

Fato hoje é que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o alcoolismo (o vício da bebida) desponta como a terceira causa de morte no mundo. E para todo alcoólatra, via de regra, houve o “primeiro gole” despretensioso. No Brasil, pesquisas de 2015 apontam que a cada 36 horas um jovem morre vítima do consumo abusivo de álcool.

Quem não tem um parente ou amigo que já não tenha sofrido um acidente de trânsito causado por embriaguez ao volante? Há dez anos, em 19 de junho de 2008, foi sancionada a Lei 1.705, a Lei Seca. Mesmo após a proibição de associar álcool e direção, para muitos brasileiros beber e dirigir ainda é uma prática comum. Em 2016, 7,3% da população adulta das capitais brasileiras declararam que bebem e dirigem.

No ano anterior, o índice foi de apenas 5,5%, segundo dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas.

Nem mesmo o rigor da Lei Seca ou as campanhas de educação no trânsito veiculadas na mídia têm sido suficientes para frear a combinação álcool e direção, que em inúmeros casos tem sido fatal! O homem é mesmo uma fera difícil de ser domada.

Se bem que na verdade, parece que não há muita gente disposta a combater a fonte do problema: a indústria cervejeira que lucra 70 bilhões de reais por ano em nosso país (isso mesmo, 70 bilhões, no país que está em terceiro lugar no ranking mundial dos produtores de cerveja)!

Enquanto a luta for para disciplinar apenas o consumidor, mas não o produtor, que patrocina os grandes eventos esportivos do país e banca, via publicidade, as grandes mídias nacionais, esta será uma luta inútil! Mas quem poderá calcular o preço das vidas que perecem por causa das bebidas alcoólicas?

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Casado, bacharel em teologia (Livre), evangelista da igreja Assembleia de Deus em Campina Grande-PB, administrador da página EBD Inteligente no Facebook e autor de quatro livros.

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