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opinião

O poder do anel

As pessoas começam com boas intenções, mas no percurso pervertem sua estrutura interior e mais preciosa, sua alma.

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Gollum. (Divulgação)

Tenho falado nesses últimos tempos sobre pessoas que mudam de lado. Começam com Deus e terminam com a concorrência. Essa é uma constatação óbvia, tantos pelos fatos do dia a dia, como também bem expressa no mundo cinematográfico.

Na série de George Lucas Star Wars, o prometido, uma espécie de “menino messias”, aquele sobre quem repousa a esperança de todos para vencer a guerra contra o império do mal, ao crescer, se torna um mestre jedi e muda de lado.

Por causa do trauma da morte da sua esposa no parto de seu filho, “O prometido”, se torna Darth Vader.

Ele era vocacionado para ser o herói libertador de seu povo, mas sucumbe à dor de um episódio não resolvido e se entrega ao lado negro da força. O guerreiro Jedi mudou de lado e se tornou um Sith.

Ora, o primeiro rei de Israel fora Saul, belo, alto, e aclamado publicamente por todo o povo por ter vencido uma batalha importante contra os inimigos de Israel. Ele foi mesmo cheio do Espírito Santo e profetizou, daí a dizer-se: “até Saul esteve entre os profetas”.

Mas o “escolhido” corrompeu a tecitura mais íntima de sua personalidade. Tornou-se ciumento, violento, maligno e dissimulado. Por fim, um rei apóstata e endemoniado.

Voltando à sétima arte, temos um hobbit chamado Gollum. Ele é um personagem fictício que figura nas obras do professor britânico J. R. R. Tolkien.

A princípio, é um hobbit normal até que tem contato com o poder do anel. É a metáfora de Frei Betto referindo-se a Luís Inácio da Silva (Lula) de ter sido picado pela Mosca Azul e comprometido sua essência.

O poder do anel faz as pessoas mudarem de lado. Elas começam com boas intenções, mas no percurso pervertem sua estrutura interior e mais preciosa, sua alma.

Sméagol, como ficou conhecido o hobbit, adquiriu uma dupla personalidade, perseguiu o poder do anel a todo custo, e no final foi destruído por ele. Se você assistiu ao filme “O Senhor dos Anéis”, deve lembrar-se do monstro dizendo “master, master”, “my precious”.

O exemplo mais original dessa distorção de propósito e caráter ecoa da eternidade. O texto é do profeta Ezequiel e nos adverte sobre Lúcifer, o querubim caído:

“Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti.” (Ezequiel 28:15).

Se aconteceu com anjos, acontece ainda hoje com homens.

Teólogo, professor universitário, compositor filiado a Abramus, jornalista e escritor de 12 livros.

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